'Celebridade de mães' cita 8 angústias da gravidez à criação dos filhos

Com quase 2 milhões de inscritos em seu canal no YouTube, o Almanaque dos Pais, a publicitária Monica Romeiro, 45 anos, é a companhia de muitas tentantes, gestantes e mães que buscam informações sobre o universo da maternidade.

Brinco que sou uma nano celebridade. Posso passear tranquilamente no shopping, mas se entrar numa loja infantil, com certeza alguma foto será tirada. Adoro esse carinho e reconhecimento com o meu trabalho.Monica Romeiro, criadora do Almanaque dos Pais

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Mãe do Lucas e da Larissa, Monica diz que ser mãe não era o seu grande sonho, mas a maternidade a transformou em sua melhor versão e lhe abriu novas oportunidades de carreira. Hoje conselheira parental, palestrante e escritora, Monica publicou dois livros: "Vem cá me dar um abraço: colo de mãe para mãe" e "Amor Maior que o Meu: O que você ama mais, ser mãe ou seu filho?", e conversa com Universa para passar suas melhores dicas e conselhos.

Você tem dois filhos, o Lucas, de 13 anos, e a Larissa, de 12. Você sonhava em ser mãe?

Por incrível que pareça, engravidei por recomendação médica aos 30 anos. Após seis meses realizando exames, descobriram seis tumores benignos no meu fígado (hiperplasia nodular focal). No dia do diagnóstico, recebi uma orientação que mudaria para sempre a minha vida: engravidar. Segundo o médico, os hormônios da gravidez poderiam aumentar os tumores e se eles não parassem de crescer com o passar dos anos, o risco de ter uma hemorragia era alto.

Eu e o Flavio estávamos juntos havia três anos e concordamos com a indicação. Ao sair do consultório, ele me pediu em casamento dentro do carro. Pouco tempo depois engravidei do meu primeiro filho, o Lucas, em 2010. Quando ele tinha nove meses, fiquei grávida da Larissa.

Não imaginava que a gestação me traria tantas mudanças. Ser mãe mudou tudo em mim, não era o meu grande sonho, mas me transformou na minha melhor versão, muito mais empática e entusiasmada pelo mundo materno.

Quais são as suas maiores delícias (como você diz em um dos seus livros) e dores na maternidade?

Uma das minhas maiores alegrias foi sentir o tal amor materno, um amor altruísta que até então eu desconhecia. Mas também descobri que ser mãe traz uma série de sentimentos confusos, entre eles o medo. Se cobrar para ser a mãe perfeita só torna a jornada mais difícil. É importante saber se perdoar durante o processo, porque a gente se culpa demais, até do imprevisível.

De todas as dores a que mais me doeu, mesmo com os meus filhos, foi me sentir sozinha. Ninguém fala sobre essas dores maternas, só "vendem" mensagens lindas com fotos em tons pastéis para ilustrar a leveza e beleza que nem sempre estão presentes.

Monica brinca que pode não ser famosa no shopping todo, mas nas lojas infantis sempre pedem foto
Monica brinca que pode não ser famosa no shopping todo, mas nas lojas infantis sempre pedem foto Imagem: Acervo pessoal

Essa solidão surgiu forte após o nascimento do Lucas. Começou com os amigos que pararam de chamar para as festas depois de vários "nãos" que precisei dar por conta do bebê. Depois veio com a sensação de ser invisível: fazer tudo pela família, pela casa e pela carreira e parece que ninguém nota ou se importa, desde que eu continue me doando ao máximo. Nessa fase eu acreditava que ninguém mais se sentia dessa forma, que para as outras mulheres a maternidade era muito mais legal.

Precisei romper meus próprios preconceitos e tomar coragem para expor o que sentia, não só para minha família, mas também para uma multidão na internet. Recebi críticas horríveis, mas ao mesmo tempo recebia mensagens anônimas de mulheres que se sentiram representadas. Foi assim que a solidão, que ainda bate à minha porta, virou combustível para falar mais sobre ela. Cada mensagem que recebo de apoio ou agradecimento contribui para que eu não me sinta mais só.

