Saiba como a fisioterapia pélvica pode ajudar na gravidez, sexo e menopausa

Antes quase ninguém falava de fisioterapia pélvica e agora, repare, o assunto rola solto em perfis de especialistas nas redes sociais, grupos de gestantes, café com amigas. Mas, afinal, o que há por trás dessa técnica que vem chamando cada vez mais atenção?

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A fisioterapia pélvica não é só moda, é uma área da fisioterapia que tem demonstrado resultados significativos na melhoria da qualidade de vida, consciência corporal e educação sexual das mulheres. E não é exclusiva para gestantes, ela é indicada em diferentes fases da vida, da infância até a menopausa.Cibele Santoli, fisioterapeuta especializada em saúde da mulher

A essa altura você também pode querer ser apresentada ao tal do assoalho pélvico, termo que nem sempre é compreendido. Como o nome dá a dica, trata-se de uma espécie de 'piso' formado pela musculatura dentro da nossa pelve óssea, a famosa bacia, ali no quadril - sendo responsável pelo suporte dos órgãos do baixo ventre. "Ele forma uma redinha de sustentação das nossas vísceras pélvicas, sustentando a bexiga, o reto e o útero, com bebê ou não, mas fica clara a grande importância dele na gestação", pontua a fisioterapeuta pélvica Carla Campos.

É trabalho dele também a função de continência urinária e fecal, fechando o canal da uretra, do ânus e da vagina. "Quando está enfraquecido, o que é comum com o aumento do peso sobre a pelve, a gente pode ter a incontinência urinária, e a parte anal também comprometida. Além da sensação de frouxidão da vagina, queixa de algumas mulheres no pós-parto", explica Carla.

A verdade é que estamos falando de músculos como quaisquer outros do nosso corpo, e que ajudam tanto em funções básicas como ir ao banheiro, sentar e levantar até funções mais avançadas, como ter orgasmos e parir.

Quais os benefícios de fortalecer o assoalho pélvico?

Na gestação, é um divisor de águas. Antes de engravidar, estamos falando do preparo do corpo para a jornada do gestar, fortalecendo os músculos pélvicos e prevenindo queixas na gestação. Durante as 40 semanas, a fisioterapia pélvica alivia desconfortos, melhora a consciência corporal e ajuda no preparo para o parto, independente da via escolhida (ou seja, não é só para quem desejar parto normal ou natural).

Após a gestação, a prática auxilia na recuperação da força e da função dos músculos pélvicos, prevenindo incontinência urinária e fecal, e prolapsos (quando os músculos do assoalho pélvico ficam estirados ou enfraquecidos para manterem os órgãos pélvicos em sua posição correta).

Mas já dissemos que vai além da gravidez. Durante a infância e a adolescência, a fisioterapia pélvica ajuda no desenvolvimento adequado dos músculos da região, promovendo consciência corporal. Na idade adulta, a ideia é fortalecer esses mesmos músculos para prevenir problemas futuros e melhorar a saúde íntima. Já na menopausa, a prática contribui para a manutenção da saúde pélvica, aliviando sintomas comuns dessa fase da vida.

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Como dá para perceber, os objetivos e os exercícios são adaptados de acordo com cada fase da vida da mulher. Mas focando na gravidez, fizemos uma lista de como cada fase tem um foco:

  • Pré-gestação: fortalecimento, relaxamento muscular e consciência corporal;
  • Gestação: alívio de dores, preparação para o parto independente da escolha da via de parto, e exercícios de relaxamento e alongamento;
  • Pós-parto: recuperação muscular, prevenção de incontinência e prolapsos, além de melhoria na função sexual.

Se você malha perna, por que não malhar lá embaixo?

Com a avaliação e o acompanhamento corretos, há espaço para falar sobre diversas questões e focar no que é importante para você no momento
Com a avaliação e o acompanhamento corretos, há espaço para falar sobre diversas questões e focar no que é importante para você no momento Imagem: Getty Images

Ainda não se convenceu? Pense assim: se exercitamos os músculos da perna, dos braços, das costas e do abdômen na academia, por que não trabalhar músculos que são tão importantes para nossa saúde quanto os da pelve? A única diferença é que eles ficam escondidos. E que pouca gente te ensina a malhá-los.

