Gosta de dar uma espiadinha? O que é voyeurismo e quando se torna problema
Heloísa Noronha
Colaboração para Universa
14/01/2024 04h00
Voyeurismo é uma prática fetichista que consiste em observar outras pessoas nuas, se vestindo, se despindo ou fazendo sexo. Na maior parte das vezes, a masturbação faz parte da atividade —o voyeur atinge o orgasmo durante suas sessões de "espionagem".
Quem faz mais
Há mais homens do que mulheres voyeurs por questões culturais, segundo especialistas consultados por Universa. O homem é socialmente mais estimulado à prática, enquanto as mulheres, historicamente, sempre foram sexualmente reprimidas.
O voyeurismo é uma forma de realizar os próprios desejos por meio dos outros. Em geral, o voyeur é alguém inibido, que não tem coragem ou apresenta dificuldades de realizar suas próprias fantasias. Assim, busca satisfazê-las projetando-se nas outras pessoas.
Quando atrapalha?
O simples fato de algumas pessoas sentirem prazer ao olhar não deve ser considerado um problema sexual, desde que isso não se caracterize como a única forma de excitação e de atingir o prazer. A grande questão é que, como o voyeur realiza tudo o que deseja na fantasia, muitas vezes, o sexo já não o satisfaz e deixa de ser praticado.
Está desconfiado do seu comportamento? Observe se a prática começa a se tornar doentia, interferindo em outras esferas da vida: sociais, profissionais, familiares. Se causa sofrimento e culpa e, mesmo que se sinta mal, você não consegue deixar o hábito, procure ajuda profissional. Também é importante que a pessoa observada não se sinta invadida em sua privacidade, ou seja, que a prática seja consensual.
Raramente um voyeur busca ajuda. Quando isso acontece, o mais comum é o par ter flagrado a pessoa no ato ou encontrado instrumentos como lunetas e binóculos. A descoberta nunca é algo fácil de digerir, pois tem um impacto profundo na relação entre o casal.
Dilemas na relação
Ao se dar conta de que o par é voyeur, é normal que a pessoa se sinta traída. E é difícil entender que, nos casos mais extremos, o voyeurismo continuará ao longo da vida da pessoa, que não consegue abandonar sua fonte de prazer.
A vontade só deve diminuir com o tempo, conforme a libido naturalmente se atenua. Por isso, o casal precisa conversar muito e, talvez, levar a discussão a um terapeuta.
É crime?
O voyeur pode ser considerado um criminoso, caso o objeto de observação se sinta invadido em sua privacidade e dê queixa à polícia. Alguns só admitem o que fazem quando são pegos em flagrante pelo alvo.
Fontes: Cláudia Bonfim, doutora em Educação na área de História, Filosofia e Educação pela Unicamp; lexandre Saadeh, médico supervisor do Instituto de Psiquiatria do HC-USP; Iracema Teixeira, psicóloga e consultora em projetos de sexualidade humana dirigidos às áreas clínica e educacional; e Maurício Amaral de Almeida, psicólogo.