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'Não quero ser lembrada como a viúva do PC Siqueira', diz Maria Watanabe

Maria Watanabe Imagem: Arquivo pessoal

Paola Churchill

Colaboração para Universa

15/08/2024 05h30

"Recomeçar sempre é difícil, mas no meu caso, foi necessário", começa Maria Watanabe com um meio-sorriso em entrevista a Universa.

Em 27 de dezembro de 2023, seu namorado havia um ano e meio, o youtuber Paulo Cezar Goulart Siqueira, mais conhecido como PC Siqueira, tirou a própria vida no apartamento que os dois dividiam na região norte de São Paulo.

"Era para ser só algo casual, nós conhecemos em um aplicativo de namoro. Mas, o PC tinha um magnetismo muito forte. Acabamos nos apaixonando", pontua.

Por muito tempo, eu achei que ele era o amor da minha vida, esclarece.

Ódio das redes

Após a morte do influenciador, apenas três dias antes do aniversário de 28 anos de Maria, ela foi barrada de entrar no apartamento pela família do influenciador.

"Imagina de uma hora para outra você perder tudo aquilo que voce construiu? Foi isso que aconteceu. A família do Paulo mudou a senha do apartamento e tudo que era meu ficou lá, não consegui nem pegar minhas calcinhas", esclarece.

O ódio maior, no entando, era o das redes sociais. Diariamente, a modelo era bombardeada por mensagens de ódio, o que a forçou a se afastar de seu trabalho e voltar a morar no Rio de Janeiro com a mãe por um tempo.

Falavam que eu planejei a morte dele, que eu queria fama, que merecia morrer também. Além de muitas pessoas que vinham falar comigo por interesse, foi bem complicado. Parecia quererem que eu tivesse me matado junto. Fiquei seis meses afastada, até agora não voltei 100% para ser honesta.

Maria Watanabe e PC Siqueira Imagem: Arquivo pessoal

Nos meses que ficou no Rio, Maria entrou em depressão profunda. "O apoio das minhas amigas e da minha mãe nesse momento foi essencial. Elas que me lembravam que tinha uma vida toda que eu podia e merecia viver", ela faz uma pausa e continua, "mas sendo bem sincera, nem eu sei como eu aguentei tudo".

Volta por cima

Aos poucos, a modelo foi voltando à sua rotina, começou a sair de novo, focou na sua saúde mental e, quando se sentiu pronta, decidiu querer fazer algo com a sua dor: queria ajudar mulheres que passaram por algo semelhante. Foi quando aceitou o convite para participar de um podcast e contar um pouco mais sobre sua história.

A ideia era que as pessoas vissem que apesar de eu ter passado por um relacionamento abusivo, dava para sair dessa situação. Mas o fato de eu ter aparecido sorrindo em alguns momentos, só fez com que as pessoas me julgassem ainda mais. Se eu posto uma foto, significa que superei muito rápido, se eu não posto, significa que o luto não passou. Eu não posso sorrir, eu não posso não sorrir. As pessoas queriam mandar no meu luto, como se tivesse um certo ou errado a se fazer, esclarece.

Maria Watanabe em seu podcast Imagem: Arquivo pessoal

"Ninguém sabe o que passei, ninguém sabe nada sobre minha dor. Estou dando meu melhor a cada dia para sair dessa situação terrível que aconteceu. Ninguém tem o direito de julgar", completa.

Enquanto ia se curando, como ela mesma pontuou, a rede de apoio de Maria foi essencial para esse momento. Entre essas pessoas estava Matheus, um amigo de longa data que hoje é seu namorado.

Os dois estão juntos há alguns meses e estão começando uma vida nova. "Tive que deixar toda minha vida para trás e eu estou recomeçando tudo de maneira saudável e focada em mim", acrescenta.

"O Matheus nunca me julgou, nem fez perguntas idiotas sobre tudo que aconteceu. Ele só esteve lá para mim e me mostrou como é ter um amor bom e saudável", comenta.

Após o relacionamento com o influenciador, Maria passou muito tempo achando que nunca mais iria encontrar ninguém.

Hoje estando em um namoro saudável, vejo que meu antigo relacionamento era? complicado. Eu não conseguia ver isso antes, porque você só entende que está em um relacionamento abusivo quando você sai dele, revela.

Maria Watanabe Imagem: Arquivo pessoal

Ao ser questionada sobre tudo que aconteceu no seu relacionamento com o youtuber, Maria para por alguns momentos antes de começar.

Muitas pessoas me chamam como 'a viúva do PC', entendo que talvez isso sempre vá fazer parte de mim, mas não quero ser lembrada por isso, foi um acidente que aconteceu comigo, mas isso não me define. A situação toda foi horrorosa, não desejo isso para ninguém, nem para meu pior inimigo, acrescenta.

E após meses, Maria tem uma nova visão de tudo que passou. "Sendo sincera, eu tento não pensar nos momentos bons, pois fico triste, e nem nos ruins, pois fico com raiva. Para seguir em frente, tive que criar um jeito de não pensar no Paulo. Ele sempre vai fazer parte da minha história, mas não significa que preciso viver tudo isso".

"Estou reconstruindo minha vida, minha história, criando um lar ao lado de pessoas que me amam. Estou criando uma marca de lingerie para todos os corpos e quero criar um projeto para mulheres que passaram por situações semelhantes a que passei? é por essas coisas que quero ser lembrada", conclui.

Procure ajuda

Caso você tenha pensamentos suicidas, procure ajuda especializada como o CVV (www.cvv.org.br) e os Caps (Centros de Atenção Psicossocial) da sua cidade. O CVV funciona 24 horas por dia (inclusive aos feriados) pelo telefone 188, e também atende por e-mail, chat e pessoalmente. São mais de 120 postos de atendimento em todo o Brasil.

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