Pode fazer acupuntura durante a gestação?
Você já ouviu falar que acupuntura é bem-vinda na gestação? No geral, a gente escuta que a técnica é boa para dor de cabeça, dor na lombar ou ansiedade. Mas essas leves 'agulhadas' na gravidez também podem ajudar. Investigamos o que essa técnica milenar pode fazer por você e pelo seu bebê e reunimos tudo em uma reportagem direto ao ponto, literalmente. Quer receber conteúdos semanais para te ajudar durante a gestação? Se inscreva na newsletter de Materna no box abaixo.
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As buscas para fazer acupuntura começam por alívio de enjoos e chegam até a auxílio para virar bebês que estão pélvicos. Em alguns casos, os especialistas afirmam que realmente é possível conseguir melhora com a técnica, mas lembram que é importante ter acompanhamento médico para checar todas as possibilidades e vertentes de tratamento para ajudar tanto a rotina da gestante quanto o desenvolvimento do bebê.
A acupuntura age com a regulação do sistema nervoso autônomo (ou neurovegetativo), é a parte do sistema nervoso que está relacionada ao controle de funções como respiração, circulação do sangue, temperatura e digestão.
Além disso, segundo Mary Uchiyama, ginecologista e obstetra especialista em medicina integrativa, a pele, onde se insere a agulha, tem a mesma origem embrionária do tecido nervoso e, assim, pode regular algo que está desregulado, ou melhor, que está funcionando mal em todo o organismo - por diferentes motivos inclusive.
O órgão pode começar a funcionar mal, entre várias causas também, por aspectos emocionais. Então, quando relacionado com a gravidez, a acupuntura pode ajudar de diferentes formas.Mary Uchiyama
O enjoo, por exemplo, é uma queixa muito comum na gestação, e quando ele não melhora, pode se tratar de uma hiperêmese gravídica. De acordo com a ginecologista obstetra Ana Paula Junqueira, esse tipo de caso conta com um tratamento medicamentoso, nutricional e também responde muito bem com medicina integrativa, como a acupuntura.
Ana Paula também afirma que se há aumento importante dessa hiperêmese (forte náusea e vômito na gravidez) e não há resposta adequada aos medicamentos, é importante lembrar de avaliar o emocional. "O centro do vômito fica do lado, conectado, ao centro do estresse e da ansiedade", explica. E essa é uma das razões pelas quais a acupuntura vai bem nesses casos.
E quando aderir à acupuntura?
Quando você sentir algum desconforto físico ou emocional que pode ser trabalhado com a ajuda dela, independente da semana da gestação, inclusive antes de engravidar e depois de parir - mas sempre com a liberação médica. Quanto ao número de sessões ideais, tudo vai depender de cada caso.
Veja exemplos de onde e como a técnica pode ajudar:
- Na concepção: utilizada sozinha ou complementando a inseminação artificial, principalmente no controle da ansiedade;
- No alívio de dores: lombo-pélvicas e outras dores, como dor de cabeça tensional, ansiedade ou outros sintomas emocionais usuais da gravidez;
- Nos desconfortos: a amenizar a constipação intestinal, os enjoos da gravidez e a insônia;
- Na correção de apresentação anômala: pode ser utilizada para ajudar o feto que se encontra sentado a virar de cabeça para baixo, facilitando o parto;
- No parto: pode trazer maior controle da dor (reduz, mas não anula a dor como anestesias, é claro), e facilita ou acelera o trabalho de parto;
- Na amamentação: faz com que haja melhor saída do leite das mamas no pós-parto imediato.
Tem algum receio?
Independente do que estiver planejando, nada de marcar uma sessão de acupuntura sem antes falar com o seu obstetra. E, se liberada por ele, escolha um profissional acupunturista especializado em gestantes, porque ele saberá aplicar a técnica da melhor forma para você e seu bebê.
Para quem tem medo: a técnica envolve a inserção de agulhas na pele, mas elas são muito finas e, muitas vezes, você nem percebe a inserção. Ou sente apenas uma picada, nada comparado à uma injeção ou aplicação de vacina, por exemplo. Aproveite o momento para fechar os olhos, relaxar e até dormir.
Mas, atenção, alguns pontos específicos são contraindicados por causa da sua localização - por serem pontos muito dolorosos e considerados um risco para o bebê. Outros apresentam risco maior de acidente de punção de vasos sanguíneos: neste caso, tem contraindicação para pessoas anticoaguladas. Pessoas hipersensíveis à dor ou com "pânico" de agulha também podem ser uma contraindicação relativa, mas se achar válido, pode experimentar.
Um ponto bacana, se você se interessar, é que, segundo a medicina tradicional chinesa, o corpo humano é composto por canais energéticos pelos quais o sangue flui, mas não só ele. Nesses meridianos, como são chamados, acredita-se que flui também a "força da vida". E é por isso também que a aplicação de agulhas em pontos específicos ajudam, como Mary Uchiyama explicou, a regular o funcionamento de todo o organismo. E, especialmente, quando ele está fisicamente e energeticamente gerando outra vida.
Anos luz à nossa frente
A acupuntura já está bem conhecida, mas nem todo mundo sabe, então não custa reforçar: ela existe há mais de 4 mil anos e, no Brasil, chegou há mais de um século, com imigrantes chineses e japoneses. Sua aplicação durante a gestação hoje já é prática consolidada em países como China, Estados Unidos, Europa e Brasil.
A técnica existe há milênios, mas ainda há um certo ceticismo em relação ao que ela pode fazer. Isso porque, muitas vezes, ela acaba sendo considerada como uma medicina alternativa, quando - na verdade - é parte da medicina tradicional chinesa. Sua eficácia é reconhecida pela OMS (Organização Mundial da Saúde) desde 1979.
Atualmente, a acupuntura faz parte inclusive da lista de procedimentos básicos da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), que regula a cobertura dos planos de saúde no país - e está disponível também na rede pública de saúde, em geral em ambulatórios de hospitais universitários.
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