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Você sente que tem uma vocação para falar sobre ser mãe?

Informar sem julgar é o meu diferencial. Respeitar as escolhas, valores e crenças durante a produção de cada conteúdo é fundamental para acolher e transmitir conhecimento para que as mulheres possam ser as mães que desejam ser. Eu não vim para ser solução, mas para ser reflexão.

Escrever é uma das minhas maiores paixões e uma das formas de curar minhas dores e de organizar meus sentimentos. Senti a necessidade de me curar de coisas ruins que li e, escrevendo, acabei curando outras mulheres que, assim como eu, se sentiam solitárias e incompreendidas.

Depois de ser mãe vivenciei desde o "não conseguir voltar a trabalhar após a licença maternidade" até o "não conseguir emprego por ter dois bebês". O jeito foi me reinventar. Por incentivo do meu marido, que me ouvia reclamar sobre a falta de acolhimento na internet, assumi para mim a responsabilidade de produzir. E assim nasce, em janeiro de 2013, o Almanaque dos Pais primeiro como site, depois como portal, e em 2016, com os vídeos no YouTube. Também estamos presentes no Instagram. Atualmente somos o maior canal de maternidade do Brasil!

Você recebe muitas mensagens de mulheres agradecendo seu trabalho? Como esse retorno mexe com você?

Amo receber mensagens de mães, têm mulheres de outros países e até quem não é mãe ainda. Eu adoro a história de uma seguidora que é deficiente visual e intelectual. Ela não é casada e sonha com a maternidade. Então, por hora, ela é mãe de uma boneca. Ela ouviu os 40 vídeos da série Gravidez Semana a Semana e enviava mensagens para tirar dúvidas, agradecer pelas informações e por me fazê-la se sentir uma mãe de verdade.

Monica Romeiro posa com seus filhos: Lucas e Larissa
Monica Romeiro posa com seus filhos: Lucas e Larissa Imagem: Acervo pessoal
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As mulheres passam por diferentes fases enquanto te acompanham, do desejo de engravidar até a criação dos filhos. Quais você sente que são as maiores questões e como lidar com elas?

  1. Não consigo engravidar: Esse tipo de dificuldade gera ansiedade e frustração nas famílias. Entender sobre as causas da infertilidade pode auxiliar no processo;
  2. Melhor momento para ter filhos: Ter filhos mais nova e me dedicar à carreira depois, ou esperar ter estabilidade financeira (que talvez nunca chegue) para aumentar a família? Difícil ter uma resposta certa, mas refletir sobre alguns pontos pode ajudar nesta escolha;
  3. Pai não se envolve com a gestação: a escolha pela gravidez pode até ser conjunta, mas a forma com que os pais se envolvem pode ser individualista. Produzo vídeos para que as mães encaminhem aos pais com informações sobre o papel deles em cada etapa da parentalidade;
  4. Crise no casamento após a chegada dos filhos: os pais se deparam com mudanças na rotina, cansaço, cobranças e divergências na forma de educar. Alinhar as expectativas e formar os novos valores dessa família é fundamental para ter uma convivência respeitosa;
  5. Avós que interferem na educação dos netos: quando os avós não respeitam os limites de educação definidos pelos pais, isso pode causar conflitos conjugais, familiares e até rompimento;
  6. Exaustão: carga mental materna é tudo que as mães precisam lembrar, pensar e programar: tem festinha amanhã, preciso comprar o presente; está acabando a fralda; semana que vem tem vacina;
  7. Lidar com o fim da licença maternidade e/ou iniciar uma nova carreira para ficar perto dos filhos: além da angústia da separação, as mães precisam escolher onde a criança vai ficar, na escola, com a babá, etc. Ao mudar de carreira, precisam identificar seu perfil (empreendedora, home office, artesanato) e qual sua realidade financeira para investir em uma franquia ou negócio próprio, por exemplo;
  8. Virei mãe e esqueci de mim: nossa dedicação é intensa e deixamos nossos gostos e prazeres de lado, mas chega um momento que precisamos olhar para nós e resgatar nossa autoestima.

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