O profissional apto a te orientar é o fisioterapeuta pélvico, e a boa notícia é que não é necessário um encaminhamento médico para começar os treinos. Diferentemente de outras especialidades da fisioterapia, também não há um protocolo fixo, como um número específico de sessões.

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"É essencial realizar uma avaliação detalhada, que inclui uma conversa para entender o histórico da paciente, uma avaliação postural e uma avaliação específica dos músculos do assoalho pélvico, semelhante a um exame ginecológico. Com base nessas informações, o fisioterapeuta pode desenvolver um plano de tratamento personalizado", explica a especialista Cibele Santoli.

Muitos exercícios podem ser realizados em casa, seguindo as orientações individualizadas da fisioterapeuta. Mas saiba que o acompanhamento contínuo é fundamental para garantir que os exercícios sejam executados de maneira correta, proporcionando melhores resultados para a paciente.

Algo interessante em ter o acompanhamento de uma fisioterapeuta pélvica é que muitas mulheres têm dúvidas íntimas que podem ser difíceis de discutir, devido à vergonha. Com essa profissional, o espaço para diálogo está garantido. Questões como incontinência urinária, dúvidas sobre menstruação, uso de coletores menstruais e dor durante a relação sexual, por exemplo, podem ser abordadas de maneira aberta e franca - e te ajudar muito.

Outra boa dose de incentivo para buscar a prática: os exercícios específicos levam mais sangue para a região vaginal e aumentam a lubrificação, muito bem-vinda no pós-parto (e na menopausa).

E lembre que estes exercícios, além de prevenir incontinências (urinária ou fecal), fortalecem a musculatura para o parto normal ou natural. "A gente prepara para o parto, o relaxamento na hora da expulsão, e os músculos para todas as fases do parto e pós-parto", conta a fisioterapeuta Carla Campos.

Não desanime se você já pariu e não fez fisioterapia pélvica: é possível começar a qualquer momento, inclusive logo após o parto, com técnicas adicionais para melhorar a recuperação - como o uso de laser para cicatrização em casos de cesáreas e lacerações, e tapping (uma fita adesiva especial) para proporcionar conforto pós-parto. Posteriormente, é possível começar a recuperação muscular.

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Só tenha em mente que é essencial realizar os exercícios com a liberação do seu obstetra (em casos de gestantes e puérperas) e só depois de uma avaliação prévia feita pela fisioterapeuta especializada (sim, na grande maioria são mulheres). Exercícios mal executados podem causar desconfortos futuros.

Que tal começar o treino agora?

Não está gestando e quer experimentar em casa? "Geralmente, indico iniciar com exercícios de mobilidade pélvica, que ajudam a melhorar a consciência corporal e a preparar os músculos de forma mais segura", sugere Cibele. Um exercício simples de mobilidade pélvica que pode ser feito:

Mobilização da pelve: Em pé, com os pés na largura dos ombros, coloque as mãos nos quadris. Lentamente, incline a pélvis para frente e para trás, como se estivesse desenhando um círculo com ela. Repita esse movimento de forma suave e controlada por 10 vezes em cada direção.

Além disso, exercícios de respiração consciente podem ajudar a integrar a respiração com os movimentos pélvicos, promovendo relaxamento e consciência corporal. Um exemplo simples de exercício de respiração consciente:

Respiração Diafragmática: Deite-se confortavelmente com as mãos sobre o abdômen. Inspire profundamente pelo nariz, fazendo com que o abdômen se expanda, e expire lentamente pela boca, deixando o abdômen se contrair. Repita por alguns minutos, concentrando-se em relaxar completamente o corpo a cada expiração.

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Segundo Cibele, esses exercícios ajudam a preparar o corpo de forma gradual e segura, sem riscos de tensões indevidas nos músculos pélvicos. Afinal, a fisioterapia pélvica é uma abordagem altamente personalizada, pois cada mulher pode apresentar necessidades e respostas variadas. A busca por informações detalhadas e a consulta especializada são passos essenciais para entender melhor as possibilidades e benefícios da prática.

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