'Não se negocia dignidade nessa vida', diz Regina Volpato
Regina Volpato, 56, está de volta ao SBT. Após uma jornada de cinco anos na TV Gazeta —ela já soma 27 anos de experiência em televisão—, a apresentadora vai comandar um programa matinal na emissora com quatro horas de duração ao lado da jornalista Michelle Barros, o Chega Mais, que estreia na próxima semana.
"Não tem horário fácil, mas considero a manhã um horário nobre da TV", disse em entrevista a Universa.
Ela também é parte do podcast "O Amor na Influência", disponível na Amazon Music. Foi convidada para integrar o elenco ao lado de Gabriel Santana. "Fiquei chocada ao saber que a Amazon me conhecia", disse dando risada.
E como ainda sobra energia, Regina usa suas redes sociais para dar conselhos amorosos para seus seguidores —e acumular milhões de visualizações na rede. Em uma entrevista sincera, ela fala sobre seus novos projetos, como o ambiente da TV mudou nos últimos anos e seu lado sincerão, que só os íntimos conhecem.
Universa: Quero começar com uma curiosidade, Regina. Por que você saiu da Gazeta?
Reginal Volpato: Por uma questão interna, eles decidiram reduzir meu salário em 20%. Achei bastante e não topei. Foi isso.
E agora você está no SBT. Essa não é sua primeira passagem pela emissora. Está rolando uma nostalgia? Uma emoção?
Quando voltei para gravar alguns materiais e me vi com o crachá no pescoço, encontrando com profissionais que trabalharam comigo em outros momentos, me dizendo que torceram para o meu retorno, chorei. Essa recepção me pegou de surpresa. Ficava tentando enxugar as lágrimas para não borrar a maquiagem porque tínhamos gravação [risos] Foi uma sensação muito boa, uma emoção que ainda não sei dar nome, mas acho que é alegria e felicidade.
O que o público pode esperar de seu novo programa?
É um programa com quatro horas diárias, de manhã, ao vivo, mesmo nos feriados. Estamos nos empenhando muito e com muita vontade de acertar. Acredito que o nosso diferencial é a pluralidade. Queremos que seja um programa onde pessoas do Brasil todo se vejam representadas. Estamos usando todas as praças do SBT para ter todas as cores, sotaques e festas para nossos assuntos.
A audiência da manhã é disputadíssima. Você se cobra? Fica tensa com isso?
Não tem horário fácil, mas entendo que esse é nobre. De manhã é um pouco mais difícil mesmo. Não me cobro sobre audiência porque esse número depende de muitos outros fatores, que não consigo controlar, como o horário do intervalo, a quantidade de chamadas durante a programação, o que passa antes, o que vem depois...
O que me cobro é um bom desempenho. Já aconteceu de a audiência ser boa, eu receber elogios e saber que não estava no meu melhor.
Com toda essa experiência que você tem na TV, tem algo que não tolera mais?
Não sei se chamaria de tolerar, porque hoje temos mais espaço para falar. Não chega a esse ponto. Por exemplo, já estou num ponto da minha carreira em que entrevisto qualquer pessoa, tenho a liberdade de usar a roupa e o cabelo como quero. Há tempos tínhamos que seguir um padrão. Aquilo era chato, mas eu convivia.
Pensando aqui, junto com você, acredito que hoje se algum convidado for dar uma fake news de má-fé, querendo induzir a algo, vou confrontá-lo. É mais forte do que eu, sou jornalista. Tenho um diretor que me fala que não deixo as pessoas responderem, que já estou questionando. Para mim, não se negocia dignidade nessa vida. Quando vejo que chegou a esse ponto, é minha hora de ir embora e fazer algo em outro lugar.
Falando sobre mulheres terem mais voz, você já passou por situações de machismo e assédio na carreira?
Toda mulher da minha idade já passou por isso. Digo sem medo de errar. Sempre conversei com minhas amigas sobre isso. E eram coisas assim 'você viu?', 'que nojo', mas tocávamos a vida e ficava entre nós.
Acontecia também do chefe, que era sempre homem, dar o trabalho que você sugeriu para outra pessoa fazer. Isso era tão corriqueiro que nem consigo lembrar de algo específico. Mas foi mudando e hoje colocamos a boca no trombone. Não tem mais essa de 'nem mexe com isso' ou 'ele não fez por mal'.
Quem te acompanha no Instagram te vê dando diversos conselhos de relacionamento aos seguidores. Como surgiu essa ideia?
Criei o #EuAchoRV depois da pandemia e coloquei esse nome porque é só o que eu acho mesmo. As respostas vêm de uma forma muito espontânea. A experiência está sendo bem curiosa.
Algumas coisas não consigo responder, mas a minha cara diz tudo. E sou assim mesmo na vida pessoal, faço igual com meus amigos. Levei para o Instagram um traço da minha personalidade que só os íntimos veem em mim. Na TV, às vezes, a gente não pode chorar e rir quando dá vontade. Na internet e em outras plataformas posso destravar e mostrar esse meu lado.
Então você é a conselheira entre os amigos?
Uma vez, uma amiga me ligou dizendo que pediria demissão. Disse que ela não ia fazer nada daquilo sem refletir primeiro. É muito mais fácil dar palpite na vida do outro do que pensar sobre a sua vida. E quando é alguém de que você gosta, dar um palpite ou uma orientação pode ecoar. Só falo assim com quem gosto. Às vezes acerto, outras não.
E quem você procura na hora que precisa de conselhos?
Fiz terapia por mais de 20 anos. Aprendi a me ouvir e me entender quando não tenho as respostas. Sei que preciso ter calma que uma hora ela vem. Aprendi também que, mesmo quando não sabemos o que fazer, temos que arriscar. Ouço meu bom senso, mas também escuto meus amigos.
Às vezes, pergunto sabendo mais ou menos a direção que quero, quando preciso daquele empurrãozinho. Minha filha, Rafaela, me ajuda muito também.
E seu Only Fans, hein, Regina? Por que você decidiu abrir uma conta por lá?
Abri por curiosidade, queria saber como é. E foi um barulho tremendo, porque as pessoas ficaram espantadas. Eu já fechei minha conta, mas na época, só fazia conteúdos de pé.
Ouvíamos muitas notícias sobre o pack do pezinho e queria saber como funcionava. Gosto de todas as novas tecnologias e plataformas, não me conformo até saber como elas funcionam.
E deu pra ganhar dinheiro como a galera fala?
Olha, preciso confessar que ganhei mais do que esperava. Foi surpreendente, principalmente nos primeiros meses.