Dudu Bertholini conta que vive relação aberta: 'Não tenho ciúme do desejo'
No Desculpa Alguma Coisa, videocast de Universa com Tati Bernardi, desta semana, Dudu Bertholini revelou que vive um relacionamento aberto com seu parceiro, Gama Higai, artista que também se identifica como uma pessoa não-binária.
"Nós somos monogâmicos afetivamente e somos abertes sexualmente. O acordo de cada relacionamento é a parte mais importante. (...) O fato de a gente ter essa abertura sexualmente é uma coisa muito sadia pra gente e que nos aproxima. Eu não tenho ciúme do desejo. Acho que o que as pessoas mais têm ciúmes é o desejo, mais do que na prática: 'Você tem mais tesão naquela pessoa do que em mim? Você gosta mais daquele corpo do que o meu?'. Eu acho isso a coisa mais egoísta do mundo".
Respeitar e amar o desejo dessa outra pessoa é libertador e uma prova de amor. Dudu Bertholini, estilista
Dudu Bertholini pediu manequim de presente aos 6 anos: 'Amor pela moda'
No papo com Tati Bernardi, Dudu lembrou de um presente inusitado que pediu para a mãe aos seis anos. "Eu amava os manequins de loja quando eu andava na rua. Chegava na vitrine e via os manequins com aquela pose maravilhosa, montados de cílios, cabelo. (...) Aí, quando eu tinha seis anos, minha mãe perguntou: 'O que você quer ganhar?'. E eu falei: 'Mãe, quero ganhar um manequim de loja!'. Acho que já revelava ali um amor pela moda".
Dudu também comentou sobre o bullying que sofreu na escola e como entendeu sua sexualidade e sua identidade de pessoa não-binária. Em sua visão, muitas crianças são apontadas como LGBTQIAPN+ antes mesmo de saber sua orientação sexual.
"Sempre que eu ia entrar numa nova sala de aula, eu já estava esperando o momento em que alguém ia começar a me chamar de bicha, de veado. (...) Eu entendia que eu queria ser mulher porque eu sabia que aquela masculinidade cisgênero não era pra mim. (...) E é muito curioso pensar que eu só imaginava isso porque eu não tinha como me ver. Se eu visse quem sou hoje, eu já teria esse entendimento de que não era esse lugar do feminino que eu queria".
Eu já era uma pessoa não-binária antes mesmo de saber que essa palavra existia. Dudu Bertholini
Dudu Bertholini fez festa de casamento online durante a pandemia
Dudu falou sobre como foi seu casamento com Gama Higai, que aconteceu online durante a pandemia e teve a presença de cerca de 300 pessoas. O casal montou uma tenda na sala de casa e convidou amigos artistas para performances virtuais.
"Foi um encontro incrível nesse sentido da gente legitimar as nossas identidades. Eu acho que havia em nós uma certeza de que não estávamos a fim de viver um relacionamento onde a gente não pudesse ser quem nós somos. (...) Aí veio o confinamento, e a gente queria muito comemorar o casamento, porque foi fulminante. A gente montou tudo sem ninguém entrar em casa".
Relação com os pais: 'Você pode ser uma pessoa LGBT e ter família'
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Quero receberDudu falou sobre como é a relação com a sua família e a importância de celebrar histórias felizes de pessoas LGBTQIAPN+, ainda que grande parte deste grupo seja marginalizado. Em sua visão, é preciso compartilhar episódios de violência e opressão, mas também os modelos de sucesso.
"Agradeço aos meus pais por terem encarado o desafio de serem meus pais. Eles sempre, da maneira deles, me aceitaram muito bem. (...) As maiores dificuldades que eles tiveram comigo é entender se eu estaria pronte para encarar o mundo lá fora a hora que eu saísse dessa bolha de proteção. E acho que isso é um lindo exemplo de como você pode, sim, ser uma pessoa LGBT, uma pessoa fora da norma, e ter uma família e ser amade", disse.
Ambiente tóxico no mercado da moda: 'Cultura do ódio'
Dudu, que fundou a própria marca em 2003, lembrou de quando iniciou a carreira e contou como, muitas vezes, precisou trabalhar em ambientes tóxicos.
"Desde que eu cheguei no mercado de moda, eu me impressionava de chegar num estúdio e todo mundo estar falando mal de outra pessoa, essa naturalização da cultura do ódio. Quando eu via uma pessoa falando mal do trabalho de outra, sempre me parecia uma insegurança de quem estava falando. (...) Até hoje, eu trabalho muito contra a naturalização dessa ideia que o mercado de moda é o mercado da alfinetada, da inveja, da trapaça".
Desculpa Alguma Coisa no UOL
Sem medo de ser cancelada, a escritora e roteirista Tati Bernardi faz seus convidados falarem o que nunca falariam. Os episódios ficam disponíveis toda quarta-feira no Canal UOL e no Youtube de Universa. Assista à entrevista completa com Dudu Bertholini:
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