Está sem vontade de transar? Entenda os fatores que podem influenciar
Colaboração para a Universa*
12/07/2024 04h00
Muitas mulheres se queixam de falta de vontade de fazer sexo. Esse desânimo pode ter inúmeras razões, como medicamentos usados para tratar doenças crônicas ou até patologias ginecológicas ou na região da pelve que podem causar dor ou sangramento na hora da transa. Veja qual é o seu caso e invista em um especialista para ajudar.
Fatores psicoemocionais
Tabus também influenciam na construção de sua sexualidade. Poucas são as meninas que são criadas para se tocar, se conhecer e ter prazer - o contrário pode ser percebido na infância e adolescência dos meninos. Essa é uma questão comportamental.
Além disso, pacientes que apresentam transtornos psíquicos como depressão ou ansiedade são expostos a remédios que, comprovadamente, diminuem a libido.
Foco no ato sexual
Geralmente, homens têm total concentração durante o sexo, até porque eles precisam ter ereção. As mulheres são muito mais comportamentais no sexo. É importante ensinar a mulher a também ter consciência do seu corpo e da coordenação vaginal, em vez de só se preocupar se o parceiro está gostando. O mecanismo é semelhante ao de começar a dirigir: no começo é difícil, mas o tempo fica fluido e fazemos sem perceber.
Autoconhecimento
São poucas as mulheres que conhecem seu próprio corpo, o que limita a busca pelo prazer. Por isso, uma dica é observar sua região íntima no espelho, se tocando e descobrindo quais as áreas mais sensíveis.
Assim, é possível identificar as áreas sensíveis do canal vaginal, onde é possível ter dor ou desconforto. Ao fazer exercícios, aumenta o fluxo sanguíneo e o calor, melhorando a umidade local e as terminações nervosas.
Perda do tônus muscular do assoalho pélvico
Esse é um problema que atinge aproximadamente 5% da população mundial. Além de problemas de sexualidade, como perda da sensibilidade, pode causar incontinência urinária, por isso especialistas têm usado cadeiras que emitem estímulos eletromagnéticos para tratar o problema e aumentar a sensibilidade na área.
Multidisciplinaridade
Pacientes com queixa de perda ou diminuição da libido geralmente encontram mais sucesso para o resgate em tratamentos multidisciplinares, não importando a razão do fenômeno.
Criado em 1993, o ProSex do HC, conta com cerca de 30 profissionais da saúde, entre psiquiatras, psicólogos, urologistas, ginecologistas, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais e educadores, pós-graduandos e residentes de psiquiatria, além de estagiários da área. Lá, muitas mulheres são acolhidas e encaminhadas para um tratamento multidisciplinar que ocorre integralmente para gerar melhores resultados.
Doenças crônicas
Quadros de enxaqueca e outras doenças crônicas afastam a libido, além das medicações obrigatórias. Todos os remédios têm potencial de influenciar, alguns mais, outros menos.
As medicações que têm mais efeito contra a libido são aquelas que mexem com o metabolismo e o sistema nervoso central, principalmente atuando na assimilação da dopamina. Isso sem falar nas doenças ginecológicas como disfunção da anatomia da pelve ou endometriose.
Dor ou desconforto na hora da transa
Muitas mulheres relatam dor ou sangramento durante a relação sexual, o que tira a vontade de transar. Ainda há casos de vaginismo, uma disfunção sexual feminina que provoca a contração involuntária dos músculos do assoalho pélvico tornando dolorosa ou impossível a penetração.
Abusos
Muitas mulheres têm problemas no desenvolvimento de sua sexualidade por conta de aspectos históricos e culturais, ou até emocionais. Abusos de qualquer natureza sofridos na juventude sempre deixam cicatrizes.
Atualmente muitos especialistas têm o conceito de libido é igual a tesão. No geral, há quem trabalhe com uma abordagem mais ampla. Freud, por exemplo, apresenta a libido como energia vital. A falta dela estaria relacionada a quando a pessoa não vê brilho na vida — algo corriqueiro na modernidade.
Fonte: Flavia Faibanks, médica e coordenadora de Ginecologia do Projeto Sexualidade do Hospital das Clínicas; e Marcia Oliveira, fisioterapeuta pélvica
*Com matéria publicada em 05/01/2019