Fantasias sexuais mudam conforme a idade; entenda os motivos

Fantasiar com sexo é normal, natural e perfeitamente saudável. E, mesmo que os devaneios eróticos nunca saiam do mundo da imaginação, tê-los produz benefícios para qualquer um, pois fantasias alimentam a criatividade e estimulam a busca por novidades na cama.

As pessoas precisam das fantasias para organizar o mundo e planejar atividades. Assim, as fantasias sexuais sempre serão uma forma de mobilizar para o sexo, dirigindo o corpo e as ações em prol do prazer.

Como o nosso jeito de transar muda conforme o tempo, o tipo de fantasia que temos também vai se modificando ao longo dos anos. Porém, vale lembrar: as fantasias sexuais femininas e masculinas podem ter sua origem desde a infância. Fetiches com sapatos, por exemplo, podem ocorrer nas observações infantis de mulheres com salto alto. Conforme vamos crescendo, novas observações e associações podem gerar diferentes fantasias.

O próprio processo de amadurecimento - que nos leva a adquirir novos conhecimentos e a enxergar a vida sob novas perspectivas - faz com que surja a necessidade de estímulos variados e mais intensos para satisfazer determinados anseios psicológicos. Afinal, a experiência de vida faz o mundo interior ficar mais amplo e isso se reflete no que a pessoa fantasia no sexo.

Repressão juvenil

É importante dizer que — apesar da ebulição hormonal — muitas das fantasias são bloqueadas na adolescência. Isso acontece pela falta de repertório, por medo e até por acharem que certas coisas são erradas.

A partir dos 25 anos, em média, as fantasias passam a ser mais elaboradas e livres de qualquer tipo de repressão. Como é uma fase em que as pessoas também se tornam mais ativas sexualmente, vivenciando diferentes práticas com diferentes parceiros, há maior chance de realizar o que até então se limitava ao plano da imaginação.

É comum, nessa etapa da vida, as fantasias com celebridades, personagens de filmes e séries, colegas de trabalho e variações como transar diante de uma plateia, ver o par com outra pessoa ou ser dominada com algemas ou cordas.

Papel social de gênero

As pessoas pensam e agem de acordo com as diferenças de gênero e de orientação sexual, mas o papel social de homens e mulheres parecem ser independentes da produção das fantasias, que se ligam mais à orientação sexual. Lésbicas tendem a fantasiar de modo mais transgressivo que mulheres heterossexuais e com menos envolvimento romantizado. O mesmo ocorre com homens gays.

Continua após a publicidade

Já as mulheres heterossexuais tendem a buscar fantasias mais de acordo com os papéis sociais femininos estereotipados, como o de se tornar submissa ou de transar com um colega de trabalho.. Isso vale para quando estão num relacionamento ou não - nesse caso, a fantasia é criada durante a masturbação.

Embora a mania de fantasiar tenda a diminuir à medida que as pessoas vão envelhecendo, os medicamentos para disfunção erétil como Viagra e Cialis, além de terapias de reposição hormonal feminina, vêm ampliando a faixa de aproveitamento de uma vida sexual frequente e sadia, o que inclui o hábito de fantasiar.

Elemento de estímulo

As fantasias sexuais são absolutamente necessárias para uma sexualidade interessante e satisfatória, principalmente em relações monogâmicas e duradouras. Elas funcionam como um elemento novo de estímulo. Para muitos casais são, inclusive, uma forma de cuidar da relação, pois ajuda o par a ficar com a mente alimentada de assuntos sexuais e driblar a rotina.

Elas podem ser um excelente tempero para a vida sexual, mas costumam se tornar um problema quando a pessoa deseja realizá-la com quem não consente ou não possui capacidade de consentir. Tornam-se também um problema quando são demasiadamente intensas e causam sofrimento no indivíduo. Isso ocorre, por exemplo, em um sádico, que se sente culpado ao fantasiar provocar dor em alguém.

O sofrimento pode ocorrer também quando o homem ou a mulher necessita tanto da fantasia para se excitar que não consegue realizar o ato sexual sem recorrer a ela. Nesses casos, buscar a ajuda de um terapeuta é fundamental.

Continua após a publicidade

Fontes: Arnaldo Barbieri Filho, psiquiatra, sexólogo e diretor do IES (Instituto de Estudos da Sexualidade); Carla Cecarello, psicóloga, sexóloga e fundadora da ABS (Associação Brasileira de Sexualidade); Carlos Eduardo Carrion, psiquiatra especializado em sexualidade; e Oswaldo Martins Rodrigues Jr., terapeuta sexual e autor do livro "Parafilias -Das Perversões às Variações Sexuais" (Zagodoni Editora).

*Com matéria publicada em 27/02/2020

Deixe seu comentário

Só para assinantes