Pró-debate sobre aborto e alvo de machismo: quem é a advogada de Brennand
Condenado por crimes sexuais, o empresário Thiago Brennand contratou a advogada e presidente da OAB-SP, Patrícia Vanzolini, para defendê-lo.
Quem é a advogada?
Patricia Vanzolini é uma advogada criminalista e eleita, em 2021, a primeira mulher na presidência da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de São Paulo. Eleita pela maior seccional da entidade do país, com 350 mil advogados inscritos no Estado, ela segue no cargo até este ano (valendo pelo triênio 2022 - 2024).
A advogada é doutora em Direito Penal pela PUC, professora da Universidade Mackenzie, em São Paulo, e de cursinhos para o exame da Ordem no Damásio Educacional, há quase 20 anos.
Aos 51, ela é mãe de duas meninas, Sofia e Priscila, e casada. O tempo livre é dedicado à família. Entre os programas preferidos estão filmes e séries de crime, terror e suspense ao lado da adolescente. Patricia também é neta do compositor Paulo Vanzolini, famoso por compor "Ronda" e "Volta Por Cima", morto em 2013.
Cita 'prevenção' na violência contra mulheres
Patrícia já falou sobre a Lei Maria da Penha, que protege mulheres de violência doméstica em entrevista à Universa, em 2021. Ela comentou se a lei teria mais foco na punição do agressor do que na prevenção da violência.
Se não houver um processo de educação e compreensão, o ciclo da violência tende a continuar, não vejo a possibilidade de diminuir. Seguindo só essa linha, a gente acaba só apagando incêndios. A prevenção, aliás, deveria vir desde a escola, com uma desconstrução do pensamento patriarcal.
A punição do agressor tem um efeito, mas é limitado. Esse agressor, ainda que seja punido, se não entender, se não houver mudança na mentalidade dele, vai se achar injustamente punido, vai criar mais animosidade e raiva das mulheres. E eu vejo isso no meu escritório: homens que são acusados de agressão acham que são injustiçados, criam um ódio intenso até da Maria da Penha, que dá nome à lei.
É a favor da discussão sobre o aborto
A advogada também levanta a bandeira da inclusão, da diversidade e dos direitos humanos. Em entrevista à Universa, ela comentou a sobre a lei que as pune: a do aborto, com prisão prevista de um a três anos.
A lei que proíbe o aborto tem se mostrado pouco eficaz. A gente sabe que os abortos clandestinos são feitos. Se a sociedade se importa com a vida intrauterina, a discussão deveria ser qual a melhor forma de defender essa vida, prestando assistência pré-natal, até mesmo com educação sexual, para evitar uma gravidez indesejada.
É hipocrisia que só se pense no castigo da mulher. Além disso, só há castigo para mulher. E o pai que não é presente? Ela acaba arcando com tudo, e não há proteção da vida assim. Se ela não tiver como criar a criança, como dará uma vida adequada, educação?
Situações de machismo
Patrícia já tinha comentado que começou na área sem ter nenhum "padrinho". "Meu escritório era uma portinha na Avenida Paulista. Cresci em uma área muito machista, que é o Direito Penal", contou, em 2021.
Nunca passei nada explícito, mas já vivi situações que sentia que, se fosse homem, me respeitariam mais. O delegado não iria "crescer", falar alto, gritar comigo. Por ser mulher, se sentem mais à vontade para agir assim. Também já passei por cenas como estar em uma reunião e um homem explicar exatamente o que você acabou de dizer.
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Patrícia Vanzolini, passa a compor a banca de advogados do empresário. A reportagem do UOL confirmou que ela faz parte da defesa do empresário desde o fim do ano passado. A OAB não se pronunciou.
Não é a primeira vez que Brennand usa a estratégia de contratar uma mulher para defendê-lo. Antes de Patrícia Vanzolini, o empresário já havia contratado a advogada Dora Cavalcanti, que abandonou o caso.
Ouça a temporada completa do podcast "Brennand", no YouTube de UOL Prime:
* Com informações de reportagem publicada em 03/12/2021.
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