BBB: Vanessa diz que trair é vício; compulsão existe ou é desculpa furada?
Em conversa sobre traição no BBB 24 (Globo), Vanessa Lopes disse que não julga homens que traem. A influenciadora digital justificou a declaração afirmando que acredita que muitos são viciados em trair.
POLÊMICA: Vanessa sobre homens que traem: "Você sabia que eu não consigo julgar eles também? Tem uns que é válvula de escape, é vício, é doença!"
-- Parciais da Mãe Dinah (@maedinahparcial) January 9, 2024
Yasmin: "Agora você tá dando desculpa, passando a mão na cabeça de macho escroto?"
Qual sua opinião nessa história ?? #BBB24 pic.twitter.com/YdTqoxfKwo
Afinal, compulsão por trair existe?
Acordos entre casais. Embora o senso comum siga um conceito básico do que é traição —se relacionar com outra pessoa mesmo sendo comprometido com alguém—, a infidelidade depende muito do que é acordado entre um casal.
Algumas pessoas, independentemente do status de compromisso ou do acordo feito com o par, não conseguem ser fiéis. Vivem uma espécie de infidelidade crônica que as leva a colecionar casos um atrás do outro, sem jamais se apegarem.
Há diversas explicações por trás desse comportamento, e uma delas é a busca por autoafirmação. Essas pessoas procuram no outro o reconhecimento de que são desejáveis. À medida que conseguem isso, pulam para o próximo parceiro. Elas carregam em si uma necessidade constante de sentirem que têm o poder da sedução. São pessoas de personalidade narcísica, egocêntrica e de sexualidade aflorada.
A forma como nos vemos também pode interferir diretamente nessa conduta. Quem tem baixa autoestima pode trair de maneira crônica, também com o objetivo de autoafirmação. Inclusive, com a chegada da internet e o crescimento das redes sociais, esse comportamento se acentuou.
Portanto, em alguns casos, a infidelidade crônica pode ser encarada como uma compulsão. Neles, a razão para viver é a obsessão pelo sexo, pela infidelidade e uma busca pelo prazer sem limites. Nessas circunstâncias, a pessoa pode não ter clareza de que é doente e, assim, vive normalmente com uma "desculpa" para não entrar em contato com seu comportamento, se cuidar e tratar.
A compulsão ou vício em sexo também pode ser um TOC (transtorno obsessivo-compulsivo), que requer ajuda profissional e tratamento com um psicoterapeuta para se conhecer melhor e identificar os mecanismos inconscientes que levam à mania de trair. Nos casos mais extremos, medicamentos são prescritos para amenizar a ansiedade.
Ausência de culpa. Mesmo sabendo que trair não é correto, pelo menos sob o ponto de vista moral, e que essa atitude machuca o outro, quem comete uma infidelidade atrás da outra nem sempre costuma sentir culpa, principalmente as que apresentam um comportamento sedutor compulsivo.
No caso da traição masculina, há ainda um "amparo" pela cultura machista, que afirma, de forma equivocada, que isso faz parte da "natureza" do homem. Para quebrar esse padrão, é necessário reconhecer que o comportamento prejudica o outro e, consequentemente, a relação —mas só dará certo se houver reconhecimento da necessidade de mudança.
Fontes: Ana Maria Fonseca Zampieri, mestre em Psicologia Clínica pela PUC-SP e autora do livro "Erotismo, Sexualidade, Casamento e Infidelidade" (ed. Ágora); Joselene L. Alvim, psicóloga clínica e especialista em neuropsicologia pelo setor de Neurologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; Ivete Soares, psicóloga e sexóloga; Sandra Samaritano, psicóloga e terapeuta de casais.
*Com reportagem publicada em 04/08/2019
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