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Todo mundo pode ter orgasmos múltiplos? Mitos e verdades sobre o prazer

Nem todas as mulheres podem ter orgasmos múltiplos Imagem: Dainis Graveris/Unsplash

De Universa*

16/01/2024 04h00

Todos concordam que o orgasmo é o ápice do prazer em uma relação sexual. O consenso em relação ao tema para por aqui. O assunto, ainda hoje, suscita muitas confusões. A Universa, especialistas esclarecem o que faz sentido e o que não passa de bobagem quando se trata do tema.

1. Qualquer pessoa pode ter orgasmo

Verdade. Para chegar ao clímax sexual, homens e mulheres precisam, basicamente, ter seus níveis de hormônios equilibrados, além de estar bem resolvidos emocionalmente. O orgasmo é da natureza humana e é um facilitador da fecundação. Sem orgasmo, seria mais difícil a preservação da espécie. O que dispara um orgasmo, tanto feminino quanto masculino, é a excitação máxima. Na mulher, atingir esse clímax pode levar mais tempo. Em compensação, a sensação delas tende a se prolongar mais do que a do homem.

2. Qualquer pessoa pode ter orgasmos múltiplos

Mito. As mulheres que conseguem gozar mais de uma vez, na sequência, podem aproveitar essa sensação. Mas não são todas. Os orgasmos múltiplos são um tipo de resposta sexual característica de algumas pessoas, ou seja, é uma particularidade delas, assim como a cor do cabelo ou a estatura. Umas têm, outras não. O que todas as mulheres têm é a capacidade de, após um orgasmo, manter a excitação e conseguir outro, sem ter de parar. Já os homens, após um orgasmo, entram no que se chama de período refratário. Eles precisam de um tempo para ter uma nova ereção.

3. Mulheres também podem ejacular durante um orgasmo

Há controvérsias se pode ser chamado de ejaculação. Mas pesquisas científicas já apontaram que algumas mulheres chegam a experimentar essa sensação.

Um estudo de 2011, publicado no Jornal de Medicina Sexual, da Sociedade Internacional para Medicina Sexual, coletou os fluidos de uma voluntária que liberou duas diferentes substâncias. O que eles consideram como ejaculação feminina é um fluido escasso, espesso e esbranquiçado, que presume-se vir da chamada "próstata feminina", a glândula de Skene.

Já o outro líquido liberado por muitas mulheres durante o sexo se assemelha à urina diluída e é proveniente da bexiga.

Em um estudo publicado em 2009 pela Universidade de Wisconsin-Madison, nos Estados Unidos, 13 mulheres que declararam ejacular com frequência falaram sobre a quantidade de líquido expelido: três delas disseram que a área molhada no lençol tinha o tamanho semelhante a um CD, enquanto as outras declararam liberar uma quantidade bem maior de fluido.

O squirting acontece em uma em cada 10 mulheres, já que nem toda mulher tem as glândulas de skene no corpo. É estimulado por uma série de fatores; não basta apenas ter nascido com as glândulas. A mulher precisa estar muito excitada e ser estimulada de forma específica para ejacular.

4. É possível chegar ao orgasmo sem penetração

Verdade. Tanto homens quanto mulheres podem atingir o orgasmo de outras maneiras, por meio da masturbação ou do sexo oral, por exemplo. Para as mulheres, inclusive, pode ser mais fácil chegar lá com o estímulo do clitóris, a região mais sensível do corpo feminino. Alguns homens também podem sentir facilidade para gozar na masturbação e não na penetração, quando há uma pressão emocional. Diante do par, pode surgir uma ansiedade gerada por inibição ou insegurança, o que não ocorre na masturbação solitária. Sem contar que muitos treinam demais a masturbação, mas ainda são inexperientes na relação a dois.

5. Quanto mais preliminares, mais intenso o orgasmo

Mito. Vivenciar muitos ou poucos minutos de preliminares vai depender da vontade do casal. A intensidade do orgasmo é ditada pela excitação e entrega plena ao ato. O tempo de duração das preliminares não garante isso. As preliminares excitam bastante e uma pessoa excitada está teoricamente mais preparada para mergulhar nos prazeres da relação. Mas também é necessário que a entrega, a confiança e o sentimento de intimidade estejam presentes.

6. Para ser orgasmo, tem de ser muito intenso

Mito. O que é intenso para uns, não é para outros. E essa análise é muito individual. A percepção da experiência sexual vai depender de vários fatores, pode haver dias em que o orgasmo é intenso e satisfatório e outros dias em que ele não é tanto.

7. O orgasmo ocorre mesmo quando não há envolvimento afetivo entre o casal

Verdade. Orgasmo tem a ver com tesão, que pode ou não estar associado ao amor. Algumas pessoas afirmam que, quando amam o parceiro, a relação sexual se torna mais completa. Mas sabemos que é possível experimentar orgasmos intensos quando não há compromisso ou quando a relação é uma aventura.

8. É obrigação do parceiro dar prazer ao outro

Mito. O par pode facilitar o clímax com a estimulação das zonas erógenas, mas é preciso que cada um conheça o próprio corpo e, além disso, que transite bem pelas próprias fantasias eróticas. Só assim cada um dos envolvidos conseguirá chegar ao orgasmo. Quem simplesmente deixa a responsabilidade pelo seu prazer na mão do outro se torna mais vulnerável à frustração.

9. Para a relação ser satisfatória, tem de ter orgasmo

Mito. Uma coisa é sentir prazer e outra é ter orgasmo. O prazer está nos beijos, no toque, no erotismo e na troca de carícias. Nesse contexto, o orgasmo será apenas mais um estímulo, que não pode ser visto como fator decisivo para medir a satisfação que uma transa proporciona. Antes do orgasmo, vivenciamos uma fase chamada de platô, que também é muito prazerosa. E cerca de dois terços das mulheres não passam dessa fase.

10. Orgasmo vaginal e clitoriano são iguais

Verdade. O orgasmo é um só, o que muda é a estimulação. A maioria das mulheres precisa friccionar o clitóris para gozar, mas há as que conseguem chegar lá apenas com a penetração. O fato é que, segundo os especialistas, a sensação de bem-estar, ao final do sexo, será a mesma. Boa parte das mulheres só consegue o orgasmo se estimular o clitóris, mesmo que esteja sendo penetrada.

Fontes: Augusto Mendes, psicólogo especializado em sexologia humana; Juliana Bonetti Simão, sexóloga especializada em psicoterapia com enfoque na sexualidade pelo Inpasex (Instituto Paulista de Sexualidade); e Sônia Eustáquia, sexóloga e neuropsicóloga.

*Com matéria publicada em 12/08/2014

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