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'Gravidez é uma TPM de nove meses e há sintomas que ficam para sempre'

Carol Loback e a filha, Luiza Imagem: Acervo pessoal

Luciana Bugni

Colaboração para Universa

23/04/2024 14h23

"Quando descobri minha gravidez, estava com a cartela de anticoncepcional na minha bolsa, aguardando a menstruação descer pra começar a tomar a pílula. Eu tinha 24 anos e o pai da minha filha, 19, e muita vontade de ser pai.

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Minha gravidez foi tão comemorada pela família dele que o medo de todas as mudanças que começariam a acontecer no meu corpo e na minha vida foram substituídos por um sentimento de confiança de que tudo daria certo.

Costumo dizer que a gravidez parece uma TPM de nove meses e tenho uma leve desconfiança de que alguns sintomas nunca mais vão embora. Fiquei mais emotiva, chorona e acho que essa torneirinha nunca mais fechou. Com oito semanas de gestação, tive um descolamento de placenta e precisei fazer repouso absoluto por 15 dias. Nessa época, estávamos para estrear no Theatro Municipal de Niterói o musical infantil 'Contarolando', que eu tinha escrito e era dirigido pelo pai da minha filha.

Antes da gestação, passamos um ano apresentando a peça em escolas de Niterói e São Gonçalo e a gente fazia tudo: carregava o cenário, montava, desmontava, era uma ralação louca. Quando finalmente colheríamos os frutos de estrear a peça num teatro importante da cidade, me doeu a possibilidade de não estar em cena com uma peça que significava tanto pra mim. Mas fiz o repouso direitinho e consegui a liberação do médico para voltar ao palco. Depois, fomos para São Paulo com o espetáculo e atuei até o quarto mês de gestação.

Quando minha barriga já estava grandona e a gravidez, portanto, era evidente, me lembro de sentir um carinho muito bom das pessoas que eu cruzava na rua. Era como se todo mundo me abençoasse por estar gerando uma vida e isso me deixava num estado permanente de graça — misturado ao sono que nunca passava.

Carol durante a gestação, aos 24 anos, em Niterói Imagem: Acervo Pessoal

Tínhamos uma companhia de teatro — eu, o pai da minha filha e outro sócio — em que eu atuava e produzia. Tive bastante liberdade e flexibilidade com meus horários. Tínhamos uma atriz substituta para entrar em cena caso eu não pudesse dar conta do recado. Até que, num belo domingo, depois do almoço, eu disse: 'Virgínia (Barcellos), faz no meu lugar?'. E dali em diante, ela assumiu meu papel no espetáculo. Só voltei a atuar quando minha filha tinha 3 meses.

Lembro que ouvia de muitas mulheres que meu sono nunca mais seria o mesmo. De fato, muda tudo quando uma parte do seu coração passa a existir fora do seu corpo. Segui todas as dicas de cuidados com o corpo, como cremes para evitar as estrias ou preparação do seio para a amamentação.

No final da gravidez, olhava para minha barriga e pensava: 'como é que ela vai sair daqui?'. Isso me assustava um pouco, mas minha gestação correu bem, sem nenhum risco, fora o descolamento no primeiro trimestre. Tive muito apoio do pai da minha filha e não tinha dúvidas de que tudo correria bem. Não sei se era o fato de ser muito nova quando somos mais destemidas, mas sempre tive a certeza de que daria certo.

Fiquei bem inchada e comecei a ficar com medo da balança no final da gravidez. Engordei mais 13 quilos nessa fase. Me arrependi de não ter mantido atividade física durante a gestação porque o preparo físico fez falta na reta final. Quando eu caminhava por mais de 20 minutos, minha barriga ficava dura e toda hora achava que já ia parir. Tinha muita pressão baixa também e às vezes dificuldade pra respirar porque parecia que minha filha estava empurrando meu diafragma. Desejava retomar a autonomia do meu corpo e falava: 'quando minha filha nascer, eu vou malhar, vou sair correndo, vou fazer isso e aquilo'. Inocente?

No finzinho, levei o exame de ultrassonografia para o médico e ele disse que precisaria fazer cesárea o quanto antes porque minha filha tinha parado de crescer. Marcaram para o dia seguinte. Lá fui eu me preparar para o tão esperado dia com a cabeça a mil, mas muita confiança.

Tínhamos combinado que o pai da minha filha assistiria ao parto, mas na hora que estava entrando para a sala de cirurgia, o anestesista barrou sua entrada. Seguimos e fiquei escutando ele chorar e brigar com o médico. Entrei no centro cirúrgico preocupada com isso, mas precisei me acalmar e me lembrar de que aquele momento era sobre mim. Durante o parto, pedi à Nossa Senhora do Bom Parto, de quem nunca tinha ouvido falar, que cuidasse para que minha filha nascesse bem e com saúde. E correu tudo bem.

Penso que se não tivesse minha filha naquela época, não teria me tornado mãe. Dificilmente pararia minha vida para gerar uma outra pessoa, apesar de ela ser meu maior presente, meu grande amor e alegria.

Dentro da gente tem uma força muito maior do que a gente pode imaginar. Confia."

Carolina Loback, 45 anos, influencer e atriz, mãe de Luiza, 20

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