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'Tentaram me roubar 3 vezes no dia em que soube que ex namorava minha irmã'

Vitória conta que se sentiu traída pela irmã; no mesmo dia, passou perrengues com tentativas de assalto Imagem: Getty Images/iStockphoto

de Universa, em São Paulo

21/09/2024 05h30

Vitória*, 39, nunca viveu um dia com tantos acontecimentos quanto em 28 de março deste ano. Ela descobriu, durante a comemoração do aniversário da irmã, que seu ex-marido, com o qual teve um relacionamento de 12 anos, estava noivo da aniversariante —sim, a irmã. Ao sair do local, abalada, ela ainda sofreu três tentativas de assalto.

A Universa, ela contou como tudo aconteceu:

"Descobri que minha irmã estava de casamento marcado com o meu ex-marido no dia do aniversário dela.

Na minha hora de almoço no trabalho daquele dia, liguei para falar com minha mãe em uma chamada de vídeo. Meu neto pegou o telefone e saiu andando com ele pela casa.

Quando ele estava passando por um corredor, vi que meu ex-marido estava lá. Até perguntei o que ele estava fazendo lá e ele me disse que tinha ido visitar a família, que estava na casa por conta do aniversário da minha irmã.

Uma tia minha, que mora em Brasília e estava de visita, ouviu nossa conversa e começou a se meter, pedindo para eu parar de falar com meu ex, e dando cutucadas. Disse que ele era meu ex-marido, mas que seguíamos amigos, o que era verdade. Mesmo assim, ela não saía de cima.

Saí do trabalho e fui para a casa da minha irmã. Quando cheguei, todos já estavam lá. Brinquei perguntando para o meu ex se ele não tinha guardado um cajuzinho para mim, porque estava segurando um pote cheio.

Pedi um e ele disse que não podia me dar, que já tinha negado para todos que tinham pedido. Aí zoei, falando que ele não podia negar para mim, a ex preferida dele. Nesse momento, ele olhou para a cara da minha irmã e pediu autorização para me dar um dos doces.

Foi ali que eu entendi tudo. Não queria mais nada.

Quando saí da festa, ele estava encostado na porta do carro. Falei: 'Você não vai me contar quem é sua nova namorada, não?' Ele me respondeu que eu já conhecia, que não precisava falar nada. Perguntei se era minha irmã e ele confirmou.

Fiquei sem chão, meu mundo desabou. Sempre fui muito próxima da minha irmã e não esperava que algo assim acontecesse. Saí de lá e fui para Copacabana, sentar na praia. Chorei muito, não conseguia segurar as lágrimas. Não acreditava, não conseguia nem imaginar a cena.

E foi na hora de ir embora que começou a sequência de assaltos.

Três tentativas, um roubo

Mesmo abalada, eu precisava ir embora. Tinha de trabalhar no dia seguinte, precisava descansar. Quando estava andando até a Rodoviária Novo Rio, no Rio de Janeiro, ainda chorando, um homem me abordou e pediu para eu passar tudo. Mas, quando percebeu o quanto eu estava transtornada, mudou de comportamento.

Me perguntou se eu precisava de ajuda e me acompanhou até o ponto de ônibus. Me ajudou a atravessar a passarela, me ofereceu dinheiro para a passagem e ficou comigo, contando de sua vida, até a hora em que meu ônibus [para Queimados, na região metropolitana] chegou.

Eu só pensava: 'esse homem ia me assaltar e agora está contando a vida toda dele'. Ficamos cerca de 10 minutos juntos e ele não levou nada e ainda me disse que era perigoso andar por ali.

Peguei o ônibus que me levaria a Queimados, um percurso de 40 minutos até a casa da minha mãe. Para lá, você tem de atravessar uma espécie de túnel, que chamamos de buraco. Quando estava entrando nele, um homem colocou uma arma nas minhas costas e disse: 'Perdeu'.

Fiquei com medo e ainda estava chorando pelo que tinha acontecido com a minha irmã. Quando virei para entregar a bolsa, o ladrão começou a me acalmar. Falou para eu segurar a bolsa e pediu que entregasse apenas o cigarro.

Eu estava tremendo, e ele pedindo para eu me acalmar. O ladrão tinha colocado uma arma nas minhas costas, como eu ia me acalmar? A situação não estava boa para mim naquele dia, eu precisava do meu cigarro. Fiquei brava, mas era melhor do que ser assaltada.

Chegando perto da casa da minha mãe, não consegui escapar do terceiro assalto. Estava quase em frente à casa quando dois moleques de bicicleta passaram e levaram minha bolsa. Comecei a gritar 'Ladrão! Ladrão!' e um homem de moto pediu para eu subir na garupa para irmos atrás deles. Eu subi.

Os moleques seguiram no sentido do centro de Queimados, mas quando perceberam que estávamos nos aproximando de moto, pularam o muro da linha do trem e nós os perdemos.

A bicicleta deles ficou pra trás, então peguei a bicicleta —afinal, eles tinham levado tudo o que eu tinha—, e fui para a casa da minha mãe. No caminho, vi uma viatura e expliquei tudo o que tinha acontecido. O policial pediu para eu entrar no carro, para darmos uma volta no centro e vermos se localizávamos os ladrões.

Deixei a bicicleta encostada em um poste e pedi para uma senhora que estava no bar cuidar para mim. Mas, que surpresa: quando voltei, tinham levado.

Um dos policiais era muito lindo. Andamos por quase meia hora pela cidade e não encontramos ninguém. Então, eles me trouxeram de volta para casa.

A essa altura, eu estava desesperada, tinha perdido tudo, minha bolsa, documentos, um papel do trabalho que não podia perder... Nem pensava mais no meu ex.

Minha mãe foi me receber no portão e eu nem conseguia explicar o que aconteceu. Foi o policial bonito que contou tudo para ela. Ele entrou, porque o turno de trabalho tinha acabado, tomou um café. E ainda me perguntou se poderia voltar mais tarde.

Deixei, claro. Ele voltou e ficamos umas duas horas conversando em frente ao portão. Acabamos ficando e tivemos um relacionamento de cerca de cinco meses. Um dia péssimo acabou de uma maneira completamente inesperada.

Traição e punhalada

Apesar de tudo, eu estava muito magoada. Minha irmã e meu ex esconderam a relação por mais de um ano. Até se eles tivessem me contado eu me sentiria traída. Tive um relacionamento de 12 anos com ele, era muita história. Me senti traída, apunhalada pelas costas.

Aliás, me sinto assim até hoje. Minha relação com minha irmã nunca mais voltou a ser o que era, não nos falamos mais. Eu, na verdade, cortei relação com boa parte da família —menos com a minha mãe. Todo mundo sabia. Não aceitei e não aceito as escolhas que minha irmã fez.

O casamento entre eles acabou não saindo. Eles terminaram cerca de três meses depois que descobri a relação."

*O nome completo foi omitido para preservar a identidade dos envolvidos

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