Stripper conta primeira vez em clube: 'Pior parte não foi tirar a roupa'
Antes de virar dançarina em uma casa noturna, a americana Holly Darling era uma jovem comum que enfrentava problemas financeiros. "Eu estava realmente falida. Um dia tive um momento de luz e decidi: 'vou me tornar uma stripper'", contou ela em uma entrevista à VICE americana.
Ela morava perto de um clube de strip-tease, então decidiu entrar para ver como era. "Havia um mar de homens de terno. Eu me lembro de ficar impressionada com a beleza das mulheres no palco e perceber como elas eram sensuais".
Holly conta que carregava estigmas sobre dançarinas e trabalhadores do sexo em geral, e que suas percepções mudaram quando ela mesma começou a trabalhar na casa. "Eu era uma daquelas pessoas que pensavam que os clubes de strip eram lugares perigosos, ruins, e que todas as mulheres ali eram vítimas e faziam aquilo porque não tinham outra escolha".
O teste, segundo ela, foi bem simples. "Usei um conjunto de lingerie chique, eles colocaram uma música para tocar e eu dancei no palco por cerca de um minuto. Eu pensei que me sentiria mais nua ou exposta. Depois disso, eles me contrataram. Foi muito simples. Eles me deram alguns formulários para assinar e o horário dos meus turnos para a semana seguinte".
Trabalho em vendas
"Trabalhar lá era muito diferente do que eu esperava. As coisas que eu pensava que seriam difíceis, como tirar minhas roupas, eram fáceis. A parte difícil foi que eu não percebi que, efetivamente, havia me inscrito para um trabalho de vendas. Cem por cento do seu trabalho de se despir é abordar pessoas e vender você e sua marca pessoal. Aprender como fazer isso foi um processo. Eu olhava outras garotas e via o que elas estavam fazendo".
"Parecia um pouco com o primeiro dia de aula. Todas as garotas se conheciam no vestiário. Eu pensei que o ambiente pudesse ser agressivo ou maldoso, o que às vezes é verdade, mas os clubes de strip-tease são também os lugares onde eu encontrei mais sororidade, irmandade e apoio".
Estabilidade financeira e direitos trabalhistas
Em sua primeira noite no clube, Holly conta que faturou entre US$ 275 e US$ 415, cerca de R$ 1.500 e R$ 2.200, respectivamente. "Tornar-me financeiramente estável foi ótimo. Estar sem dinheiro o tempo todo estava fazendo eu me sentir péssima. Tirar a roupa tem um efeito interessante na sua autoestima: você está vendendo um produto e o produto é você. Ver outras pessoas tendo sucesso e ganhando dinheiro quando você está tendo uma noite lenta é difícil".
À época da entrevista à VICE, Holly trabalhava como ativista dos direitos dos trabalhadores sexuais. Ela conta que muito do seu trabalho era bem mais do que ficar nua. "Eu não estava preparada para o trabalho emocional que o strip-tease implica. Seu trabalho é basicamente atender aos egos dos homens com quem você está falando, você tem que fingir que está realmente se divertindo e gerar toda essa energia positiva. Os homens querem falar sobre quase tudo. Você é parte líder de torcida, parte terapeuta, parte amiga. Você tem que ter empatia, ouvi-los, cumprimentá-los e fazê-los sentir-se bem em um nível pessoal. Eu achei realmente desgastante e exaustivo".
"Às vezes, como ativista de trabalhadoras sexuais, você sente que não pode falar sobre todas as coisas que você não gosta na indústria, porque as pessoas sempre perguntam por que você simplesmente não arruma outro emprego. Eu quero viver em um mundo onde todos os profissionais do sexo sintam que têm um ambiente de trabalho seguro e um órgão para defendê-los. Silenciamos as pessoas quando questionamos suas escolhas de trabalho".
*Com reportagem publicada em maio de 2018
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