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'Estamos fazendo de tudo para ter uma mulher na F1', diz pilota de 17 anos

Aurélia Nobels é pilota de F4 e batalha para chegar à F1 Imagem: Divulgação

De Universa, em São Paulo

19/03/2024 04h05

Aos 17 anos, Aurélia Nobels já é um nome de referência no automobilismo. Nascida nos Estados Unidos, filha de mãe brasileira e pai belga, mora sozinha há um ano na Itália para se dedicar aos treinamentos na pista. Ela faz parte da Ferrari Driver Academy, programa para desenvolver os talentos do esporte da escuderia italiana.

Foi aos 10 anos que ela decidiu que seria piloto profissional, durante uma aula de kart que fez com seu irmão mais novo. Após uma brincadeira na pista, avisou ao pai que tinha encontrado sua profissão. "Ele me incentivou e comecei a me dedicar ao esporte", disse em entrevista exclusiva a Universa.

Treinando todos os dias, ela abriu mão de ficar perto da família, dos amigos e de seu país para se dedicar 100% ao automobilismo. O objetivo? Chegar à Fórmula 1.

Universa: Como você se apaixonou pelo universo da corrida de carros?
Aurélia Nobels:
Tive muita influência do meu pai, que é belga, mas que sempre foi fã do Senna e assistia suas corridas. Foi ele quem levou eu e meus irmãos mais novos para andar de kart pela primeira vez. O local tinha uma escolinha para as crianças aprenderem a conduzir o carro e adorei. Falei naquele dia para meu pai que queria ser uma pilota profissional. Ele me incentivou e comecei a me dedicar ao esporte aos 10 anos. Em 2021, fui campeã europeia da Fórmula 4.

O que você precisou sacrificar para se tornar uma atleta profissional tão cedo?
É bem difícil, ainda mais porque comecei ainda criança. Há um ano estou morando sozinha na Itália. Quando estava no Brasil, ia para a escola e fazia passeio com meus amigos, mas agora, como faço parte da Ferrari Driver Academy, precisei sacrificar algumas coisas.

Estou morando longe da minha família para seguir meus sonhos, treino todos os dias com outros pilotos... Mas é isso que eu quero. É necessário ter determinação, porque esse esporte é muito mais do que as pessoas veem na pista.

E a sua mãe, o que ela achou da sua vontade de ser pilota?
Ela assiste a todas as corridas, mesmo ficando com medo e estressada por conta do perigo. E me apoia. Para mim, é muito importante ter esse apoio da minha família. Quando você não está bem, por exemplo, a presença deles ajuda muito mentalmente.

Você faz parte da Ferrari Driver Academy. Era seu sonho correr por uma das escuderias mais famosas do mundo?
Acho que é o de todos ter a chance de ser da Ferrari. Fiquei muito feliz quando fui aprovada. Já tinha tentado uma vez, mas era muito jovem e não pude participar do programa. Quando tive a chance, dei tudo de mim para conseguir uma vaga --até me dediquei mais a aprender inglês para conseguir conversar com as pessoas. Fizemos diversos testes que iam além das pistas, como físicos e mentais. Até chegar ao de direção. E consegui.

Para mim, foi uma grande conquista, uma oportunidade que só acontece uma vez na vida. Hoje, faço parte da academia de pilotos e esse é apenas o começo da minha carreira. Espero alcançar marcos ainda maiores. Realizar meus sonhos. Estou muito orgulhosa de estar aqui e continuo trabalhando duro.

Você tem um piloto favorito?
Gosto muito do Senna. Não só porque ele representa o Brasil, mas pela sua história, a maneira como trabalhava e como tentava melhorar seu trabalho até nos mínimos detalhes. É assim que quero ser. Quero trabalhar tão duro quanto ele trabalhou como piloto.

Em atuação, gosto muito do Charles Leclerc. Já tive a oportunidade de conversar com ele e foi muito legal.

Você está animada para a série sobre o Senna que a Netflix vai lançar?
Sim, muito. Já assisti outros documentários sobre ele e gosto de tudo: desde a forma como ele fala à maneira como ele se comportava. Ele sempre foi muito genuíno em frente às câmeras. É assim que quero mostrar meu jeito a todos.

Aurélia Nobels mora sozinha na Itália ha um ano Imagem: Divulgação

Um dos seus patrocinadores atuais é o Grupo Solví, que faz a compensação de carbono dos treinos oficiais das corridas. Para você, essa preocupação com a natureza e com o futuro é fundamental?
Sim, é algo muito importante. Eles estão comigo desde 2019, no início da minha carreira, e sinto que não estaria aqui hoje sem esse apoio ao longo dos anos. É muito bom ter um patrocinador que se preocupa com a emissão de carbono fora das pistas. Fico feliz em fazer parte desse time e espero que continuemos a conquistar muitos títulos juntos.

Você está na F4, mas gostaria de vê-la na F1. Esse é seu objetivo?
Sim, acredito que como todo piloto. É muito difícil, mas estamos fazendo de tudo para ver uma mulher na Fórmula 1. Esse é meu principal foco.

Claro, que passo a passo e batalhando pesado. Estou fazendo tudo o que posso e sinto que estou no caminho certo, sabe? Sem estresse ou pressão, mas trabalhando com a minha equipe, empresário e patrocinadores —todos juntos— vamos conseguir crescer.

O que você mais gosta nas corridas: a liberdade, a velocidade, o poder do carro?
Boa pergunta. Não consigo escolher apenas uma coisa. Gosto muito da velocidade, da adrenalina, das ultrapassagens, do risco, sabe? Da competição, de tudo. Não tenho palavras para explicar como me sinto quando estou no carro. É como se eu estivesse em casa. Sou mais feliz quando estou dirigindo.

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