Foco total: use o mindfulness para melhorar o sexo e a conexão com seu par
Colaboração para Universa
01/08/2024 05h30
Se o mindfulness pode ser adotado em diferentes áreas para promover o controle dos pensamentos, emoções e atitudes, beneficiando tanto a vida pessoal quanto profissional, nada mais óbvio que também aplicá-lo na hora do sexo, não é mesmo? A promessa é de uma transa muito mais intensa, permitindo conexão bem maior entre casal e potencializando o prazer.
Mindfulness pode ser definido como um estado mental em que a pessoa tem controle sobre o foco e se mantém totalmente concentrada no momento atual. Isso nada mais é do que estar 100% presente para aquilo que está fazendo, o que vale para qualquer atividade. Mas não se trata de apenas fechar os olhos e meditar, ok? A atenção plena ao momento pede treino, a fim de eliminar distrações que levem os pensamentos para longe - nada que não se resolva com um pouco de prática, felizmente.
Sexo intenso
A atenção totalmente voltada para a ocasião e a atividade permite viver intensamente o momento como ele é, o que se aplica perfeitamente ao sexo. Neste cenário, não existem projeções ou fantasias que distraiam o foco do que está acontecendo na cama.
É por isso que o mindfulness potencializa ainda mais o prazer, a entrega e a troca no sexo. Estar presente para cada sensação do corpo e para o parceiro faz com que o sexo se torne muito mais intenso e profundo, tanto no aspecto físico do prazer como na entrega e cumplicidade com o par.
Aplicar o mindfulness entre quatro paredes é não lutar com pensamentos externos, preocupações do dia a dia e imagens que distraiam. Naquele momento, a ideia é focar na presença dos corpos que estão juntos para terem prazer e troca de emoções positivas. Afinal, mindfulness é uma prática que exige um concentrar maior na respiração e na sensação corporal, observando quando a mente começa a divagar.
Se isso acontecer, é preciso redirecionar a atenção às sensações do momento. O benefício é tão grande que, segundo a especialista, há estudos que já apontam que o mindfulness pode aumentar o orgasmo em até 15 minutos.
Praticar é preciso
Verdade seja dita, dominar a técnica da atenção total não é algo que acontece de um dia para outro: requer prática e tempo. O bom é que a cada experiência surgem novas descobertas. Inicialmente o sexo pode ser um pouco estranho, por estarmos habituados a uma relação com 'script', que tem começo (preliminares), meio (penetração) e fim (orgasmo). Por isso, pode ser um pouco diferente se despir disso e apenas aproveitar o momento.
Por essa razão, indica-se que a prática seja iniciada com alguém bem íntimo e igualmente disposto a tirar proveito do mindfulness.
Foco no momento
Esvaziar a mente de questões que só atrapalham - encanações com o corpo, com a performance, com o pós-sexo, por exemplo - é mandatório para que a atenção plena traga benefícios.
A concentração e o foco no ato farão com que cada gesto, atitude, sabor, textura seja percebido de fato. É o conjunto de tudo isso que faz o sexo ultrapassar as barreiras mecânicas e trazer benefícios mentais e emocionais.
A concentração também ajuda na construção do erotismo e na autoestima, o que reflete diretamente no sexo. Isto porque faz a pessoa se sentir melhor, com ela mesma e com o outro, além de favorecer o humor e ajudar a combater o estresse e a ansiedade.
Atenção à respiração
A respiração complementa a atenção plena na hora do sexo. Ela é um grande portal para entrarmos mais em contato com nosso corpo, nossas emoções, ampliando a consciência.
Um ótimo início é colocar a atenção na respiração, percebendo a temperatura do ar quando inspira e expira, bem como o tórax expandindo, além de acompanhar o movimento que a respiração proporciona. Isso faz o prazer e o sexo ficarem mais incríveis ainda.
A respiração alinha corpo e mente e ajuda a trazer o pensamento para aquilo que é importante naquele exato momento, ou seja, o prazer, a manifestação de emoções positivas, a intimidade e a conexão entre o par.
Não à toa, a respiração vai se alterando durante as distintas fases da resposta sexual. Concentrar-se nela vai ajudar a manter o ritmo, entender os estímulos de excitação e aumentar a conexão, permitindo saber o que mais excita o par ou quando ele vai chegar ao clímax. Além de aumentar a conexão entre o casal, ao ser sincronizada, a respiração pode ser usada como um "toque". Quando um respira próximo ao corpo do outro é como se estivesse tocando-o.
Para quem não consegue controlar a respiração e o foco, a ajuda profissional ou de algum grupo de meditação podem ser bem úteis.
Para testar entre quatro paredes
Especialistas sugerem exercícios para você praticar:
1. Na hora do sexo, entregue-se ao momento e ao par, sem deixar os pensamentos dispersarem para outras fantasias ou lembranças. Concentre-se nas sensações e na presença da outra pessoa. Foque no prazer de cada parte do corpo e, ao mesmo tempo, preste atenção no respirar. Para algumas pessoas, é natural que a respiração se intensifique. Questões do tipo: "Será que o outro está gostando?", "O que devo fazer agora?" devem ser totalmente ignoradas. Permita-se fluir na respiração e no sentir de cada parte do seu corpo. Apenas flua e esteja presente para o prazer.
2. Prepare o ambiente com velas, incensos, música relaxante e outros detalhes. Diante do par, comece o sexo de maneira diferente: sentem-se um de frente para o outro - de pernas cruzadas ou sentados sobre as pernas. Olhem nos olhos, enquanto seguram as mãos. Sincronizem a respiração. Sem pressa, iniciem toques suaves, simultâneos ou um de cada vez: beijos com intensidade crescente (do selinho ao beijo de língua), carícias no rosto, cabelo, pescoço, no colo do outro - não há roteiro, mas podem começar pela cabeça e estender para o restante do corpo. Explorem as regiões geralmente negligenciadas no sexo rotineiro. No mindfulness, o sexo não precisa, necessariamente, terminar com o orgasmo. Trata-se muito mais de sentirem novas formas de prazer e focar no momento.
3. Um dos exercícios mais comuns de mindfulness pode servir de inspiração para o sexo também. A técnica da uva-passa propõe usar todos os sentidos na degustação da fruta seca - segurá-la, olhá-la, tocá-la, cheirá-la e, por último, colocá-la na boca. Ali, precisa passar por todos os cantos antes de ser mordida de leve e, enquanto não se desmancha, deve "passear" novamente pela boca. Pensando nisso, escolha uma parte do corpo do par: segure, veja, toque, cheire, ponha na boca. Sem pressa. Se percebeu que a mente está vagando, respire fundo, volte-se para aquele momento de conexão.
Fontes: Dianeli Geller, coach em meditação; Francine Belem, consultora de sexshop; Ivana Cabral, reprogramadora mental e terapeuta de casais; e Rodrigo de Aquino, especialista em bem-estar, felicidade, psicologia positiva (IPOG) e facilitador FIB (Felicidade Interna Bruta).
*Com matéria publicada em 04/02/2020