O que fazer (ou não) quando você quer coisas diferentes na cama?

Para muitas mulheres propor uma fantasia, uma posição nova ou um tipo de carícia nova no sexo é constrangedor. O resultado é que algumas preferem não falar nada e ter uma vida sexual bem "mais ou menos" a abrir o jogo sobre seus desejos ao parceiro.

Mesmo que sexualidade seja um assunto cada vez discutido abertamente na mídia, não são poucas as pessoas que ainda sentem vergonha ou medo de abordá-lo. Falar o que quer na cama não deveria ser tabu em pleno 2024, mas infelizmente ainda é.

Toda mulher que quer uma sexualidade plena e saudável deveria se abrir para o tema. Há, no inconsciente coletivo, uma associação do sexo com pecado, com algo proibido ou até mesmo sujo.

O sexo ainda não é visto com naturalidade e, por isso, são comuns as piadinhas sobre o tema como forma de disfarçar o constrangimento. Para a mulher, então, é mais difícil, até porque em nossa cultura, durante séculos, o que se esperava é que ela não tivesse interesse por sexo, já que isso era associado aquelas que não 'prestavam'.

Mesmo inconscientemente, isso leva muitas delas a não expressarem seus desejos mesmo que a vida a dois seja insatisfatória. Para isso, dizer o que quer na cama exige sair da zona de conforto e também ter que lidar com possível machismo do parceiro.

Há homens que reagem com questionamentos pejorativos do tipo 'onde você está aprendendo essas coisas?' ou 'que moderninha, hein?!'. A mulher, então, se bloqueia para caber dentro da expectativa do parceiro e em uma papel de esposa que refletem modelos antigos que ainda persistem na sociedade.

Em geral, a mulher que tem medo de exteriorizar o que gostaria de fazer é refém dos modelos culturais e patriarcais que valorizam apenas a opinião masculina. Muitas vezes, ela acredita que vai desagradar o parceiro pedindo algo diferente do que estão habituados, pois isso pode ser interpretado como 'você não me satisfaz'. E ela não quer passar essa impressão.

Outra preocupação constante é a possibilidade de ele achar que ela gostaria de ter outros homens, ou, pior, que vem sendo traído porque a parceira demonstra querer ou experimentou novidades.

Como falar?

O silêncio é desserviço em qualquer área de relacionamento. Novos caminhos se constroem com muito diálogo, que pode ser um bate-papo informal. Para falar de sexo é preciso deixar de lado a cerimônia.

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A regra de ouro é a mulher elevar sua autoestima impondo assertivamente seus desejos e deixando claro que quer colocá-los em prática com o parceiro como uma maneira de aumentar a proximidade e a intimidade entre os dois.

Sugerir algum vídeo ou colocar algum filme com a tal fantasia para assistirem juntos, também pode ser um recurso interessante e uma boa maneira de quebrar o gelo. O modo ideal é sempre perguntar 'vamos tentar juntos?' ou 'o que acha de tal ideia?'. É uma comunicação mútua construtiva que torna o assunto acolhedor e instigante.

Também é importante deixar claro que a proposta é experimentar algo a dois - e que, caso um ou ambos não gostem, não precisam prosseguir ou repetir, mas que novas possibilidades continuam bem-vindas.

Outra maneira de se expressar é durante a própria transa. Na cama, as sugestões podem ser mais fáceis de serem 'ditas', já que a mulher pode conduzir o parceiro para aquilo que ela deseja. As linguagens não verbais podem ser mais reveladoras do que a fala.

Ou, ainda, dar indícios na hora das carícias, falando alguma coisa ao pé do ouvido do homem ou reforçando que está gostando do que ele está fazendo com sussurros. É preciso lembrar sempre que o outro não tem o poder de adivinhação sobre o que pensamos, mas ao 'ler' os sinais pode perceber que vem trilhando um caminho que agrada.

Criticar, jamais. Existem pessoas muito resistentes às mudanças. Chamar o par de careta ou retrógrado, por exemplo, como forma de 'estimular' o homem a reagir só vai gerar o efeito contrário. É possível que a resistência tenha algum fator emocional por trás. Por isso, conversar, além de sempre ser a melhor solução, ainda abre espaço para novas possibilidades.

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Fontes: Alessandra Augusto, psicóloga clínica pós-graduada em Terapia Sistêmica, do Rio de Janeiro (RJ).; Danni Cardillo, sexóloga; Joselene L. Alvi, psicóloga; e Rejane Sbrissa, psicóloga clínica de São Paulo (SP)

*Com matéria publicada em 22/08/2020

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