Espermicida é seguro? Como usar? Tem riscos? 7 coisas que você deve saber
De Universa*
19/03/2024 04h00
Embora sejam pouco recomendados pelos médicos, os espermicidas são um recurso contraceptivo relativamente acessível e fácil de usar. Porém, sua eficácia é contestada e exige alguns cuidados, como os relatados a seguir.
1 - Quem usa mais: homens ou mulheres?
No Brasil, a maior parte dos produtos é destinada às mulheres e tem uso intravaginal.
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Para os homens, existem preservativos com espermicida que funcionam como uma garantia adicional para o caso de a camisinha furar ou falhar.
2 - O que é e como age?
Espermicidas fazem parte do grupo denominado "métodos de barreira" e também são conhecidos como espermaticidas.
Eles fazem com que os espermatozoides morram ou diminuam drasticamente sua mobilidade, ou seja, eles não conseguem "nadar" para chegar até o óvulo e, assim, fecundá-lo.
Sua composição conta com diferentes diferentes substâncias químicas, sendo a mais adotada o nonoxinol-9. Outras substâncias utilizadas são o menfegol, a clorexidina e o cloreto de benzalcônio.
Podem ser encontrados principalmente na forma de géis ou cremes e colocados com ajuda de um aplicador ou uma seringa. Há versões também em geleias, filmes, supositórios, comprimidos para serem inseridos, tabletes ou espumas.
3 - Quando e como aplicar?
O espermicida deve ser sempre aplicado antes de cada relação sexual, de acordo com as instruções indicadas na embalagem. A colocação na vagina é simples, independentemente de ser com um dedo, no caso de comprimidos e supositórios.
Devem ser colocados com uma certa antecedência: embora os aerossóis, géis e cremes se distribuam rapidamente ao longo da vagina e apenas necessitem de alguns minutos de espera, os supositórios e os comprimidos levam entre 5 a 10 minutos para derreterem e formarem uma película sobre o cérvix.
4 - Quanto tempo dura o efeito?
Cada produto tem um período de tempo limitado, de 30 minutos a duas horas. Algumas espumas produzem uma sensação de calor transitória.
É preciso repetir a aplicação antes de cada relação, mas os médicos aconselham não usar o espermicida muitas vezes no mesmo dia.
5 - Precisa de prescrição médica?
Não precisa, ele pode ser comprado sem receita em qualquer farmácia. Porém, como seu uso depende de conhecimento adequado do(a) paciente sobre como usar, é aconselhável uma conversa com o médico para juntos definirem se essa é a melhor forma de anticoncepção.
6 - É um recurso seguro?
Não, ainda mais se usado sozinho, pois tem apenas 30% de eficácia. Usar a camisinha com o gel ou sem dá praticamente no mesmo em relação à fertilidade.
Por isso é recomendado que seja utilizado com outro agente contraceptivo, como o preservativo ou o diafragma.
Além disso, ele não protege contra ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis).
7 - Quais os riscos?
O principal é o uso inadequado do produto, levando à gravidez indesejada.
Há, ainda, o perigo de alergias, principalmente no fundo vaginal. No pênis não é comum, mas também pode ocorrer.
É válido lembrar que os espermicidas foram proibidos durante algum tempo —hoje são liberados— por não conferir uma taxa de proteção segura e ainda ter o risco de causar alergias. Essas irritações, aliás, podem facilitar a chance de contrair uma IST, já que a mucosa da vagina fica desprotegida e mais suscetível às doenças. Especialistas, de modo geral, não aconselham de modo algum o uso regular para pessoas que têm múltiplos parceiros.
Fontes: Antonio Pera, ginecologista e obstetra; Alex Meller, urologista da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo); Alexandre Pupo, ginecologista do Hospital Sírio Libanês, em São Paulo (SP), e Paulo Egydio, urologista formado pelo HCFMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) com especializações na Cleveland Clinic Foundations (EUA)
*Com matéria publicada em 17/11/2018