Desembargador muda voto e mulher que denunciou pastor será indenizada
Do UOL, em São Paulo
26/03/2024 14h35
Após a repercussão do caso, o desembargador do TJ-GO (Tribunal de Justiça de Goiás) Silvânio de Alvarenga mudou o voto dele, e a mulher que denunciou um pastor por assédio será indenizada.
O que aconteceu
Magistrado disse que perguntou se a mulher era "sonsa" porque foi a palavra que ela própria usou. "Me falaram que isso causou polêmica, não vejo motivo para isso, estávamos discutindo a matéria com as palavras da própria vítima", declarou ele em sessão hoje. "Fiz aquelas perguntas maliciosas, mas foi apenas para explicar a tese e a antítese".
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Ele tinha o voto de desempate. Por 3 a 2, a requerente será indenizada em R$ 50 mil por danos morais.
Alvarenga afirmou que a punição deve servir de exemplo. "Às vezes, esse processo é uma oportunidade de darmos uma retribuição exemplar a esse sacerdote", falou. "O objetivo nosso tem que ser de inibir".
Desembargador falou que, como a mulher tinha apenas 19 anos na época do ocorrido, poderia "até colocar como uma criança". "Por isso que fiz vários questionamentos. Será que essa moça já não teria conhecimento que isso seria assédio? Por que deu tanta corda para esse sacerdote, teoricamente?", questionou.
Ele também disse que o caso foi politizado. "Estamos numa época das trevas, até a liberdade de pensamento está sendo abalada por certo radicalismo", declarou. "Esse contraditório é sagrado, está na nossa Constituição e a gente tem que preservar isso daí".
O processo não julga se houve assédio, o que fica na esfera criminal, só o dano moral. A delegada do caso, o Ministério Público e a juíza do 1º grau arquivaram a investigação, por considerar que "houve reciprocidade".
Mulher contou que o pastor pediu seu telefone para falar sobre cestas básicas, mas fez chamadas de vídeo mostrando o corpo e pedindo que ela se tocasse. Ela disse ter consentido com parte das ações para produzir provas contra ele. Após expor o caso nas redes sociais, ela relatou que teve de trocar de igreja, porque outros membros a culparam pela conduta.