'Comunicação conecta e convence a sociedade a mudar', diz Cris Guterres
Diana Cortez e Carol Salles
04/06/2024 04h00
A 8ª edição do Universa Talks acontece sábado (8), às 14h, em SP (na Pocket House Villa-Lobos), e contará com a presença de especialistas, famosas, influenciadoras e, é claro, leitoras. Você pode participar e assistir ao vivo aos painéis que discutirão a importância das nossas Conexões, além de se inscrever em mentorias e ativações.
O ingresso é gratuito, mas o evento é sujeito à lotação. Para se inscrever, clique aqui e insira o código Universa_Talks24.
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A programação está incrível e você pode conferir com detalhes aqui!
Inclusive, dos palcos da ONU direto para o Universa Talks, teremos a ilustre mestre de cerimônias Cris Guterres. Para ter um gostinho do evento e já conhecer esse sucesso da comunicação e da moda, contamos brevemente a sua história.
Começo querendo ser Glória Maria
Cris Guterres é jornalista e apresentadora bem-sucedida e dedica parte de seu sucesso a inspiração que Glória Maria lhe deu desde a infância. "Ela foi minha primeira referência de mulher preta que fez faculdade", conta relembrando o tempo em que carregava uma pequena televisão portátil para o quintal de casa, segurava um frasco de desodorante como se fosse um microfone e repetia as falas da musa nas reportagens.
Querendo crescer tanto quanto sua musa da televisão, não foi difícil para Cris decidir pela faculdade de Jornalismo, apesar de também ter flertado com a área de moda, outro tema de que gosta muito e deixa claro em cada look bafônico que usa e posta em suas redes.
Com talento, carisma e muito estudo -é claro-, durante a faculdade Cris se animou com a carreira ao receber diversos elogios sobre sua competência e poder de comunicação, o que ela não queria ter que lidar era com um mercado totalmente fechado para pessoas como ela: mulher, preta e que, ainda por cima, não era magérrima como o padrão da televisão exigia.
Foi assim que Cris abraçou ainda mais a missão mostrar a importância da mulher preta ocupar lugares. Ela é colunista de Universa, apresentadora de um programa na Tv Cultura, e faz parte de eventos incríveis e relevantes como a maior reunião internacional sobre questões dos direitos das mulheres e igualdade de gênero da ONU (mas especificamente a 68ª Sessão da Comissão da ONU sobre a Situação das Mulheres, em Nova York, nos Estados Unidos).
Durante a viagem de avião para o evento da ONU eu lembrei das violências que sofri e que não me permitiram desistir de trilhar um caminho em que a minha inteligência e capacidade fossem reconhecidas no final. Por que a raiva me move, a dor me transforma e a minha conquista é o resultado da luta de meus ancestraisCris Guterres
Comunicação para melhorar o mundo
No começo de sua carreira, com os receios de não se encaixar nos padrões, Cris prestou concurso e trabalhou 16 anos como gestora pública na Prefeitura de São Paulo, passando pela assessoria de imprensa do governo Fernando Haddad, ex-prefeito da cidade de São Paulo e atual Ministro da Fazenda.
"Mas sabe como é, né? Eu sou aquela pessoa que faz amizade com o bairro inteiro, vai viajar e conversa com quem está do lado? A comunicação é vital para mim", diz.
E foi assim que conseguiu sua primeira chance fora da Prefeitura: tornou-se colunista de Universa, em 2018. "Essa época marcou o início de conversas mais aprofundadas sobre questões de raça e minha coluna começou a fazer sucesso", relembra.
Foram esses textos que a conectaram à televisão. Em 2020, a secretária do diretor de programação da TV Cultura, leitora da coluna, teve a ideia de sugerir Cris para uma vaga como apresentadora na emissora. Ela ganhou um posto à frente do programa Estação Livre.
Cris ainda usa sua voz e presença para se comunicar em prol de outras causas importantes, sendo conselheira do Pacto Global da ONU.
Sou essa pessoa que pensa como a comunicação conecta e pode convencer a sociedade a mudar de atitudes para que a gente consiga minimamente ter uma vida com maior qualidadeCris Guterres
'Liberdade é não ter medo'
Cris acredita que seu o grande desafio agora é sair da "caixinha" de raça, isto é, ser a mulher múltipla que é, e não falar apenas de um assunto.
"Sou versátil, diversa, eu sou jornalista, sou competente, estudo, então eu posso fazer outras coisas. E eu venho mostrando isso com bastante força", conclui a mulher que não tem medo de se mostrar exatamente quem é: preta, mãe, trabalhadora, sobrecarregada, que também sofre com a síndrome da impostora, que às vezes tem medo, mas também tem coragem.
Universa é o elo entre mim e as mulheres que, assim como eu, estão buscando conhecimento e informação porque querem ser livres. E como disse Nina Simone: 'liberdade é não ter medo'. Acho que o trabalho que a gente faz em Universa é mostrar para as mulheres que elas podem ser livres e sentir menos medoCris Guterres