Conteúdo publicado há 5 meses

'Devemos expor o que acontece', diz vítima de assédio em elevador no CE

Vítima de importunação sexual em um elevador comercial em Fortaleza, a nutricionista Larissa Duarte Aguiar, 25, agradeceu as mensagens de apoio e disse que cobra justiça para todas as mulheres que já sofreram "qualquer violência".

O que aconteceu:

Larissa Duarte Aguiar explicou que não esperava a exposição e repercussão do caso. "Mas hoje eu entendo que tudo é um propósito de Deus. Eu estou feliz por representar várias mulheres que, de certa forma, nunca conseguiram expor, nunca conseguiram abrir um boletim de ocorrência com fatos que aconteceram com ela", disse em um vídeo publicado nas redes sociais.

A nutricionista lembrou ainda que as mulheres não devem "normalizar" essas atitudes. "Devemos gritar, devemos expor o que acontece com a gente diariamente", acrescentou.

Estava em um prédio comercial, com várias câmeras, mas isso não foi o suficiente para impedir. É algo que lhe desestabiliza, traz revolta, tristeza e medo. Jamais devemos naturalizar esse tipo de atitude, devemos denunciar e expor, não somos culpados, somos vítimas! Hoje eu cobro justiça, não só a mim, mas para todas as mulheres que já sofreram qualquer violência contra a mulher.
Larissa Duarte

Relembre o caso

A nutricionista conta que chamou o elevador ainda no térreo do edifício, e que, na sequência, o suspeito entrou com ela no equipamento. Ela acionou o botão para o subsolo, onde estava o carro dela — o suspeito não apertou nenhum.

O caso aconteceu no dia 15 de fevereiro, mas ganhou repercussão apenas nesta semana. No vídeo, é possível ver que a jovem tem as partes íntimas tocadas no momento em que saía do elevador. Ela estava sozinha com o homem, que, após apalpá-la, volta para o elevador e aperta o botão para fechar a porta.

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Após o ato, a vítima diz: "Você está louco?" para o homem, que vai para outra garagem e foge. A mulher começa a pedir ajuda para os funcionários do prédio comercial, segundo um dos advogados da vítima, Raphael Bandeira.

A Polícia investiga o caso como importunação sexual e já está na fase final do inquérito. As investigações são feitas pela Delegacia de Defesa da Mulher.

A vítima pretende pedir indenização por danos morais. O advogado explica que, além da situação vexatória à qual sua cliente foi exposta, ainda mais após a divulgação massiva do vídeo, a intenção é ressaltar o "viés pedagógico" do processo: um homem com acesso à educação e a uma boa condição de vida também comete atos criminosos contra mulheres, argumenta Bandeira.

Quando o elevador abriu a porta, ele apalpou a minha nádega e correu para fechar a porta do elevador e fugir. Eu achei que estava num lugar seguro.
Larissa

Empresa afastou suspeito

Israel Leal Bandeira Neto
Israel Leal Bandeira Neto Imagem: Reprodução
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A M7 investimentos, associada da XP, anunciou o afastamento de Israel por meio de nota nas redes sociais. O homem era um dos agentes autônomos de investimentos.

A empresa também disse repudiar qualquer ato de violência, abuso ou importunação. A M7 afirmou que a decisão foi tomada logo após terem conhecimento do episódio.

O UOL fez contato com a defesa do suspeito, que não se manifestou até a publicação da reportagem. O espaço segue aberto para manifestação.

Como denunciar importunação sexual

No Brasil, todo ato sexual sem consentimento é crime. Toques sem permissão, passadas de mão, encoxadas, tentativas de beijo forçado e também casos em que há masturbação ou ejaculação diante da vítima são considerados importunação sexual.

A lei, em vigor desde setembro de 2018, define como crime qualquer ato libidinoso praticado contra alguém e sem a sua anuência. A pena é de 1 a 5 anos de reclusão.

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A diferença com relação ao estupro é que, neste, há violência ou grave ameaça. E é considerado estupro de vulnerável — crime ainda mais grave — todo ato libidinoso com menores de 14 anos ou com quem, "por enfermidade ou deficiência mental, não tem o discernimento para a prática do ato, ou não pode oferecer resistência". No assédio sexual, é preciso haver relação hierárquica.

Caso a vítima tenha sofrido violência sem ferimentos graves, ela pode recorrer imediatamente a Delegacia da Mulher, se existir essa unidade em seu município, ou a delegacia de Polícia Civil, para registrar o boletim de ocorrência.

É indicado reunir testemunhas e apontar eventuais câmeras de segurança, se houver. Mas, como muitas vezes o crime não fica registrado e nem é visto por mais ninguém, a palavra da vítima é considerada suficiente para fazer o registro.

Disque 190

Deve ser acionado em caso de flagrante ou em que a situação de violência esteja ocorrendo naquele momento.

Disque 180

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A Central de Atendimento à Mulher funciona 24 horas. A ligação é gratuita, anônima e disponível em todo o país.

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