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Herança do pornô: forma como homem se masturba atrapalha orgasmo delas

Dá para repensar o jeito de transar... e todo mundo ficar feliz Imagem: Canva

Colaboração para Universa

22/04/2024 04h00

Muito da dificuldade que as mulheres têm para atingir um orgasmo, principalmente nas relações heterossexuais cis, diz respeito à tradicional masturbação masculina. Mas aí você pergunta: o que uma coisa tem a ver com a outra?

Deseducado pela pornografia

Desde cedo, os homens aprendem a se masturbar só de um jeito — e param por aí. Como nossa sociedade é patriarcal, eles acabam "impondo" essa maneira de se relacionar com o sexo à parceira. Podem até não fazer isso por maldade, mas por desconhecimento e por acharem que, para elas, tudo ocorre de forma igual.

A masturbação britadeira (aquele movimento de vaivém com o pênis) é um dos principais motivos para a ocorrência da ejaculação precoce. Aqui, vale dizer que o homem é muito deseducado pelo pornô — em que o modo agressivo e rápido de transar é padrão. O orgasmo masculino chega em pouquíssimo tempo, como se ele quisesse se livrar logo daquilo.

Quando a companheira entra em cena, acaba se sentindo uma boneca inflável. É como se o parceiro se masturbasse com a vagina. No entanto, é imprescindível a compreensão de que mulher tem um tempo muito mais lento, que precisa ser respeitado para o corpo se abrir para o outro.

Embora sejam anos e anos institucionalizados dessa maneira, o cenário pode, sim, mudar de rumo. A problemática é complexa, mas não impossível ser revertida. A seguir, veja dicas e pitacos para você descobrir como transformar seu sexo e abordar o assunto com o parceiro.

Entenda seu corpo

A maior parte das terminações nervosas da mulher fica na região mais superficial dos órgãos genitais. Portanto, não importa tanto a penetração e mesmo o tamanho do pênis do seu parceiro. O imprescindível é estimular essa área sensível adequadamente.

Aceite seu próprio tempo

Desde que nasce, a mulher aprende que não deve desagradar. Mesmo seu tempo sendo diferente, mais lento, ela cresce achando que sua sexualidade deve existir apenas para o outro. Está na hora de mudar isso: empodere-se no seu corpo. É nele que te reprimiram e ali também que você precisa de libertação. Faça trabalhos de autoconhecimento, que reforcem o quanto você, sua singularidade e suas vontades são importantes.

Fale sobre o assunto

É difícil, mas também é necessário parar de se constranger ao falar sobre sexo, principalmente com o parceiro. No geral, quando acontece, o papo tende a ser superficial, porque as pessoas encontram dificuldade para se aprofundar nas questões que realmente importam. Agem de forma equivocada só para não ferir o ego do outro, o que é um verdadeiro tiro no pé. Sexo precisa ser um assunto natural.

Desacelere

Longe de isso significar transar menos, ok? A dica é reduzir o ritmo durante a relação. Penetre mais devagar para sair da ânsia do orgasmo. Curta o trajeto, não apenas o fim. Respire pra sentir cada movimento. Em suma, faça todos os movimentos de forma mais lenta: carinhos, beijos etc. Só o ato de se aquietar já vai fazer o casal sair do mesmo roteiro de sempre. É bem verdade que a mente vai ficar perdida, fora da zona de conforto, mas isso pode ser maravilhoso. Trazer sua verdade à tona é o mais excitante para o outro, acredite!

Olhe nos olhos

Sem expectativas, ao aceitarem a vulnerabilidade alheia antes de iniciar o sexo, olhem nos olhos um do outro. Afinal, o olhar é uma das formas mais poderosas de conexão. A sensação de ser observado com profundidade gera uma instabilidade positiva. É como se você fosse descoberto, despido, visto em sua essência. Dois dos principais ingredientes para um bom sexo é justamente a vulnerabilidade e a capacidade de estar presente — o que se consegue com essa prática.

Experimente transar sem penetração

Como exercício de compreensão de todas as possibilidades de prazer no corpo, é interessante também transar algumas vezes sem que haja penetração. A calma da ausência da finalidade vai surgir automaticamente e o casal, se surpreender com a sutileza da conexão que nasce. A criatividade sexual tende a ser potencializada e a ansiedade vira quase nula. Surgirão sensações completamente novas. Esta é uma forma de reeducar o corpo, fazendo com que ele saia do automático.

Fonte: Carol Teixeira, terapeuta tântrica, escritora e filósofa

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