Flerte sutil, fim do 'ghosting': as tendências de relacionamento para 2024
Especialista em relacionamentos nos Estados Unidos, Jonathan Hartley contou quais serão as principais tendências de 2024 para os solteiros que estão em busca de um par ideal.
Para entender melhor cada uma delas, uma psicóloga e um psiquiatra aqui do Brasil deram seus palpites para o que aguardar deste ano.
'Micropaquera': a forma sutil de flertar
É uma estratégia para saber se a pessoa também estaria interessada em você. Uma das maneiras de colocá-la em prática é perceber pequenos detalhes no comportamento do crush que podem mudar quando vocês estão perto um do outro — a linguagem corporal fica diferente? Vocês trocam olhares? Ficam na defensiva?
O termo é novo e seria uma forma de evitar a rejeição, segundo Jonathan Hartley, também mestre em psicologia. Para ele, o ato de "flertar de uma forma sutil" é uma das tendências para este ano de 2024.
Especialistas consultados por Universa explicam que a tendência pode não ser benéfica se as pessoas usarem como desculpa para não se entregarem totalmente na relação.
Este efeito de evitar a rejeição fica parecendo que, cada vez mais, as pessoas estão apostando menos [nas relações], como se caíssem antes da queda, com a tentativa de realmente não se frustrar. Tatiane de Sá Manduca, psicóloga especialista pelo Instituto de Psiquiatria da USP
Perceber os sinais do flerte é interessante, mas a pessoa não pode se colocar 'menos' em uma relação. Às vezes, não adianta só colocar o pé na piscina, é preciso se jogar, mas os dois juntos. Saulo Ciasca, psiquiatra, psicoterapeuta e professor
'Contra-dating': uma maneira de ampliar seus horizontes
É quando uma pessoa procurar alguém que, normalmente, não faria o tipo dela. Resumindo: seria uma forma de "ampliar os horizontes". No entanto, Hartley explica que isso pode restringir o número de encontros e diminuir as chances de encontrar um parceiro em potencial.
Sair com alguém que não faz seu tipo pode ser divertido para conhecer novas atividades e hobbies, além de ser uma maneira de aprender formas diferentes de enxergar a vida.
É interessante flexibilizar os próprios tipos porque, se você tem uma ideia já prévia de que é o 'ideal', você sempre procura uma pessoa que satisfaça determinadas características do seu tipo. Pode ser interessante se questionar: 'Por que não fico com essas pessoas normalmente? Por que criar um tipo e me fechar para as oportunidades?' Saulo Ciasca, psiquiatra
Slow dating': devagar é mais gostoso?
As pessoas vão preferir colocar o "pé no freio" ao pensar em sair com alguém novo. Um dos motivos seria o medo de tomar ghosting — quando a paquera simplesmente desaparece— e o desgaste na saúde mental.
A ideia seria levar as coisas mais devagar para construir uma conexão emocional em um ambiente descontraído e livre de pressão. De acordo com uma pesquisa realizada pelo aplicativo de namoro Bumble, 31% dos usuários são adeptos ao tal do "slow dating".
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Quero receberSó é preciso tomar cuidado para não parecer que você está "cozinhando" a pessoa, segundo Tatiane de Sá Manduca, psicóloga especialista pelo Instituto de Psiquiatria da USP.
O 'slow dating' fala muito sobre possibilidade de construir uma relação que tantas pessoas estão em busca. Mas é importante lembrar que tudo isso é uma aposta, que não tem como ter certeza sem tentar. Não podemos esperar esse 'súbito amor', mas, sim, uma construção desta conexão. Tatiane de Sá Manduca, psicóloga
Chega de 'ghosting' em 2024
Uma dica do especialista em relacionamentos: sem mais "ghosting" neste ano. O comportamento que pode fazer mal para algumas pessoas deve ser abandonada e deixado lá em 2023.
Se você suspeita que está passando pela situação, tente se comunicar com essa pessoa de forma madura. Se não der certo, evite mais contatos no futuro. Proteja seus sentimentos.
Temos que deixar para trás: precisamos ser mais honestos e humanos com a gente e com os outros. No ghosting, há um empobrecimento muito grande da fala de cada um, de uma isenção que resvala num deserto de palavras que não dá ao outro a possibilidade de dar um significado ao que aconteceu. Tatiane de Sá Manduca, psicóloga
É uma irresponsabilidade afetiva imensa. Em qualquer relação, nós temos a responsabilidade ética de um cuidado. É melhor falar que não está mais com vontade, dar algum tipo de resposta. Deixar as pessoas no vácuo é algo muito violento. Saulo Ciasca, psiquiatra
Amor como construção
Para os dois especialistas, a aposta para este ano deveria ser: construção, aprender a amar os outros, sem tanta pressa para encurtar o processo das coisas — algo parecido com o slow dating.
O psiquiatra Saulo Ciasca acredita que, muitas vezes, essas tendências são criadas para evitar que as pessoas se machuquem. "Há um grande receio de se jogar nas relações por medo de parecer trouxa ou de sair frustrada disso", explica.
As pessoas querem ser amadas, mas acho que precisamos potencializar e exercitar a capacidade de amar. E estou falando no amor como construção. A gente começa, muitas vezes, como uma paixão, uma ilusão. Então, o processo de construção é, muitas vezes, de aguentar e respeitar os defeitos, os problemas do outro.
Já a psicóloga Tatiane de Sá critica essa busca por coisas fáceis e imediatas dentro das relação que, com o passar do tempo, se tornam descartáveis com muita facilidade.
As pessoas querem uma garantia, senão, elas não apostam. Mas para isso é preciso construir uma relação com outro que não seja mágica, não por essa via de consumo, mas uma possibilidade de encontrar formas de se relacionar.
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