Casa de presente, pé de meia e viagens de luxo: como é ser uma sugar baby

Seis anos atrás, a advogada paulista Jennifer*, 30, apostou com as amigas quem do grupo seria aceita em um site de relacionamento sugar.

Depois de colocar algumas fotos e fazer um perfil atraente, ela foi a única que conseguiu ser aprovada e deu o famoso match com homens dentro da plataforma. "Coloco fotos no privado e vou em busca de um relacionamento sugar", diz.

Pouco a pouco, ela foi encontrando quem aceitava sair, quem estava em busca de uma boa uma companhia, bom papo e relações sexuais. O intuito desse tipo de relação, segundo ela, é fazer networking.

Muitas vezes quem está dentro desses sites não busca somente sexo, mas, sim, companhia para eventos, jantares, festas e viagens.

Morando no interior na época em que entrou no site "Meu Patrocínio", ela conta que se relacionou com um homem um pouco mais velho, que fez sua vida mudar por completo.

Ele tinha 12 anos a mais que eu e me rendeu um relacionamento de quase dois anos. Jennifer, advogada

Mesmo estando em uma "relação", ela afirma que era livre para fazer o que queria, assim como ele. Além disso, estar sempre nesse meio trazia benefícios profissionais e pessoais.

"Você acaba tendo alguém que te ajude. Não tenho preconceito. Atualmente, tenho duas pessoas que me ajudam, uma em Brasília e uma em São Paulo. Conquistei meu carro, meu apartamento e estou fazendo um pé de meia", conta.

Ela também rebate dizendo que ser uma sugar baby não tem a ver com prostituição, pois as duas categorias são bem diferentes. "Não fico em casa noturna, não cobro por encontro. Precisa ter química, preciso sair para conhecer a pessoa. A garota de programa não tem isso", afirma.

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Casa própria como presente

Jennifer, que antigamente vivia em Ribeirão Preto, no interior do estado de São Paulo, nunca teve acesso a bens materiais de luxo e uma vida de alto padrão.

Desde que começou nesse universo e experienciou encontros com sugar daddies sua vida mudou para melhor, segundo ela.

Inclusive sua casa própria foi comprada sem precisar de um financiamento. O imóvel foi dado de presente quando ela estava no relacionamento com o homem mais velho.

"Falei que ia financiar e ele falou 'que nada'. Deixa que eu pago. Aí foi lá e pagou à vista", relembra.

Só com esse "mimo", ela economizou mais de R$ 150 mil. Ela também já conseguiu presentear o pai com um carro novo. Questionada se os pais não suspeitam, ela é categórica na resposta. "Não. Eu também ganho bem."

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Agora, ela tem o imóvel na cidade e também já mora em um bairro de alto padrão na cidade de São Paulo, além de ter seu carro próprio.

E se engana quem pensa que ela não trabalha. A advogada atua no setor público do estado e diz que ser sugar baby é justamente para conseguir coisas que ela ainda não conquistou e que seria mais difícil trabalhando.

Outra vantagem desse estilo de vida é poder se relacionar com pessoas mais velhas e maduras, segundo a advogada.

Ela conta que não gosta de homens mais novos e revela que não tem relação sexual com o daddy em todos os encontros.

"Muitos só querem alguém para ter uma companhia. Já saí com homens gays que precisavam se mostrar homens na sociedade e me chamavam. Já fiz viagens incríveis e só dava selinho para fingir", brinca.

Mesmo com esses privilégios, não está nos planos da advogada parar de trabalhar e seguir somente com os encontros. "Eles pagam minha fatura do cartão e me ajudam. Mas não dependo só deles", diz.

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Jennifer ressalta ainda que gosta da vida que tem, mas preza pela sua liberdade. Por isso não se envolve com ninguém em um relacionamento sério. Ela também admite que está fazendo seu reserva financeira, pois não sabe quanto tempo vai seguir tendo esses relacionamentos.

Viagens e estabilidade financeira

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Imagem: Getty Images

Bel*, 24, também atua no universo sugar há algum tempo. A jovem conta que, no passado, tinha um namorado que sempre dizia que ela tinha "vocação" para isso e que deveria investir no segmento. "Ele falava, literalmente, para eu ter um sugar daddy", brinca.

