Áudio mostra líder da Bola de Neve expulsando esposa do quarto: 'Sai fora'

A publicação do vídeo viralizou e fez com que Rina se afastasse pela primeira vez da liderança da igreja naquele mês, mas, de acordo com os relatos, a violência não parou ali.

Pouco tempo depois, Denise enviou um áudio para uma pessoa próxima, no qual era possível ouvir mais uma tensa discussão entre o casal. Nele, Rina chegou a chamar a esposa de "endemoniada" e "encrenqueira". O áudio vazou na semana passada nas redes sociais.

Vamos divorciar, caraca! Segue sua vida então, porra! [...] Tá sempre com essa cara de merda [...] Você parece que é maluca [...] Pessoa amarga, mal-amada, envenenada [...] Eu não quero você no meu quarto mais [...] Você vai me respeitar [...] Você só fala bosta! Denise, você tem um problema que você precisa tratar a sua cabeça [...] Eu quero ser feliz. Você quer divórcio? Fala logo então, porra! [...] Vive com a cara esquisita?tá bem num dia comigo, no outro acorda endemoniada [...] Você só escuta demônio, sua cabeça é maluca. Satanás entra e sai na tua mente na hora que ele quer? trechos do áudio.

A Universa, Rinaldo classificou a discussão como uma crise. "Estamos vivendo uma crise conjugal".

"Como já explicado pelo próprio apóstolo, os áudios referem-se a uma discussão de casal, de foro íntimo e pessoal. Rinaldo Seixas nega qualquer prática violenta e está confiante na apuração isenta de todos os fatos pela Polícia Civil e Ministério Público", disse a assessoria de Rinaldo.

A advogada Gabriela Manssur, que representa Denise, disse à reportagem que ela estava sendo vítima de forte violência verbal e psicológica, o que estaria, inclusive, comprometendo a saúde física da pastora. Por isso, ela entrou com um pedido de medida protetiva, que foi aceito pela Justiça, e saiu de casa.

Testemunhas confirmam clima tenso

Enzo Perondini, que trabalhou diretamente com Rina na Igreja Bola de Neve e saiu da instituição em 2008, contou a Universa que considerava o apóstolo grosseiro e agressivo na forma de falar com a esposa.

Eu frequentava a casa dele. Ele sempre foi estúpido com ela. Não tinha uma palavra carinhosa, não tinha uma palavra de respeito, era sempre grosso, uma pessoa estúpida. E ela vivia apavorada, sabe? Uma mulher que vivia acuada, com medo dele, Denise vivia com medo, coitada? Então, é esse tipo de gente que é o Rina.

Outra pessoa, ligada à igreja e ao casal, que prefere não se identificar por temer represálias, contou à reportagem que via Rina sempre gritando com Denise e que ela tinha de atender as vontades dele.

O pastor teria comprado há poucos meses uma arma de fogo, segundo fontes ouvidas por Universa. Questionado, o religioso não respondeu sobre isso.

Ele [Rina] não deixava a gente tomar café. Ele sempre [estava] subjugando ela. Isso não começou agora, eu acho que só foi piorando no decorrer dos anos. Mesmo com pouco tempo de casados, ele já era totalmente grosseiro com ela, opressor, sempre foi. Ela não tinha voz para nada, contou Mirthes dos Santos Oliveira, que hoje tem 39 anos, e que morou e trabalhou na casa da família dos 16 aos 18 anos.

Segundo Mirthes, além das agressões verbais, os pais de Denise eram impedidos de frequentar a casa da família -informação que também foi confirmada por Nathan.

"Ele sempre fez de uma maneira velada. Dizia que não queria eles lá porque tiravam a privacidade", disse o filho de Denise. Para Nathan, o ambiente de sua casa "sempre foi de medo".

O casal poderoso da Igreja Bola de Neve, segundo fontes informaram à reportagem, mora numa casa com mais de 400 m², distribuídos em cinco andares, com academia, sauna, piscina e suítes "enormes", no bairro do Pacaembu, em São Paulo.

As fontes ouvidas pela reportagem disseram ainda que pastores envolvidos com a liderança da denominação já presenciaram cenas de violência verbal de Rina contra Denise, no ambiente da igreja, mas nunca chegaram a se manifestar em defesa dela.

"Se ele não concordasse com alguma fala dela, ele dizia: 'Cala a boca, você não sabe o que está dizendo, você é uma burra'. Muita gente já presenciou, inclusive esses pastores que estão fazendo cara de paisagem e de novidade", declarou Mirthes.

Em caso de violência, denuncie

Ao presenciar um episódio de agressão contra mulheres, ligue para 190 e denuncie.

Casos de violência doméstica são, na maior parte das vezes, cometidos por parceiros ou ex-companheiros das mulheres, mas a Lei Maria da Penha também pode ser aplicada em agressões cometidas por familiares.

Também é possível realizar denúncias pelo número 180 — Central de Atendimento à Mulher — e do Disque 100, que apura violações aos direitos humanos.