'Não curti a gestação e pedi desculpas ao meu filho quando ele nasceu'

"Quando engravidei pela primeira vez, tive um aborto fetal com 27 semanas, em abril de 2022. Foi uma dor muito grande e decidi que só tentaria outra vez no fim de 2023, quando terminasse meus estudos. Mas não tomei muito cuidado e foi como Deus quis: engravidei e em dezembro de 2023 já estava parindo meu 'segundogênito'.

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Por ter perdido meu primeiro filho, eu me senti ansiosa na gestação inteira. Fiz terapia desde a perda gestacional e senti muita ansiedade, medos, incertezas. Na primeira vez, tive diabetes gestacional, que disseram que foi o motivo da perda. Na segunda vez, estava feliz, mas apavorada. Tive descolamento da placenta e, como era uma gestação de risco, fiquei afastada do trabalho.

Não foi como eu gostaria de curtir a gestação. Quando meu filho nasceu, eu até pedia desculpas para ele por não ter conseguido me entregar 100% enquanto ele estava chegando. A terapia me ajudou. E me aproximar de quem acreditava em mim também.

O psicológico após a perda estava muito abalado, como se as pessoas vissem que ele estava chegando, mas eu ficava confortável para montar o quarto, por exemplo, porque achava que era cedo. Não é que eu estivesse esperando acontecer algo ruim: estava apenas me preparando para não sofrer o que sofri anteriormente. Queria saber se estava fazendo o certo, seguindo o protocolo — mesmo sendo da área da saúde, a gente fica muito insegura.

Passava o tempo todo em dúvida se ele estava se mexendo ou não, porque descobri a morte do meu primeiro filho pela ausência de movimento. Mas todas as pessoas próximas foram muito positivas; a preocupação era só minha.

Mas a fase final foi prazerosa: como eu não tinha chegado a essa parte na primeira gravidez, me sentia brecada. Era diferente das outras grávidas: eu queria que ele viesse, mas sentia que eu era um perigo para ele. Uma sensação muito doida. Mas depois que nasceu, foi surreal: só alegria.

Parto escorregando

Eu sempre quis ter um parto escorregando, mas a médica recomendava uma cesárea, que deveria ser agendada. Mas não era isso que meu coração mandava. No dia 17 de dezembro, comecei a ter contrações. Fui ao hospital e fizeram um descolamento de bolsa para ajudar. Dormi a tarde toda e, quando acordei, as contrações ficaram mais próximas. Meu tampão saiu e eu queria lavar a louça antes de ir para o hospital. Resolvi então que ia passar pano no chão e meu marido me impediu, dizendo que precisávamos ir logo.

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Nathália no pós-parto: plena
Nathália no pós-parto: plena Imagem: Divulgação

Ainda esperei uma amiga, que também estava grávida, chegar à minha casa para tirarmos uma foto — disse que não ia parir sem! Eu estava ótima. Cheguei ao hospital com dilatação de 7 cm para 8 cm. Em uma hora e meia na maternidade, Arthur nasceu. Não dá para dizer que eu fiquei em sofrimento.

Foi incrível. Não mudaria nada do que aconteceu comigo antes para sentir o que senti quando ele estava no meu colo: toda a conexão da mãe natureza ao meu redor. Valeu a pena ter passado a gestação orando."

Nathália Damasceno, 28 anos, enfermeira, mãe de Arthur, 3 meses

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