Depois de ver um anúncio na internet, resolveu se inscrever em uma plataforma específica para esses relacionamentos. Fez o perfil, colocou a foto e foi aprovada.

Pouco tempo depois, começou a ter os primeiros encontros com caras mais velhos. "No site tem de várias idades, de 30 a 60 anos. Você coloca um filtro", conta.

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Atualmente, Bel tem um sugar fixo, que dá suporte financeiro e que é presente emocionalmente. Mesmo com o parceiro, ela conta que também sai com outros homens dentro do site para continuar experimentando momentos luxuosos e únicos.

E mesmo parecendo algo bem diferente do tradicional, não há nada anormal quando comparado a um aplicativo de relacionamento "comum".

É igual ao Tinder. A gente começa a conversar, vamos para o chat do WhatsApp, marcamos um encontro e saímos para conversar. Existem pessoas que estão ali por diversão e tem pessoas que só para sexo e dinheiro. Bel

Mesmo parecendo que o principal foco é monetário, esse universo não é só para isso. Segundo Bel, muitos homens são atenciosos, gentis e querem uma companhia para trocar coisas da vida e se sentirem acolhidos.

Além disso, ela conta que eles não gostam de mulheres preguiçosas, que não têm um bom papo e que não têm "algo a mais". Um erro muito comum, segundo a jovem, é chegar no primeiro encontro pedindo dinheiro e mostrando que está ali apenas para isso.

Por causa dos ensinamentos que ganhou ao longo de todos esses anos, a sugar baby sabe exatamente o que ela quer para ela, e se diz grata a esse estilo de vida e aos homens que conheceu.

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Hoje, ela ressalta que só tem uma vida estável graças ao universo sugar, que proporcionou grandes viagens, roupas da melhor qualidade, bons restaurantes e uma estabilidade financeira.

Mas, ao contrário do que muitas pessoas acham, ela afirma que trabalha e tem uma vida normal, inclusive com dois empregos. Mas prefere manter o que faz no anonimato, com medo de represálias e preconceito dos outros.

"Minhas amigas mulheres chegaram a falar que eu era interesseira e se afastaram de mim. Mas é um relacionamento como outro qualquer", diz.

Dicas para tornar-se uma sugar baby

Antes de mais nada, saiba o que é ser uma sugar baby. É uma relação baseada em benefícios mútuos, em que você pode receber apoio financeiro, presentes e experiências em troca de companhia e atenção.

Escolha a plataforma certa: existem vários sites e aplicativos dedicados a conectar sugar babies e sugar daddies. Pesquise bem e escolha uma plataforma confiável e segura.

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Crie um perfil atraente: invista tempo em criar um perfil que destaque suas melhores qualidades. Use fotos elegantes e uma descrição sincera sobre o que você procura na relação.

Seja clara sobre seus limites: defina desde o início o que você está disposta a fazer e o que não está. A comunicação clara evita mal-entendidos e garante que ambas as partes estejam na mesma página.

Seja seletiva: não aceite qualquer proposta. Analise o perfil dos possíveis sugar daddies, veja se há compatibilidade e se eles atendem às suas expectativas.

Priorize sua segurança: nunca compartilhe informações pessoais logo de cara. Marque os primeiros encontros em lugares públicos e avise um amigo ou familiar sobre seus planos.

Tenha expectativas realistas: entenda que nem todo sugar daddy é um milionário. Muitos são apenas pessoas bem-sucedidas que querem um relacionamento sem as complicações tradicionais.

Cuide da sua imagem e saúde: aparência é importante, mas saúde mental e física também. Mantenha-se bem cuidada, mas sem exageros, e priorize seu bem-estar.

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Desenvolva habilidades de comunicação: saber conversar e se expressar bem é essencial. Seja interessante e mostre interesse genuíno pelo outro.

Tenha um plano de longo prazo: pense além do momento. Use a oportunidade para investir em sua educação, carreira ou qualquer outra meta que tenha. Não dependa exclusivamente desse estilo de vida.

Respeite-se e exija respeito: nunca aceite menos do que merece. Uma relação de sugar baby deve ser baseada em respeito mútuo e benefícios para ambos.

*Os nomes foram trocados para preservar as identidades das entrevistadas.

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