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Dar aquela espiadinha: voyeurismo é comum e pode ajudar a esquentar o clima

BBB 24: Isabelle e Matteus trocam beijos durante a festa do Top 5 Imagem: Reprodução/Globoplay

Colaboração para Universa

13/04/2024 04h00

Todos os sentidos assumem um papel relevante para a expressão da sexualidade, mas o olhar é normalmente o mais usado. Não é à toa que as cenas eróticas dos filmes e a pegação em reality shows, como "BBB" (Globo) e "De Férias com o Ex" (MTV Brasil), acabem repercutindo tanto entre o público.

Voyeur de cada um

Desde as primeiras pesquisas populacionais sobre comportamentos sexuais, realizadas nos anos 1940 e 1950 pelo Instituto Kinsey, estudiosos concluíram que tanto o homem quanto a mulher são dotados de um componente que pode ser chamado de voyeur.

Ou seja, todos, em algum momento da vida, podem se sentir excitados ao observar situações sexuais. E é esse olhar que direciona escolhas, práticas e até preferências. No ser humano, a visão é um sentido extremamente importante. E, como o sexo é essencial para a maioria de nós, é natural que o olhar seja utilizado, sempre que possível, para aprender ou para ter prazer.

Embora o senso comum pregue que os homens são mais visuais do que as mulheres no sexo, a verdade é que as diferenças no quesito voyeurismo têm a ver com a construção social dos papéis de gênero. Mais homens reconhecem que se excitam com cenas sensuais e eróticas, mas mulheres também sentem prazer ao vê-las, mesmo que falem pouco sobre isso.

A questão é que a mulher foi ensinada a se expressar com contornos mais românticos, enquanto os homens assumem o viés pornográfico. É por isso que os filmes pornôs tradicionalmente priorizam os closes ginecológicos, enquanto as produções eróticas feitas para mulheres investem no contexto.

O único problema é se tornar refém da visão e não ter mais prazer no sexo convencional Imagem: Getty Images/iStockphoto

O lado voyeur pode ser canalizado de várias formas, dependendo do aprendizado que a pessoa tenha vivido nas duas primeiras décadas de vida. Experiências infantis, como observar os pais em situações pré-sexuais, modelam o que um homem ou uma mulher procurará para se excitar na vida adulta visualmente.

Aproveitando na hora H

A curiosidade pode ser aguçada por esse lado voyeur, mas isso depende muito de pessoa para pessoa. Muitos casais têm esse fetiche e costumam explorar as opções entre si. Neste caso, tudo o que for feito de forma consensual é válido e enriquece a relação. Mas é necessário olhar o voyeurismo como forma de se conectar e de admirar o outro. É uma construção entre os parceiros.

Assim, ver filmes eróticos juntos, se observar em plena ação por um espelho, frequentar casas de swing e ir a shows de striptease podem ser algumas das diversas formas disponíveis que um casal para que o casal incorpore um toque de voyeurismo no relacionamento —desde que, vale frisar, seja consensual e que ambos estejam à vontade com a fantasia.

Quando é ruim

O voyeurismo passa a ser um perigo quando a pessoa se torna refém do sentido da visão para ter tesão e quando não encontra prazer no sexo convencional. Há até quem acabe colocando a própria integridade em risco ao invadir a privacidade alheia sem autorização —observando os vizinhos, por exemplo, com binóculos ou telescópios. À medida que o ato de observar gera mais angústia do que prazer, vale procurar ajuda.

Fontes: Carlos Eduardo Carrion, psiquiatra especializado em sexualidade; Denise Figueiredo, psicóloga e sócia-diretora do Instituto do Casal; e Oswaldo Martins Rodrigues Jr., terapeuta sexual, diretor do Inpasex (Instituto Paulista de Sexualidade) e autor do livro "Parafilias - Das Perversões às Variações Sexuais" (Zagodoni Editora)

*Com matéria publicada em 24/06/2019

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