De Rosa Weber a Ana Hickmann: 10 mulheres que se destacaram em 2023

O ano de 2023 foi marcado por diversos destaques femininos, mas também, como sempre, por muita luta.

Não foi dessa vez, por exemplo, que tivemos a indicação de mais uma mulher ao STF, deixando Cármen Lúcia sozinha na representação feminina no Supremo. Por outro lado, diversos nomes lutaram por nossos direitos e mostraram que as mulheres merecem estar em todos os lugares.

Universa fez uma lista dos nomes que merecem destaque no ano de 2023. Tem cantora, estilista, atriz, política. A gente explica um pouco dessas escolhas a seguir.

Alice Carvalho

A atriz Alice Carvalho
A atriz Alice Carvalho Imagem: Jorge Bispo

O ano da atriz foi marcado por sua personagem Dinorah, na série "Cangaço Novo", do Prime Vídeo. E apesar do sucesso, ela disse em entrevista exclusiva para Universa que ela se sentia insegura em relação ao seu trabalho.

"Só acreditei que fiz um bom trabalho depois que a série foi lançada. Sempre que enfrentava dificuldades ou me questionava sobre a minha capacidade enquanto atriz, tentava não me esquecer de quem sou", diz.

Para ela, o sucesso da série se deve à maneira como ela retrata o regionalismo nordestino. "É uma história sobre reconexão com as raízes e com a ancestralidade. Também é uma história de luta social e por terra. E isso se observa em várias sociedades. No Brasil, isso ficou muito mais latente, porque existe um sentimento de retomada, que precisamos retomar o nosso lugar no mundo e não arredar dos nossos direitos", disse.

Ainda em entrevista exclusiva à Universa, a atriz contou também como ser sobrevivente de um abuso na infância é parte de sua atuação na tela. "É um processo de cura constante. Dinorah me trouxe uma outra forma de olhar para isso e me permitir sentir raiva, me permitir colocar a raiva para fora, para além da tristeza e do silêncio, que acho que foi um caminho para onde fui quando mais nova", revelou.

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Ana Hickmann

Ana Hickmann denunciou marido por violência doméstica
Ana Hickmann denunciou marido por violência doméstica Imagem: Reprodução / Instagram

A denúncia de Ana Hickmann contra o marido Alexandre Correa evidenciou, mais uma vez, que os crimes de violência doméstica desconhecem barreiras de classe social, raça ou grau de escolaridade.

Ocorrido em novembro, o caso mostrou a importância de recorrer à Lei Maria da Penha nessas situações. A legislação dispõe de medidas protetivas para quem denuncia, e pedidos de divórcio baseados nela têm prioridade no Judiciário.

No caso dela, porém, o trâmite da separação vai ocorrer na Vara da Família, após a Justiça negar o pedido com base na lei contra violência doméstica. Segundo advogadas, ela pode reverter a situação.

Eliza Capai

Incompatível com a Vida
Incompatível com a Vida Imagem: Reprodução

A cineasta lançou em 2023 o curta-metragem "Incompatível com a Vida", produzido por ela. Em 11 minutos, ela retrata sua própria experiência: a necessidade de fazer um aborto ao saber que seu filho não sobreviveria fora do útero. Mas como no Brasil o procedimento é proibido, teve de viajar a Portugal, onde o aborto não é crime, para fazê-lo.

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Não à toa, ela defende a descriminalização do aborto. Ela acredita que o crime não diminui a quantidade de procedimentos que as mulheres passam no país. "Queremos viver em um país cujas leis torturam suas cidadãs? Ou queremos nos juntar aos nossos vizinhos, como México, Colômbia e Argentina, que enfrentaram a realidade ao descriminalizar o aborto?", questionou ela, um artigo de opinião no jornal The New York Times.

Seu documentário se tornou assunto internacional e a produção foi indicada ao Prêmio Platino de Cinema Ibero-Americano 2024, nas categorias "Melhor Documentário" e "Melhor Direção".

Liniker

Liniker ocupa a cadeira 51 da Academia Brasileira de Cultura desde novembro
Liniker ocupa a cadeira 51 da Academia Brasileira de Cultura desde novembro Imagem: Vinicius Marques/Divulgação

Liniker se tornou a primeira imortal travesti da Academia Brasileira de Cultura. A cantora e compositora, que também é atriz e artista visual, ocupa a cadeira 51, vaga desde a morte de Elza Soares [1930-2022].

Estar em pé no Brasil, sendo uma travesti preta, é muito difícil. Liniker no seu discurso de posse, que ocorreu em novembro

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"Ser a primeira vez que uma travesti é empossada na Academia Brasileira de Cultura é muito importante e é fundamental para a cultura do nosso país", completou a artista.

Em agosto, "Manhãs de Setembro", série protagonizada por Liniker, venceu a categoria ficção no Grande Prêmio de Cinema Brasileiro, a mais importante premiação do audiovisual no país. O papel também lhe rendeu indicação de melhor atriz no Prêmio Platino de Cinema Ibero-Americano.

Patricia Bonaldi

Beyoncé usa PatBo
Beyoncé usa PatBo Imagem: Divulgação

A estilista brasileira assina um dos looks que Beyoncé usou na turnê Renaissance: o body prateado de franjas que a cantora veste quando canta "Crazy in Love".

