'Gravidez teria sido mais leve sem seguir cartilha da maternidade perfeita'
"Eu havia planejado uma segunda gravidez, mas achei que demoraria como da primeira vez — fiquei quase um ano tentando engravidar de meu mais velho, que hoje tem 4 anos. Mas foi tudo rápido: logo no mês seguinte, a menstruação atrasou e comecei a ficar enjoada. Descobri no dia seguinte à festa de 2 anos do meu primeiro filho, quando vomitei ao sentir o cheiro de batata frita, comida que eu amo.
Conheça os conteúdos exclusivos de Materna com acesso ilimitado.
Comecei a me sentir mal física e mentalmente. Vomitei a gestação inteira e me sentia fraca, o que não me permitia dar a atenção que eu queria ao meu filho mais velho. Tomei vitaminas e remédio para enjoo, mas cheguei a perder seis quilos por não conseguir me alimentar. O enjoo só passou por volta dos sete meses de gestação, mas aí comecei a sentir azia. Então, não comia direito do mesmo jeito.
Como estava grávida do segundo filho, meu marido dava mais atenção para o mais velho, pra ele não sentir falta do nosso cuidado. Entretanto, não tive toda aquela atenção da primeira gestação e isso me deixava bem triste. Foi bem chato emocionalmente.
Eu era gerente de banco havia 11 anos e, na época, trabalhava em home office. Quando completei sete meses de gravidez, contraí covid. Isso só piorou minha fraqueza. Fiz vários exames e tive que tomar injeções na barriga para evitar trombose. Uma prima havia falecido um mês antes por tromboembolia, então foi um momento delicado e de muito medo. O risco não foi pela gravidez em si, mas por estar em risco durante a gestação, devido à possibilidade de trombose. Isso me deixou com pânico de morrer e comecei a fazer terapia.
As pessoas davam todo tipo de conselho: mandavam fazer mais uma criança para ter uma menina, diziam que eu devia ter esperado mais, já que a diferença entre meus filhos é de quase três anos. Mas tinha gente legal também, que dava exemplos de irmãos com idades próximas ou mães que tiveram bebês com pouca diferença de idade. Esses me diziam que tudo ia dar certo.
Estava decidida a não ter mais filhos, então focava em aproveitar os momentos. Mas eu tinha enjoo, medo de não dar conta de duas crianças ou de não conseguir amamentar o segundo como não havia conseguido com o primeiro. Meu segundo filho nasceu em uma cesárea agendada e optei por fazer a laqueadura no próprio parto.
Penso que eu deveria ter confiado mais no meu coração e ter ficado menos preocupada em cumprir uma cartilha de maternidade perfeita. Poderia ter sido mais leve. É preciso saber filtrar a informação. Todo mundo tem conselhos para dar para as mães, então é importante estudar o que é cientificamente comprovado e adaptar para a sua realidade: não tem como ser 100% em tudo."
Talita Dornelas, 30 anos, gerente de banco, mãe de Gustavo, 4 anos, e Arthur, 1 ano e 8 meses
Deixe seu comentário
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Leia as Regras de Uso do UOL.