Ex-companheira do filho de Lula presta novo depoimento sobre agressões
De Universa, em São Paulo
05/04/2024 19h48
A médica Natália Schincariol, 29, ex-companheira do filho caçula do presidente Lula (PT), Luis Cláudio Lula da Silva, 39, prestou um novo depoimento à polícia. Ela registrou um boletim de ocorrência por violência doméstica na terça-feira (2). Luis Cláudio nega as acusações.
O que aconteceu
Novo depoimento foi prestado presencialmente nesta sexta-feira (5). Vítima confirmou a informação a Universa.
Natália Schincariol foi ouvida na Delegacia de Defesa da Mulher na capital paulista. Gabriela Schievano Sançana, advogada da médica, informou que o conteúdo do depoimento não será divulgado em razão do sigilo.
Na terça-feira (2), a vítima já havia sido ouvida pela polícia por telefone.
Violência física, moral e psicológica
Os relatos da ex-companheira são de violência física, moral e psicológica. A vítima narrou no boletim de ocorrência que levou uma cotovelada na barriga em uma das brigas em janeiro deste ano ao se recusar a entregar o aparelho celular. Universa teve acesso ao documento.
Defesa nega acusação e diz que alegações são "inverídicas" e "fantasiosas". "Tomamos conhecimento das fantasiosas declarações que teriam sido proferidas pela médica, atribuindo ao nosso cliente inverídicas e fantasiosas agressões, cujas mentiras são enquadráveis nos tipos dos delitos de calúnia, injúria e difamação, além de responder por reparação por danos morais, motivos pelos quais serão tomadas as medidas legais pertinentes", diz nota enviada a Universa. O documento é assinado pela advogada Carmen Silvia Costa Ramos Tannuri.
A vítima disse que a violência se intensificou nos últimos anos, o que coloca em risco a sua integridade física e mental. Ela contou à polícia que chegou a ser afastada do trabalho por um mês devido ao trauma causado pelas agressões. A mulher relatou que foi hospitalizada com crises de ansiedade e que recebe ameaças e ofensas constantes do denunciado, que a chamou de "doente mental", "feia" e "vagabunda".
No boletim de ocorrência, consta a informação de que Luis Claudio a teria manipulado para não prestar queixa. "Ser manipulada e ameaçada para não denunciar as agressões, sob a alegação de que o agressor é filho do presidente e que possui influência para se safar das acusações", narrou. "Meu pai vai me proteger e vai sair perdendo, eu vou acabar com sua alma. Vou falar para todos que você é uma insana, ninguém irá acreditar em você", teria dito o denunciado, segundo a ex-companheira.
Natália afirmou que residiu com o filho de Lula por dois anos. Nesse período, ela relatou que ele chegava em casa "bêbado" e tentava entrar em seu quarto "de todas as formas", mesmo que ela "pedisse para ficar distante".
Ela denunciou ainda que ele manteve relações sexuais com outras mulheres "sem proteção". "Contraiu infecção e me expôs em risco conscientemente".
O caso será investigado. A SSP (Secretaria de Segurança Pública) de São Paulo informou as investigações do caso foram encaminhadas para a 1ª Delegacia de Defesa da Mulher.
Os crimes denunciados foram violência doméstica, ameaça, vias de fato, violência psicológica e injúria. A delegacia "prossegue com as diligências com o objetivo de esclarecer os fatos", disse a pasta em nota.
Filho de Lula terá que manter distância de ex
O Tribunal de Justiça de São Paulo concedeu medida protetiva à ex-companheira.
TJSP proibiu que Luis Cláudio fique a menos de 200 metros da mulher. Justiça também determinou que ele saia da casa onde moram juntos. Ele também não pode contatar a ex-companheira por telefone e redes sociais; ou frequentar os locais de trabalho e estudo dela.
A Justiça considerou denúncia coerente e verossímil. O Tribunal concedeu as medidas de proteção até que haja atualizações do inquérito policial.
Não tolere violência, saiba como procurar ajuda
O Ligue 190 é o número de emergência indicado para quem estiver presenciando uma situação de agressão. A Polícia Militar poderá agir imediatamente e levar o agressor a uma delegacia.
Também é possível pedir ajuda e se informar pelo número 180, do governo federal, criado para mulheres que estão passando por situações de violência. A Central de Atendimento à Mulher funciona em todo o país e também no exterior, 24 horas por dia. A ligação é gratuita.
O Ligue 180 recebe denúncias, dá orientação de especialistas e encaminhamento para serviços de proteção e auxílio psicológico. Também é possível acionar esse serviço pelo WhatsApp, no número (61) 99656-5008.