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'Homem jogou camisinha usada na minha bolsa, me senti violentada'; vídeo

Vinícius Rangel

Colaboração para Universa, em Curitiba

14/12/2023 12h53

As câmeras de segurança de uma padaria em Vila Velha (ES) flagraram o momento em que um homem coloca um preservativo usado dentro da bolsa de uma jovem de 23 anos. O caso aconteceu na terça-feira (12). A vítima estava a caminho do trabalho quando percebeu que nos pertences tinha um preservativo com sêmen. A jovem conversou com Universa, mas pediu para não ser identificada.

"Sofri uma violência"

É algo extremamente violento. Ele é uma pessoa doente que precisa ser tratada e não pode viver em sociedade. O que ele fez foi repugnante, nojento. Foi maldoso. Eu me senti completamente vulnerável, violentada. Me senti agredida, não fisicamente, mas psicologicamente. Eu senti que sofri uma violência. Foi horrível tudo isso pra mim,

"Eu acordei e fui pegar o meu ônibus como de costume, 6h30 da manhã. Quando cheguei no ponto de ônibus só tinha esse homem. Fui pegar o ônibus e percebi que ele se aproximou, mas achei que era porque ia subir no coletivo. Eu entrei e ele não entrou. A única vez que o vi, foi no dia anterior, no mesmo lugar. Fui checar a minha bolsa que era de pano para ver se estava tudo lá dentro e achei algo que não era meu. Eu tinha colocado lá dentro."

Constrangimento

"Quando vi o que realmente era, eu fiquei sem saber o que fazer. Depois, peguei um papel, tirei o preservativo que estava cheio e segurei com cuidado para não vazar na bolsa. Enrolei em outros papéis da faculdade e fui segurando para não cair."

Eu estava sem reação pelo que tinha acontecido. Pensei: 'se eu tirar isso da minha bolsa agora e jogar no lixo, todo mundo vai ficar olhando pra mim'. Isso já é constrangedor suficientemente e eu não queria falar com ninguém sobre aquilo que tinha acontecido. Depois de um tempo que desci do ônibus, descartei na rua, tirei uma foto para fazer o boletim e postei no meu Instagram. Eu estava muito abalada.

Ação criminosa teria sido premeditada

Nas imagens, é possível ver o momento em que o suspeito, vestido com uma roupa preta, que seria de uma empresa de segurança particular, tira a camisinha do bolso, tenta disfarçar e chega a olhar para uma das câmeras. Em segundos, ele já alcança a jovem e coloca o preservativo sutilmente dentro da bolsa dela e se afasta.

Com que direito ele tem de fazer isso? Por que alguém faria isso? Por que alguém colocaria isso na bolsa de uma pessoa? Foi premeditado. Ele estava com isso no bolso, ele tirou e disfarçou. Ele pegou o mesmo ônibus que eu no dia anterior. Ele já tinha me visto ali. Tenho certeza que é uma pessoa que tinha capacidade de fazer algo muito pior. Eu acho que tive sorte de estar em um lugar que tinha câmera e por ter visto logo algo na minha bolsa

Polícia Civil investiga o caso

A jovem, depois de toda situação, registrou um boletim de ocorrência on-line e anexou fotos e vídeos do suspeito. Por meio de uma nota, a Polícia Civil capixaba informou que o caso será investigado, inicialmente, pelo 8º DP (Distrito Policial) de Vila Velha.

"A população tem o canal do Disque-Denúncia (181) à disposição para reportar qualquer tipo de irregularidade, ilegalidade ou repassar informações que auxiliem as autoridades na elucidação de delitos ou infrações. A ligação é gratuita e está disponível em todos os municípios do Estado", disse o órgão a Universa.

Importunação sexual

A advogada criminalista Renata Bravo, especialista em direito das mulheres, acredita que ao ser identificado, o autor do crime possa ser responsabilizado por importunação sexual. A pena pode chegar até cinco anos de prisão. Ainda há uma possibilidade de ele estar perseguindo a vítima, o que pode ser caracterizado como crime de stalking, com pena de 2 anos.

A investigação precisa acontecer de forma bem detalhada para saber se ele estava perseguindo essa mulher há um tempo, se ele praticou o ato libidinoso ali naquele local direcionado a ela e, após, colocou o preservativo na bolsa dela. Além da punição criminal, é possível que essa mulher busque uma reparação cível por todo o dano que ela sofreu e está sofrendo. O constrangimento, o desgosto e o medo que ela sentiu precisam de reparação. Ela precisa de acolhimento, mas ele precisa ser punido pela conduta inaceitável que praticou, explicou Renata Bravo a Universa.

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Violência contra a mulher