Marcella Rica relembra pressão estética: 'Fiz todas as dietas possíveis'

A atriz, diretora e empresária Marcella Rica, 32, abre sua casa no sétimo episódio do "Maria vai com os Outros", programa de Universa apresentado pela atriz e colunista Maria Ribeiro, lançado nesta quinta-feira (7). Em uma conversa sobre carreira, família e identidade, Marcella fala o motivo que a levou às telas pela primeira vez, como foi a descoberta de doença da mãe na infância e a pressão estética ao longo da carreira.

Formada em cinema, a artista, que atualmente trabalha atrás das câmeras em sua própria produtora, conta que a maioria dos papéis oferecidos para ela na época em que atuava reproduziam estereótipos da "mulher loira, magra e gostosa" —situação que acabou lhe causando sofrimento.

"Isso é uma coisa na vida de atriz que me matava muito, essa coisa de ter que ser muito magra e loira, muito bonita e gostosa, e eu não sei o quê, essa coisa autocentrada me pira um pouco", relembrou.

Ela estreou nas novelas em 2009 como Luli em "Cama de Gato" e também integrou o elenco da temporada de 2011 da novela "Malhação", na qual foi co-protagonista e intérprete da personagem Babi. Também assumiu o papel de "Sandrão" em "Louco por Elas" (2013) e integrou o elenco de "A Lei do Amor", em 2016, na pele de Jéssica. Sua participação mais recente foi na série "Filhas de Eva", em 2021.

Eu fazia Malhação, novela e tal, então tinha esse estereótipo da loira e era bem doloroso para mim, porque não era fácil esse lugar físico da magreza, eu sofria muito com isso. Hoje em dia é mais tranquilo, depois que eu parei de ter essa preocupação, nunca mais tive uma questão com comida. Mas eu me via no vídeo e sofria, fiz todas as dietas possíveis, do abacaxi com peito de peru, da 'sopa do hospital do coração', todas as dietas que você puder imaginar, eu fazia na minha vida.
Marcella Rica

Carreira de atriz nasceu de paixão pelo futebol: 'Diziam que eu tava louca'

Marcella contou que, quando era criança, amava futebol e tinha o sonho de se tornar jogadora profissional, mas o contexto da época fez com que a flamenguista abandonasse a ideia: "Levava a sério o futebol, mas todo mundo falava 'você tá louca, não tem como'. O esporte era super machista naquela época, não tinha nem a Marta como referência, era basicamente impossível".

O interesse pelo esporte, porém, acabou levando a atriz para outro caminho: "Com 13 anos, um dia me disseram 'vai ter um curta da Isabel Diegues [cineasta e roteirista], e a gente precisa de uma menina que joga futebol". Marcella, que começou a ser atriz mirim aos 11 anos, aceitou a proposta.

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O próximo convite veio aos 14, quando a produção do Fantástico foi gravá-la durante uma aula na escola teatral "O Tablado", no Rio de Janeiro: acabaram chamando a adolescente para participar do quadro teen "Aí, se liga" (2005).

Anos depois, ela decidiu trocar o palco pelos bastidores: fundou uma produtora, onde atualmente produz e dirige produtos audiovisuais. A transição de carreira, diz, foi natural, porque a atriz já tinha interesse pela área. "Desde o Tablado e grupos de improviso, sempre gostei de ter a visão central do que estava sendo feito, nunca fui muito de ficar em mim", disse ela.

'Achei que só tinha mais 10 anos de vida com minha mãe'

A conversa com Maria Ribeiro também tocou em assuntos como saúde mental e espiritualidade. Quando Maria Ribeiro compartilha como a participação em um grupo católico de oração ajudou a atriz a lidar com a depressão quando ela tinha 16 anos, Marcella diz que a fé também tem um lugar especial em sua trajetória.

Ela revela que, quando era criança, sua mãe foi diagnosticada com hepatite C —na época, a expectativa de vida para pacientes com a doença era de cerca de uma década. "Sou essa pessoa que está sempre atrasada, porque achei que ia perder minha mãe muito cedo, que só tinha mais 10 anos de vida com ela", relembra.

A atriz diz que achou importante a mãe ter compartilhado a situação com ela na época, mas que, pelo fato de a criança ter apenas sete anos, foram necessários "anos de terapia" para processar as emoções que sentiu. A doença da mãe foi o que aproximou as duas da fé.

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"Passei uma vida nessa angústia. Minha mãe nunca ficou mal, mas precisou mudar de vida radicalmente, não bebia uma taça de vinho e tinha uma fé inabalável de que precisava me criar e acreditar numa possível cura ou pelo menos de se manter viva com isso, e eu acho que a fé entrou aí na nossa vida", conta a atriz, que cresceu na igreja evangélica, onde também participava de encenações religiosas, cantava e tocava violão.

"Na época, eu não tinha nenhuma visão política da igreja, era só a minha conexão com Deus e com aquelas pessoas", lembra Marcella.

A atriz diz que, com o tratamento da doença, sua mãe ficou curada. Hoje, filha e mãe trabalham juntas na produtora de Marcella, onde sua mãe é gestora financeira.

"O maior presente que Deus me deu na vida é o tempo com a minha mãe. Cortar o cordão e impor limites foi um processo terapêutico de anos, mas é uma escolha de vida estar com ela e não querer estar longe, porque é um presente tão lindo que eu faço questão de não desperdiçar".

O programa "Maria vai com os Outros" vai ao ar às quintas, às 15h no Canal UOL e às 17h no YouTube de Universa.

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