Até que ponto a dor da cólica menstrual é normal e quando é sinal de alerta
A cólica faz parte da vida de mais de 75% das brasileiras, de acordo com um levantamento feito pelo Ibope (Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística) no ano passado. Essa dor causada pela contração do útero para expulsar o sangue da menstruação, embora seja desagradável e incômoda, costuma durar de dois a três dias e geralmente pode ser aliviada com analgésicos.
Mas se ela foge desse padrão, é preciso ficar alerta. A cólica pode ser sinal de um problema de saúde mais sério, como endometriose ou até um mioma, que é uma espécie de tumor benigno no útero.
A cólica é preocupante quando, de alguma forma, atrapalha ou impede a realização de atividades diárias e tem impacto na qualidade de vida.
Andressa Teixeira, ginecologista oncológica do HCor
"Não é normal precisar faltar na escola ou não conseguir ser produtiva no trabalho por causa da dor", completa o ginecologista Maurício Abrão, da Faculdade de Medicina da USP e do Hospital Beneficência Portuguesa.
Nesses casos, é importante procurar o ginecologista e investigar por meio de uma consulta médica e eventuais exames físico e de imagem.
Se nenhum problema for confirmado, o especialista pode intervir com medidas para aliviar a dor, como a prescrição de analgésicos e antiinflamatórios específicos ou a indicação de DIUs hormonais que bloqueiem a menstruação (e, consequentemente, a cólica).
Leia a seguir quatro sinais que merecem a sua atenção:
Intensidade
Se a cólica menstrual é incapacitante, vale checar se não se trata de endometriose, distúrbio em que o tecido que reveste o útero cresce fora do órgão, causando dor.
Um estudo publicado recentemente na revista científica Reproductive Sciences, que contou com a participação do ginecologista Maurício Abrão, apontou que a cólica forte é a dor mais prevalente entre as dores relacionadas a essa doença, que afeta cerca de 10% das mulheres brasileiras, de acordo com a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), e pode causar infertilidade se não tratada.
Miomas também atrapalham a contração do órgão e podem tornar a cólica mais forte. Nesses casos, a dor pélvica geralmente vem acompanhada de outros sintomas, como aumento no fluxo menstrual.
Embora sejam mais raros, tumores volumosos no endométrio também podem causar dor na região.
Andressa Teixeira, ginecologista oncológica do HCor
Irradiação
Normalmente, a dor da cólica menstrual se concentra na região uterina, ou seja, na parte inferior do abdome. Quando irradia para outras partes, como bexiga (especialmente na hora de urinar), costas, intestino (ao evacuar) e pernas, também pode ser sinal de endometriose.
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Quero receberOutra queixa comum de pacientes com endometriose é a dor durante a relação sexual", diz Abrão, do Hospital Beneficência Portuguesa, que participará, no próximo dia 23 de março, do Endometriosis Summit Brasil, evento sobre o tema que acontece em São Paulo. Março-amarelo é o mês de conscientização sobre a endometriose no Brasil.
Mudança de hábito
Mulheres que não costumam sentir cólica menstrual e passam a ter ou cuja dor piora progressivamente devem ficar atentas também. Novamente, essa mudança no período menstrual pode indicar endometriose, mioma ou ainda alguma infecção sexualmente transmissível.
Quando não diagnosticadas e tratadas, doenças como clamídia, gonorreia e tricomoníase podem causar infecção nos órgãos reprodutivos - ovários, útero e trompas de Falópio - e dar origem a um problema conhecido como doença inflamatória pélvica, que pode se intensificar no período menstrual.
Também vale procurar orientação médica se você já passou por alguma cirurgia prévia no abdome, como uma cesárea.
Outra causa importante de cólica é a aderência [faixa de tecido que se forma para unir dois tecidos do corpo], que pode causar dor crônica que se intensifica durante o período menstrual.
Lais Cantanhede, obstetra da Theia, startup de saúde voltada para a gestante
Outros sintomas
Uma visita ao consultório do ginecologista é indicada ainda sempre que a cólica vier forte e acompanhada de alterações de humor e gastrointestinais, dor de cabeça, fraqueza, náuseas, vômitos e, principalmente, aumento no sangramento - sintomas também associados às doenças citadas pelos especialistas.
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