Fisiculturista que baleou namorada é condenado por tentativa de feminicídio
Do UOL, em São Paulo
24/01/2024 12h25Atualizada em 24/01/2024 16h12
O fisiculturista Weldrin Lopes de Alcântara, de 45 anos, foi condenado por tentativa de homicídio qualificado, inclusive por feminicídio, da então namorada, a atleta Ellen Otoni, de 38.
O que aconteceu
Weldrin foi condenado a 5 anos, 8 meses e 13 dias de prisão, em regime semiaberto, em julgamento nesta terça-feira (23). O crime aconteceu em fevereiro de 2023.
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O júri acolheu a tese de "crime privilegiado", reconhecendo que o fisiculturista agiu motivado por violenta emoção, devido às ameaças da vítima. Com isso, foi retirada a qualificadora do motivo torpe e a pena foi atenuada.
"O conselho de sentença acatou parcialmente a acusação e decidiu que o réu cometeu contra a vítima, Ellen Cristina Otoni Campos, o crime de homicídio tentado, qualificado pelo feminicídio e pelo recurso que dificultou a defesa da vítima, com o privilégio da violenta emoção", explicou o juiz Thiago Grazziane Gandra.
O julgamento contou com a participação de nove testemunhas. Weldrin e Ellen também foram ouvidos.
O fisiculturista alegou legítima defesa e disse que atirou para "parar" e não "matar" a vítima. Segundo a versão dele, os tiros tinham o objetivo de forçar a saída da vítima do apartamento. Ele ainda alegou que o relacionamento com Ellen era "superficial e casual".
Já Ellen relatou que conhecia o acusado desde 2017 e que o relacionamento foi marcado por brigas e desaparecimentos temporários dele, que sempre voltava a procurá-la. Ela afirmou que no dia do crime os dois brigaram por WhatsApp e ela foi até a casa dele para conversar, a discussão começou e resultou no ataque a tiros.
"Escorreguei no meu próprio sangue e cai", disse Ellen. Ela narrou que mesmo baleada conseguiu ir para cima de Weldrin, bater no braço dele e desarmá-lo.
A defesa de Weldrin disse que vai recorrer. "Embora uma das teses da defesa tenha sido acolhida, a do crime privilegiado, vou questionar o afastamento das qualificadoras do feminicídio e do recurso que dificultou a defesa da vitima", explicou o advogado Leon Bambirra Obregon Gonçalves.
Relembre o caso
O fisiculturista atirou quatro vezes em Ellen. O crime aconteceu em fevereiro de 2023, no bairro da Pampulha, em Belo Horizonte.
À época, testemunhas disseram ter ouvido uma briga e disparos dentro do apartamento de Weldrin. Depois dos disparos, a vítima gritou por socorro e os vizinhos viram o fisiculturista fugir do local.
Ellen foi ajudada por vizinhos e levada de ambulância ao Hospital João 23. Na unidade de saúde, os médicos identificaram quatro perfurações no corpo da mulher:
- uma à esquerda na mandíbula,
- uma na nuca,
- uma no ombro esquerdo
- e outra na coxa esquerda.
Em caso de violência, denuncie
Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie.
Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.
Também é possível realizar denúncias pelo número 180 — Central de Atendimento à Mulher — e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.