MP denuncia suspeito de asfixiar esposa para desbloquear celular
De Universa, em São Paulo
21/02/2024 15h42Atualizada em 23/02/2024 17h24
O Ministério Público do Paraná denunciou nesta quarta-feira (21) um homem suspeito de asfixiar a esposa após ela se negar a desbloquear o celular. A mulher foi morta no dia 29 de janeiro em Araucária (PR).
O que aconteceu
Tiago Trindade de Siqueira foi denunciado por homicídio triplamente qualificado. Os agravantes apontados pelo Ministério Público são feminicídio, meio cruel (asfixia) e motivo fútil. Ele foi preso em flagrante no dia 29 de janeiro e segue em prisão preventiva. Na época, o suspeito confessou o crime, segundo a Polícia Civil.
Eduarda Amabile Correia foi morta por asfixia. Tiago acreditava que a esposa o estava traindo por meio aplicativos de relacionamento e, então, a obrigou a desbloquear o telefone por meio do reconhecimento facial. A vítima não permitiu o acesso do marido ao aparelho repetidas vezes, segundo a denúncia.
O casal entrou em luta corporal. Tiago derrubou a esposa no chão e a imobilizou, impedindo que ela respirasse ou se defendesse, de acordo com o promotor. Toda a ação aconteceu durante a madrugada na residência do casal.
Familiares de Tiago levaram a mulher até uma UPA. Na tarde do dia 29, a família do suspeito foi até o local do crime. O homem estava "transtornado" e mexendo em um celular, segundo uma testemunha. A vítima foi levada pelos familiares para uma Unidade de Pronto Atendimento, onde foi constatado o óbito.
O pai da vítima disse que filha nunca comentou sobre episódios de violência com o marido. Ayton Correia comentou que nunca imaginaria que um episódio como este poderia ocorrer em sua família. "Eu espero justiça, eu quero que ele pague pelo crime que ele cometeu", disse Ayton à emissora de televisão RICtv.
Na ocasião, a defesa disse que confia na Justiça para que Tiago tenha a chance de se defender e ser julgado. Na época da prisão, os advogados enviaram uma nota afirmando que o casal "teve um grande desentendimento" e o homem "conteve sua companheira com força em excesso, resultando no triste falecimento".
Família da vítima espera "rápida tramitação do processo e no tribunal do júri". "Seguimos confiantes na justiça e temos convicção de que em breve ela será efetivada, pois Eduarda já se tornou símbolo de luta contra o feminicídio", diz nota assinada pelo advogado da família da vítima, Jackson Bahls.
Advogados de Thiago dizem que vão contestar acusação do Ministério Público. "A defesa de Thiago recebe a denúncia com tranquilidade, mesmo discordando dela, e durante o processo iremos demonstrar que a narrativa acusatória não corresponde à realidade dos fatos. Admitindo que os eventos ocorreram, vamos contestar o excesso de acusação do Ministério Público, que tende a qualificar o crime ao máximo para garantir uma condenação máxima, muitas vezes além da gravidade da conduta", diz nota enviada por Philipe Kowalski e Lucas Lima, que defendem o acusado.