Conteúdo publicado há 11 meses

Mulher leva soco de homem em banheiro após ser confundida com trans em PE

Uma mulher de 34 anos relatou ter sido agredida com um soco e teve os óculos quebrados após ser confundida com uma mulher transexual no banheiro de um restaurante no bairro do Parnamirim, na zona norte do Recife.

O que aconteceu

Esposa do agressor teria avisado ao marido sobre a presença da mulher no banheiro. Após ser informado, o homem levantou da mesa onde estava com a esposa e com um primo e ficou na porta do banheiro esperando a vítima sair do local. O caso ocorreu no restaurante Guaiamum Gigante na noite de ontem (23).

Cliente questionou se vítima era 'homem ou mulher'. A vítima, que vamos identificar como L*, então, questionou o porquê da pergunta e o homem respondeu que ela estava no "banheiro errado", dando um soco no rosto da vítima na sequência, informou o publicitário e amigo, Hilário Júnior, ao UOL. O soco deixou o rosto de L* machucado e a força da agressão chegou a quebrar os óculos dela. A vítima não conhecia o agressor.

Vídeos registraram confusão no bar após a agressão. Os registros divulgados nas redes sociais mostram o suspeito de agredir a vítima sendo contido por clientes e pessoas que seriam funcionários do restaurante. As imagens ocorreram depois que L* levou o soco, correu e começou a gritar no meio do estabelecimento que havia sido agredida, sendo ainda seguida pelo suposto agressor.

'Começaram a apaziguar a situação após descobrirem que ela não era uma mulher trans', diz amigo. Hilário contou que a situação só começou a ser contornada depois que descobriram que a amiga, única negra e de turbante no local, é uma mulher cisgênero (pessoa que se reconhece no gênero em que nasceu). "Não queriam que o movimento fosse prejudicado na antevéspera do Natal. Tinha muita gente dentro do bar", disse.

Suposto agressor foi retirado do estabelecimento por seguranças e fugiu do local. Depois que foram retirados do restaurante, o homem e a esposa dele não aguardaram a chegada da Polícia Militar. As autoridades teriam demorado para chegar ao local e o restaurante não forneceu ajuda à vítima neste período, acrescentou Hilário.

Vítima chorou e está abalada com o caso. A reportagem tentou contatar L*, mas a mulher não irá se manifestar por estar fragilizada com o episódio. Hilário relatou que a amiga deseja que a identidade do homem seja descoberta para a penalização dele.

Amigo da vítima diz que caso alerta para violência de gênero. Em 2022, o Brasil foi país que mais matou pessoas trans, com 131 mortes em um ano, segundo o "Dossiê Assassinatos e violências contra travestis e transexuais brasileiras", da Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais).

Caso foi registrado como lesão corporal. A Polícia Civil informou ao UOL que as "investigações do caso foram iniciadas e seguem até o total esclarecimento do ocorrido".

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Mulher de 34 anos foi agredida em um restaurante de Recife
Mulher de 34 anos foi agredida em um restaurante de Recife Imagem: Arquivo Pessoal/Cedido ao UOL

*A pedido da vítima, a reportagem se refere a ela como L ao longo do texto.

Restaurante nega que ajudou suposto agressor

O restaurante Guaiamum Gigante, conhecido na região, negou que houve proteção do suposto agressor. Em nota divulgada no Instagram, o estabelecimento alega que "cuidou em promover a imediata retirada do agressor do ambiente, de modo a resguardar a integridade física e psicológica da pessoa agredida e demais clientes".

O estabelecimento também apontou que adotou medidas 'imediatamente' para resolver a situação. As ações incluíram o acionamento da polícia e suporte à vítima. Essa versão de apoio é negado pelo amigo da vítima ouvido pelo UOL.

Esta casa não tolera qualquer ato de violência ou discriminação contra seus clientes e se solidariza com a parte agredida.
Restaurante Guaiamum Gigante, em nota

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Preconceito contra LGBTQIA+ é crime

Em junho de 2019, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu pela criminalização da homofobia e da transfobia, determinando que a conduta passe a ser punida pela Lei de Racismo (7716/89).

Constitui crime praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito em razão da orientação sexual de qualquer pessoa.

A pena pode variar de um a três anos, mais multa, podendo chegar a cinco anos se houver divulgação do ato homofóbico em meios de comunicação, como nas redes sociais.

Para denunciar casos de homofobia de qualquer lugar do Brasil, ligue para o Disque Direitos Humanos - Disque 100.

Em caso de violência, denuncie

Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie.

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Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.

Também é possível realizar denúncias pelo número 180 — Central de Atendimento à Mulher — e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.

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