"Meu coração parou. Hoje me faltam palavras para descrever a emoção e alegria por ter Beyoncé de PatBO! Uma peça feita sob medida e exclusiva para a turnê Renaissance", escreveu Patricia em uma publicação no Instagram.

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O ano de 2023 foi marcado por outras conquistas da estilista. Ela foi a única marca brasileira no calendário oficial da semana de moda de Nova York. A coleção chamada "Tropicália" teve inspiração na década de 1970. Esse foi o sexto desfile internacional da marca.

Preta Gil

Preta Gil apresentou prêmio WME
Preta Gil apresentou prêmio WME Imagem: Andy Santana/ Brazil News

A cantora teve um ano sofrido, nas palavras dela, mas de muitas vitórias. Diagnosticada com câncer colorretal nos primeiros dias de janeiro, foi submetida a cirurgia, quimioterapia, radioterapia e precisou usar bolsa de ileostomia.

Durante o tratamento, descobriu uma traição do agora ex-marido e decidiu pelo divórcio quando estava internada na UTI. Decidida a aproveitar a vida, se reergueu. A cantora foi aplaudida de pé no último dia 14, ao apresentar o WME Awards, onde recebeu homenagem de Daniela Mercury.

Rebeca Andrade

Rebeca Andrade com a medalha de ouro no Pan 2023
Rebeca Andrade com a medalha de ouro no Pan 2023 Imagem: Ricardo Bufolin/CBG
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O ano foi de conquistas e destaque para a ginasta Rebeca Andrade, o que a torna uma promessa para os Jogos Olímpicos de 2024. Ela saiu de seu primeiro Pan, em Santiago, com quatro medalhas: duas de ouro e duas de prata.

Já no Campeonato Mundial de Ginástica Artística, na Bélgica, subiu ao pódio cinco vezes: um ouro, três pratas e um bronze. Aos 24 anos, realizou um feito inédito: ser eleita atleta do ano três vezes consecutivas.

O recorde foi no último dia 15, quando recebeu o Troféu Rei Pelé no Prêmio Brasil Olímpico. Na ocasião, também foi premiada como melhor atleta de ginástica artística.

Rosa Weber

Rosa Weber em sua última sessão como presidente do STF, em setembro deste ano
Rosa Weber em sua última sessão como presidente do STF, em setembro deste ano Imagem: ANDRE VIOLATTI/ATO PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

Rosa Weber se aposentou em setembro do STF (Supremo Tribunal Federal), prestes a completar 75 anos, idade limite da Corte.

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A magistrada era presidente do STF desde setembro de 2022 e, neste ano, foi essencial na reação aos ataques de 8 de janeiro em Brasília, incluindo a condenação de envolvidos.

A magistrada também colocou em pauta o marco temporal para a demarcação de terras indígenas, proposta ruralista que acabou vetada —uma vitória para os povos originários.

Weber organizou ainda o adiantamento de seus votos em temas sensíveis. Assim, Flávio Dino, que assumirá a sua cadeira em fevereiro, não poderá alterar as decisões. É o caso, por exemplo, das descriminalizações do porte de maconha para uso pessoal e do aborto até o terceiro mês de gestação, da qual fez defesa enfática.

Fomos silenciadas. Não tivemos como participar ativamente da deliberação sobre questão que nos é particular, que diz respeito ao fato comum da vida reprodutiva da mulher. Rosa Weber, em voto favorável à descriminalização do aborto

Txai Suruí

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Imagem: Divulgação
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Há algum tempo, Txai Suruí vem se destacando. Em 2021, durante a COP 26, ela alcançou um marco ao se tornar a primeira indígena a discursar na abertura de uma conferência sobre o clima.

Em 2023, sua luta pelo reconhecimento das populações indígenas e em prol do meio ambiente persistiu. Sua atuação destacou-se, principalmente, no combate ao projeto do Marco Temporal.

Ao lado da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, Txai venceu a segunda edição do Prêmio Megafone, uma honraria que reconhece o trabalho incansável de ativistas climáticos. Além disso, ela figurou como destaque na revista americana Time, que a incluiu em uma lista mencionando líderes em ascensão.

Esses reconhecimentos demonstram não apenas sua influência no cenário ambiental, mas também sua importância como voz fundamental na luta por questões cruciais que afetam as comunidades indígenas.

Conceição Evaristo

 A escritota Conceicao Evaristo inaugura biblioteca com seu acervo
A escritota Conceicao Evaristo inaugura biblioteca com seu acervo Imagem: Uso exclusivo de Ecoa
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Conceição Evaristo, criadora do conceito de "escrevivência", um modelo de escrita inspirado na realidade das pessoas, consolidou-se como uma das principais figuras da literatura em 2023.

Neste ano, ela alcançou um feito notável ao se tornar a primeira mulher negra a receber o Prêmio Juca Pato. Este prêmio, estabelecido pela União Brasileira de Escritores em 1962 e que já homenageou Carlos Drummond de Andrade e Lygia Fagundes Telles, reconheceu a contribuição de Evaristo para a literatura contemporânea.

Sua presença marcante na Flip não se limitou à conquista do prêmio; Evaristo também anunciou o aguardado lançamento de seu mais recente livro, intitulado "Macabéa, Flor de Mulungu".

Além disso, surpreendeu a todos ao revelar uma colaboração em andamento com o rapper Emicida.

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