Nada de cair na rotina: dopamina pode fazer maravilhas por sua vida sexual
Colaboração para Universa*
22/08/2024 19h00
Além dos hormônios sexuais - testosterona, estrógeno e progesterona -, outras substâncias químicas entram em cena em nosso organismo quando o assunto é sexo. Adrenalina, serotonina, noradrenalina e ocitocina são alguns dos neurotransmissores responsáveis pelas sensações de bem-estar e felicidade proporcionadas pelo sexo, mas é a dopamina, outro membro desse seleto grupo, que merece bastante atenção.
Bem "administrada", digamos assim, ela pode fazer maravilhas pela sua vida sexual. Quanto mais estímulos, mais o corpo libera dopamina e maior é o prazer;
Prazer da recompensa
Uma das zonas cerebrais em que a dopamina age é justamente no centro de prazer, região denominada nucleus accumbens. Essa área do cérebro é ativada pela liberação em picos da dopamina, em geral quando a pessoa experimenta alguma coisa boa como transar, comer, vencer um desafio... As dependências químicas ou comportamentais também estão relacionadas a essa área, por isso tudo que causa prazer também pode gerar dependência.
A dopamina está por trás da motivação pela recompensa, ou seja, da antecipação sexual. Surpresa, mistério e ansiedade levam a um aumento de dopamina no corpo, que ativam estímulos de prazer e excitação. Quando vivenciamos experiências novas (desde ir a um restaurante diferente, comprar um celular novo, mudar o corte de cabelo ou receber uma mensagem picante pelo WhatsApp) sentimos o seu efeito benéfico. E, também, não mediremos esforços para curtir a "vibe" novamente.
Uma das maneiras de ativar a dopamina é criar uma espécie de feedback para recompensas previstas. Se você associar a visão de alguém a um pensamento bem ardente de desejo e fantasia sexual, começará a obter aumentos de dopamina no nucleus accumbens em resposta à foto do crush na tela do celular, pois seu cérebro prevê a recompensa.
É também sobre amor
A dopamina tem grande importância para o amor, especialmente no início da relação, na atração e ligação. Quando está em altos níveis, produz alguns "sintomas" característicos da paixão: a atenção totalmente voltada para o ser amado, o encantamento pelas suas qualidades, a preferência por só ficar ao lado do parceiro, excluindo os outros candidatos. Além, é claro, a sensação de alegria, euforia, contentamento, hiperatividade e aumento de energia.
Quando são surpreendentes, o sistema de recompensa da dopamina é ativado e regiões do cérebro são inundadas por dopamina dependendo da intensidade do estímulo, do grau de emoção, dentre outros elementos. Ou seja, novidade e surpresa melhoram o sexo e as relações amorosas.
É por isso que tantos especialistas em sexualidade sugere que os casais - principalmente aqueles em relações longas - se esforcem para quebrar a monotonia na cama e tirar a vida sexual do modo rotina. Quanto mais novidades um casal experimenta, mais sexo quer fazer e mais experiências diferentes se mostra disposto a viver.
Isso tudo influencia em todos os hormônios ligados ao bem-estar, levando a um aumento da felicidade, da intimidade e da cumplicidade. Pequenas mudanças, como mudar a ordem das preliminares ou transar em algum ambiente diferente da casa, já promove as consequências desejadas.
Muitas pessoas conseguem perceber de modo bem claro que, se houver uma estimulação sexual mais intensa e prolongada, haverá maior sensação de prazer. Trata-se de uma das razões pelas quais um homem vai aprendendo a controlar a ejaculação, prolongando o tempo de estimulação e aumentando a chance de um orgasmo potente.
Por isso, recomenda-se, ainda, aumentar o tempo de dedicação ao sexo para obter os resultados da dopamina. Outra dica é não deixar para transar apenas a noite. Afinal, a maior parte dos casais transa na hora que é possível, quando dá. Isso geralmente acontece no final do dia, quando estão cansados, diminuindo a probabilidade de prolongar os estímulos eróticos. Basta tratar o sexo como prioridade, reservando mais tempo e dedicação.
Fontes: Carla Cecarello, psicóloga fundadora da ABS (Associação Brasileira de Sexualidade); Cibele Fabichak, fisiologista e autora do livro "Sexo, Amor, Endorfinas e Bobagens" (Matrix Editora); Eduardo Perin, psiquiatra especialista em sexualidade; e Oswaldo Martins Rodrigues Jr, psicólogo e terapeuta sexual, diretor do Inpasex (Instituto Paulista de Sexualidade)
*Com matéria publicada em 18/02/2021