Nasce uma mãe, nasce uma ansiedade: 89,6% das gestantes se dizem ansiosas
O clichê "nasce uma mãe, nasce uma culpa" está ultrapassado. Esse sentimento negativo ficou para trás no ranking daqueles vivenciados pelas gestantes: 89,6% das mães dizem que se sentem ansiosas - a maioria (54,3%) diariamente - enquanto a culpa arrebata 33,72% delas. Se quiser companhia para passar pela gestação compreendendo as mudanças com maior tranquilidade e informação, se inscreva para newsletter de Materna no box abaixo.
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Atualmente as mães têm menos rede de apoio e temos uma vida menos comunitária. A gente precisa dar conta de múltiplas tarefas. Casa, filhos, trabalho e mais uma porção de coisas.Maria Silvia Logatti, psicóloga e filósofa
Segundo Maria, a ansiedade está diretamente relacionada ao medo de não saber fazer as melhores escolhas, especialmente quando não vivenciamos aquela situação antes. "Será que eu vou dar conta? Será que vou saber fazer? Muitas vezes, ela está ligada a uma falta de repertório. Eu nunca fui mãe, será que vou conseguir?", exemplifica.
Agora, se as mães naturalmente costumam ter essas preocupações, imagine quando sobrecarregadas. "Muitas vezes, as que possuem mais repertório têm a tendência de se sentirem menos ansiosas, mas a ansiedade pode aparecer por outros fatores. Será que o dinheiro vai dar? Como vai ser uma nova criança no contexto familiar? Nunca tive filho e trabalhei, será que vou saber equilibrar?", completa Maria Silvia.
A pesquisa confirma a presença de outras variáveis para além da falta de experiência: 41,67% das gestantes de primeira viagem percebem-se ansiosas, índice que cai levemente, para 40%, quando a mulher está grávida do segundo filho, mas sobe vertiginosamente quando a mulher já tem dois filhos e está grávida do terceiro, chegando a 57,14%.
Os números são do "Estudo Materna: o que pensam e querem as mães" - realizado em dezembro de 2023 com mil mulheres, através da metodologia de Mind Miners, plataforma especializada em Consumer Insights - que ainda revelou falta de tempo para si como um dos maiores desafios das mães.
Mães mais ansiosas do mundo
A ansiedade patológica (que prejudica o dia a dia, é difícil de controlar e traz sintomas físicos), se não tratada corretamente - pode desencadear outros transtornos, como a depressão, que afeta mais de 300 milhões de pessoas em todo o globo, conforme a Opas (Organização Pan-Americana da Saúde).
O Brasil é o país mais ansioso do mundo: cerca de 18,6 milhões de pessoas sofrem com transtornos de ansiedade - o que corresponde a 9,3% da população. Paraguai, segundo colocado, aparece com 7,6%, seguido de Noruega com 7,4%. O Google Trends (ferramenta do motor de busca que aponta os assuntos mais procurados na internet), confirma: somos a população que mais "dá um google" no termo "ansiedade".
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que, só no primeiro ano da pandemia de Covid-19, tivemos aumento de pelo menos 25% nos níveis de ansiedade e depressão no mundo. O mesmo relatório enfatiza a importância de olharmos para as mães: "a construção da família pode ser um momento arriscado para a saúde mental". Em seguida, reforça que depressão e ansiedade maternas podem prejudicar a capacidade da mãe de criar laços com o seu bebê, e o quanto fatores estruturais podem ser fundamentais.
No Brasil, além da sobrecarga materna percebida, a falta de estrutura para uma vida minimamente tranquila contribui para a chegada de novos anseios.
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Quero receber"Precisamos lembrar que vivemos no país mais ansioso porque temos uma desigualdade social muito grande. Grande parte do que faz a gente viver melhor é fruto do esforço do próprio indivíduo, que precisa pagar convênio médico e outros recursos que em outros países são fornecidos pelo estado. Aqui também tem essa possibilidade, mas eles são de pior qualidade, e isso gera mais ansiedade", comenta Maria Silvia Logatti.
Mas e a culpa?
É comum que o sentimento de culpa apareça depois da ansiedade - quantitativamente, como vimos nos dados, e cronologicamente, como podemos entender a seguir. Se a ansiedade, resumidamente, se traduz em medos do que está por vir, a culpa, em geral, se manifesta depois da realidade apresentada.
A culpa é um sentimento de fracasso de uma escolha feita. Por exemplo, se eu escolhi ficar com meu filho porque ele está doente, sinto culpa porque deixei o trabalho, e vice-versa. Maria Silvia Logatti, psicóloga e filósofa
Então nada de se culpar por identificar que a ansiedade ou a culpa andam rondando sua mente. Você definitivamente não está sozinha, apesar de também poder se sentir assim: 43,82% das gestantes ou mães revelam sentir solidão.
A dica para lidar com qualquer um desses fantasmas é a mesma: procure ajuda. Construa uma rede de apoio, seja familiar, paga, recheada de boas amizades, ou composta por mães que conheceu nas redes sociais.
E, lembre-se, há muitos sentimentos positivos que também experienciamos ao gerar um bebê e eles ganham dos negativos: 93% das gestantes ou já mães dizem sentir amor, tanto durante quanto após a gestação; 85% sentem felicidade; e 80% gratidão. Três pilares essenciais de qualquer mente sã.
Esteja alerta apenas se os sentimentos negativos estiverem tirando o brilho de tudo isso aí atrás, e atrapalhando a sua vida de forma holística. Essa é a hora de buscar outra ajuda - a de um profissional especializado em saúde mental, que identificará o melhor tratamento.
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