Seios são zona erógena: veja como conciliar sexo e amamentação
A retomada da vida sexual na fase pós-parto costuma ser um momento assustador para uma parcela significativa das mulheres. Afinal de contas, a profusão de hormônios circulando no organismo costuma afetar a lubrificação vaginal, tornando a penetração, em alguns casos, difícil e dolorosa. É claro que, com calma, uma sessão gostosa de preliminares e um frasco de lubrificante íntimo à base de água, tudo pode se desenrolar de maneira mais tranquila.
A alteração hormonal influencia diretamente na libido. No pós-parto, a prolactina, que é o hormônio que possibilita a amamentação, pode inibir o desejo físico e emocional da mulher, que, evidentemente, está com a atenção quase toda voltada ao bebê. Algumas conseguem voltar à frequência sexual após três meses, mas vemos casos que podem alcançar um ano. A nova rotina, a falta de sono e o cansaço dificultam esse retorno.
É preciso ter paciência e lembrar que alimentar o bebê exclusivamente com o leite materno é uma orientação da OMS (Organização Mundial da Saúde) para que a criança se desenvolva bem. Amamentar também despende energia, o que aumenta ainda mais a fadiga. Portanto, o casal tem que encarar a situação com diálogo. E, à medida que forem retomando as transas, os dois precisam lidar com naturalidade com a situação — porque, respondendo à pergunta que dá título à reportagem, é possível, sim, conciliar amamentação e sexo.
Novos papéis
Um dos passos fundamentais para isso é ambos compreenderem que os papéis que exercerão em suas vidas terão espaços, tempos e funções diferentes, ou seja, na hora do relacionamento sexual, a principal função ali não é de pai ou mãe, e sim de namorados. Enquanto a mulher não se sentir segura nem à vontade para transar, o casal pode investir na intimidade de várias formas: ficando só nas preliminares, trocando carícias, tomando banhos juntos, através de massagens etc.
Como os seios são uma zona erógena, é possível que por causa dos estímulos aconteça um vazamento de leite durante a transa. Se os dois estiverem cientes disso, a situação não provocará desconforto nem alarde. O jorro do leite, para casais que já tinham pouca intimidade sexual, pode causar afastamento. No geral, porém, as pessoas lidam bem com a novidade, incorporando em muitos casos até como uma fantasia.
Aleitamento adulto
O aleitamento adulto é muito praticado, mas ainda considerado um tabu. Não há nenhum problema se o parceiro quiser experimentar o leite, desde que a mulher se sinta confortável com a prática. A brincadeira de mamar na parceira não causa danos à criança. A única coisa que pode ser prejudicial à criança é quando a prática se torna uma parafilia e o parceiro acaba exagerando e deixa o bebê sem alimento.
Uma boa higiene, no entanto, é necessária. Os seios são muito suscetíveis a machucados, infecções e feridas. Ao se colocar a boca no seio, bactérias são trocadas. E isso pode ser perigoso para o bebê, que ainda tem poucas defesas. Portanto, depois da transa é preciso limpar bem a região com água e sabonete líquido neutro.
Usar o seio para alimentar o bebê e usá-lo como uma região erótica envolvem prazeres completamente distintos. No entanto, para algumas mulheres a vivência dessas experiências pode provocar conflito e até culpa. O autoconhecimento é muito importante nesse momento, para que ela possa definir o que a faz feliz e realizada.
Na amamentação é possível engravidar, sim
A maternidade não deve ser encarada como um problema ou algo limitante na prática sexual. Se ainda assim a mulher se sentir confusa ou culpada, é essencial que procure um sexólogo que a ajude a entender seu momento e a retomar a vida sexual com qualidade, confiança e segurança.
Logo após o nascimento do filho, é essencial que o casal converse com o ginecologista sobre os métodos contraceptivos. Antigamente, havia uma crença de que mulheres amamentando não podiam engravidar, mas ela já caiu por terra.
Para evitar uma nova gestação indesejada, é bom pensar em alternativas como camisinha ou DIU (dispositivo intrauterino). Outra opção são pílulas anticoncepcionais contendo apenas progesterona. Contraceptivos combinados com estrogênio e progesterona não são recomendados pela possibilidade de o estrogênio ser absorvido pelo bebê via leite materno.
Fontes: Denise Figueiredo, psicóloga; Rosely Salino, psicóloga, sexóloga e terapeuta de casal; e Vamberto Maia, ginecologista e obstetra
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Quero receber*Com matéria publicada em 05/06/2019
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