'Orientação romântica' expõe diferença entre sexualidade e afetividade
De Universa
03/05/2024 04h00Atualizada em 03/05/2024 17h22
Se apaixonar por alguém sem ser por gênero ou sexo é possível? Para muitas pessoas, ter essa afeição por alguém independente da sexualidade, é possível sim.
Alguns acreditam que a paixão se dá por características que nada têm a ver com gênero ou sexo, mas por características relacionadas ao indivíduo mesmo. É o jeito de falar, de tratar, o envolvimento. Existe uma série de fatores que leva ao encantamento pelo outro.
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Diferença entre sexualidade e afetividade
É possível ter um entendimento da vida sexual muito diferente da romântica. Você pode ter o desejo por alguém do gênero oposto, mas isso não quer dizer que, romanticamente, vai ter o mesmo sentimento que o sexual.
A orientação sexual e a romântica funcionam de formas distintas. A sexual estabelece padrões de atração para determinado tipo de característica ou pessoa. Já a romântica valoriza fora do sexo, extragenital, e se baseia em amor, em carinho e outros estados de humor mais complexos.
A atração romântica produz o relacionamento afetivo e continuidade do relacionamento. Ambos trazem prazer, mas o sexo traz a proposta de um prazer imediato e de alta intensidade. Já a romântica promove prazer de mais baixa intensidade e se prolonga com mais facilidade.
Bissexualidade x orientação romântica
O sexo é visto pela sociedade como uma normativa. Se não há vida sexual ativa em um relacionamento romântico, temos um problema. Por muito tempo, entendemos que amor e sexo precisavam estar vinculados, mas são duas coisas completamente diferentes.
Alguns especialistas acreditam que essa conexão surgiu, no decorrer da história, para manter a família unida. Essa tradição vem da Idade Média, onde cada membro da família tinha um papel para manter o sustento de uma casa. Com a chegada do mercantilismo, não havia mais a necessidade de casais e filhos se manterem juntos.
Assim, fazer dos casais algo além do sexo permitiu manter acordos entre famílias e facilitou a manutenção da produção de bens de consumo numa sociedade. O fato de amor e sexo terem andado juntos por tanto tempo fez criar a ideia de que fazemos sexo porque amamos e que amamos porque fazermos sexo.
Há uma construção social de que devemos viver afetividades de acordo com a sexualidade. Mas, um homem homossexual pode amar uma mulher. Ele entende que aquele desejo pode ser experimentado com homens, mas pode se permitir ter relações românticas com mulheres.
Quem vive essas romanticidades é bissexual?
Bissexualidade refere-se à possibilidade de se sentir atraído tanto por homens como por mulheres, enquanto o romantismo refere-se aos estados de humor relacionados ao amor que se pode sentir por qualquer outra pessoa, sem conduzir ao sexo genital.
Para se sentir um bissexual, vale lembrar que é mais que um comportamento sexual, é um posicionamento social. Já as afetividades não são preto no branco. O aspecto afetivo, não se baseia em normas, mas no subjetivo e na construção que cada um faz em relação às suas vontades, seus desejos, suas noções de afeto.
Orientação romântica
Quando as pessoas pensam na separação entre amor e sexo, passa a entender o ser humano com uma riqueza de possibilidades. Abre-se um leque de pluralidade. As pessoas estão se liberando cada vez mais de uma normativa. Agora, basta saber quão dispostas viver essa romanticidade fluída diante de uma sociedade que ainda julga o diferente.
Fontes: Oswaldo Rodrigues Jr., psicoterapeuta sexual, e Breno Rosostolato, psicólogo e especialista em estudos de gênero