Fibe: Falta repúdio claro de jogadores à violência contra mulheres
Colaboração para Universa, em São Paulo
09/01/2024 13h32
Os jogadores de futebol precisam repudiar de forma veemente os casos de violência contra a mulher em vez de estabelecer uma rede de parceria e conivência, disse a colunista de Universa Cris Fibe, durante o UOL News da manhã desta terça-feira (9).
Preso em Barcelona e sem acesso aos seus bens, Daniel Alves recorreu à ajuda financeira e jurídica de Neymar e família.
Essa ajuda do Neymar é conivência entre os homens quando os casos são de violência contra a mulher. O Neymar está ajudando um amigo pessoal e colega de futebol, mas, no caso, é acusação de estupro. É muito grave [...] A gente tem que acompanhar e observar o que isso diz, quais são os recados. Por que Neymar está ajudando? Por amizade? Por solidariedade? Por que não considera o crime grave? Por que considera o amigo injustiçado?
O principal disso tudo é a gente olhar para esses jogadores de futebol que são violentos contra as mulheres e são idolatrados por meninos. A gente tem que falar sobre essa idolatria e sobre como eles acham que podem tratar as mulheres e olhar esses crimes.
Em vez de a gente ver uma rede de repúdio ao crime contra a mulher e solidariedade às mulheres que sofreram violência, a gente vê uma rede de parceria, conivência e vista grossa. Sinto falta dos jogadores se posicionando veementemente contra a violência contra a mulher.
O que aconteceu
Neymar da Silva Santos, o pai de Neymar, transferiu dinheiro para auxiliar na defesa de Daniel Alves. A informação foi obtida pelo UOL, a partir de três fontes próximas ao jogador preso.
O dinheiro pagou uma multa à Justiça espanhola. Chamado de "atenuante de reparação de dano causado", o valor —de 150 mil euros (R$ 800 mil)— pode reduzir a pena de Daniel, em caso de condenação.
Representante jurídico das empresas de Neymar pai se tornou procurador de Daniel. No dia 28 de junho de 2023, a ex-mulher, Dinorah Santana, foi destituída da gestão do patrimônio do lateral, e Gustavo Xisto assumiu a posição. O ato foi chancelado pelo Ministério das Relações Exteriores do governo brasileiro.
O UOL entrou em contato com o estafe de Neymar, que afirmou não ter nada a declarar sobre o assunto.
Caso Julieta: Solução não é mulher parar de viajar, mas homens pararem de nos violentar
Fibe afirmou que para prevenir casos de assassinato como o da artista venezuelana Julieta Inés Hernandéz Martínez, não é necessário que mulheres parem de viajar, mas que homens aprendam a respeitá-las.
Tem muitos simbolismos nesse caso Julieta. É importante a gente falar feminicídio, muita gente ainda desdenha desse termo, se chama feminicídio porque se não fosse o fato de ela ser mulher, ela não teria sido morta [...] É um caso muito, muito violento. É um caso que corta a vida de uma mulher que viajava para levar arte, ela era uma palhaça. A personagem principal com o qual ela viajava queria levar riso e alegria.
A gente está vulnerável quando a gente viaja, a solução para isso não é a gente parar de viajar, é os homens pararem de nos violentar.
A culpa não é da Julieta, da palhaça que viajava levando alegria, a culpa é do casal, da estrutura misógina também.
O que aconteceu
Julieta desapareceu em dezembro. A bicicleta da artista foi encontrada pela polícia. O crime teria ocorrido em uma pousada em Presidente Figueiredo (AM).
Antes de ser assassinada, Julieta foi estuprada e teve o corpo queimado, segundo a polícia. Um casal confessou o crime e está preso.
Suspeitos vão responder por três crimes. Thiago Agles da Silva e Deliomara dos Anjos Santos foram indiciados por latrocínio, que é o roubo seguido de morte, por estupro e ocultação de cadáver.
Estupro ocorreu após furto de celular. Segundo a polícia, Thiago furtou o celular de Julieta, que estava deitada em uma rede na varanda da residência e ela reagiu. "Houve luta corporal, ele enforcou a vítima e a arrastou para dentro da casa. Ali, ele começou a violentar a vítima", afirmou o delegado Valdinei Silva, responsável pelo caso.
Deliomara teria reagido ao ver estupro. O delegado afirmou que, inicialmente, Deliomara, assistiu ao crime na parte externa da casa, mas ao ver o marido violentar sexualmente a vítima, ficou com ciúmes. "Deliomara jogou álcool em cima dos dois e, em seguida, ateou fogo neles. Thiago, por sua vez, conseguiu apagar a chama e teria de novo enforcado a vítima, que desmaiou. Ele [Thiago], então, saiu da residência e foi para o hospital local para cuidar das queimaduras", explicou.
O corpo foi encontrado enterrado em uma área de mata de Presidente Figueiredo na sexta-feira (5). No sábado (6), os suspeitos foram presos. Eles confessaram o crime, segundo a polícia.
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