Mais de 1 milhão de brasileiras sofreram violência em 2023, mostra Anuário
A violência contra a mulher cresceu no ano passado, no Brasil, em comparação ao ano de 2022, segundo dados da 18ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgados nesta quinta-feira (18).
No total, 1.238.208 mulheres foram vítimas de algum tipo de violência no Brasil, somente em 2023. Os números envolvem homicídio e feminicídio (consumadas e tentadas), agressões em contexto de violência doméstica, ameaça, perseguição (stalking), violência psicológica e estupro.
Mulheres negras são as mais afetadas
Feminicídio cresceu. Em relação a 2022, o Brasil teve um aumento de 0,8% dos crimes de feminicídio. Foram 1.467 mulheres mortas por razões de gênero, o maior número já registrado desde a publicação da lei que tipifica o crime. As tentativas do crime aumentaram 7,1%.
Mulheres negras são maioria das vítimas de feminicídio. 63,6% das vítimas de feminicídio foram mulheres negras e 35,8%, brancas. Além disso, 71,1% tinha entre 18 e 44 anos e 64,3% foram mortas dentro da própria casa.
Homicídio foi o único crime que caiu. A diminuição foi de apenas 0,1%, correspondendo em números absolutos a quatro casos a menos do que em 2022 — o que acaba sendo relevante quando se considera individualmente cada mulher. Por outro lado, a tentativa de homicídio subiu 9,2%.
Violência doméstica aumentou em quase 10%. Em 2023, foram 258.941 vítimas mulheres, um crescimento de 9,8% em relação à 2022. O número de mulheres ameaçadas subiu 16,5%: foram 778.921 as mulheres que vivenciaram essa situação e registraram a ocorrência junto à polícia.
Violência psicológica e stalking. Outros dois índices que aumentaram foram a violência psicológica (33,8%) e stalking (perseguição), com 77.083 mulheres passando por isso, um aumento de 34,5%.
Estupro atingiu um recorde em 2023: 1 estupro a cada 6 minutos. Foram 83.988 casos registrados, um aumento de 6,5% em relação a 2022. As vítimas mais recorrentes são meninas negras de até 13 anos — os dados aqui não envolvem apenas mulheres.
Estupro contra mulheres cresceu 5,3%. O crime, envolvendo vulneráveis (vítima menor de 14 anos ou quando, sendo maior de 14 anos, não está em condições de consentir), registrou 72.454 mulheres e crianças do sexo feminino.
Acionamento da Polícia Militar. Foram 848.036 ligações para o 190 (serviço da PM utilizado para casos de emergência), com 663.704 novos processos na justiça com pedidos de medidas protetivas, dos quais 81,4% tiveram a medida (ou medidas) concedidas.
Perfil do criminoso. 90% dos assassinos de mulheres são homens. 63% era o parceiro íntimo da vítima, parceiro, 21,2% ex-parceiro e, 8,7%, era algum familiar.
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