Contrai e relaxa: os exercícios milenares que aumentam o prazer feminino

Técnica milenar que teve origem na Índia, o pompoarismo foi aperfeiçoado na Tailândia, onde, até hoje, é uma arte transmitida pelas gerações. Na década de 1940, o assunto passou a ser tratado de forma mais séria e científica por causa dos estudos do ginecologista americano Arnold Kegel (1894-1981), que criou exercícios para trabalhar a musculatura do assoalho pélvico e percebeu que eles surtiam benefícios não só para a saúde feminina, como também para a sexualidade.

Hoje em dia, os exercícios de Kegel são bastante recomendadas por ginecologistas e fisioterapeutas como forma de combater problemas que vão de flacidez local a incontinência urinária.

Originalmente, eles não utilizam as bolas de pompoarismo, mas o princípio é o mesmo: contrair e relaxar.

As bolinhas dispostas num cordão também podem ser adotadas como um acessório erótico, para uso solitário ou a dois. Mas, há diversas opções disponíveis nos sex shops que costumam confundir quem deseja começar a praticar a técnica original.

Para ajudar iniciantes e curiosas, Universa consultou especialistas para responder às dúvidas mais comuns.

Como escolher o cordão ideal?

Originalmente, as bolinha de pompoarismo são dispostas em um fio com cinco esferas
Originalmente, as bolinha de pompoarismo são dispostas em um fio com cinco esferas Imagem: CottonbroStudio/Pexels

Existem dois tipos de cordão e cada um conta com especificidades. O que tem cinco esferas é o chamado colar tailandês. As bolinhas são menores e ideais para quem está começando a prática de exercitar a musculatura. A ideia é trabalhar a coordenação dos músculos vaginais: a mulher coloca uma bolinha na vagina e depois tenta sugar a próxima. O movimento seguinte é se esforçar para expeli-la.

Quem está no "nível avançado" pode sugar uma por vez e depois expelir todas. O ideal é que as esferas sejam produzidas em silicone não poroso cirúrgico, para não causar nenhum tipo de machucado.

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Já as ben-wa consistem em duas esferas maiores, também unidas por um fio de náilon, próprias para trabalhar a força vaginal. O exercício, nesse caso, consiste em puxar e soltar, repetidamente. As duas versões trabalham a musculatura e apresentam chumbo dentro das esferas. Existem, ainda, cordões com esferas mais maleáveis, mas esses têm uso puramente erótico. Eles podem ser usados junto com a penetração, mas não apresentam nenhuma finalidade "pompoarística".

2. Toda mulher pode usar as bolinhas?

Não, por isso é fundamental, antes de comprá-las consultar um ginecologista. Corrimentos, infecções, feridas, herpes em estado ativo e qualquer tipo de dor na vulva são condições que podem não só dificultar a prática, como piorar os problemas. Miomas, cistos e endometriose podem sofrer um agravamento.

Quem apresenta incontinência urinária ou queda reto, bexiga ou útero deve conversar com um especialista. E os exercícios podem levar ao rompimento do hímen em mulheres virgens.

3. Como começar a fazer os exercícios?

É recomendável, primeiro, consultar um ginecologista ou uma fisioterapeuta pélvica para avaliar as condições da musculatura local. Embora algumas especialistas aconselhem não usar nenhum tipo de lubrificante antes, algumas mulheres no climatério ou na menopausa podem recorrer a um produto à base de água para minimizar a secura típica dessas fases. Um pouquinho só é o suficiente, caso contrário as bolinhas escorregam demais e o treino da musculatura fica prejudicado.

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Deitada com as pernas para cima ou sentada na beira da cama ou em uma cadeira, a mulher deve colocar a primeira bolinha e tentar, com a vagina, puxar a próxima até entrar. Com o tempo, deve ser capaz de expelir uma por uma sem o uso das mãos. No começo, pode parecer difícil, mas a simples tentativa de ir contraindo a musculatura — como se estivesse segurando o xixi — e soltar, ainda que necessite usar as mãos no início do treino, já é um trabalho físico e tanto.

É possível fazer os exercícios dia sim, dia não, numa média de 10 a 15 minutos. À medida que se sentir mais confiante e passar a perceber os resultados, dá para realizá-los diariamente e aumentar o tempo de contrair e segurar a bolinha, que começa em torno de 5 segundos. Importante: sempre esvaziar a bexiga antes.

4. Em quanto tempo surgem os resultados?

O pico de ganho acontece por volta do terceiro mês de prática. Isso depende da finalidade principal do exercício — se for para combater a incontinência urinária, os resultados podem demorar um pouco mais. Caso seja trabalhar a musculatura para aumentar a percepção corporal no sexo, em duas semanas já dá para notar uma certa diferença.

O ideal, como toda atividade física, é praticar sempre para manter os benefícios. À medida que a vagina for ganhando força, é possível até massagear o pênis com as contrações, o que amplia a chance de um orgasmo vaginal, pois a penetração é sentida na totalidade.

5. Como higienizar as bolinhas?

Cada mulher deve ter o seu próprio cordão, ou seja, nada de pegar emprestado ou ceder o seu para a amiga. Água e sabão são o suficiente para a higienização, mas as sex shops costumam vender produtos próprios para a limpeza de sex toys.

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É preciso enxugar bem, preferencialmente com algum pano que não solte fibras, e embalar. Álcool, jamais: ele resseca o silicone e pode arrebentá-lo.

6. Cones e dilatadores vaginais têm a mesma função?

Não. Os cones vaginais têm um fio na ponta e são vendidos em um conjunto com cinco, com pesos que vão de 20g a 70g. Eles funcionam como as ben-wa, trabalhando a força, mas seu principal benefício é ajudar as mulheres que sofrem de vaginismo, a contração involuntária dos músculos vaginais na hora da penetração.

Já os dilatadores são próteses de silicone, também em diferentes tamanhos, que atuam no combate à dor na relação. Também são recomendados para pacientes de câncer de útero e mulheres trans que fizeram cirurgia de redesignação sexual, impedindo que o canal vaginal se feche durante o tratamento.

Fontes consultadas: Carla Cecarello, psicóloga, sexóloga, e fundadora da ABS (Associação Brasileira de Sexualidade); Débora Padua, fisioterapeuta pélvica e sexóloga; e Lilian Fiorelli, ginecologista especialista em sexualidade feminina, com matéria publicada em 29/08/2020

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