Amigas, ex e pornô: 5 comparações sobre sexo você deve abandonar
Colaboração para Universa*
03/10/2024 19h00
A comparação é um dos hábitos mais tóxicos que podemos ter na vida, porque é difícil não usá-la como incentivo para melhorar em algo. Quando comparamos, de alguma forma sempre vamos nos ver em desvantagem. O mais comum é passar a acreditar que não faz algo tão bem ou direito. Em se tratando de sexo, comparar pode ser fatal. Se você tem essa mania, trate de repensá-la agora mesmo para não prejudicar sua vida sexual.
1. O que acontece nos filmes X O que acontece na vida real
Cenários estrategicamente elaborados, artistas com corpos sarados, trilha sonora excitante e transas coreografadas após muito ensaio costumam resultar em cenas quentes que deixam o público babando e com vontade de fazer igual. Os truques dos filmes e vídeos pornôs mexem ainda mais com a imaginação de quem os assiste: não é raro encontrar pessoas que acreditam que todo homem lança litros de esperma ou que as mulheres se rendem ao sexo anal com tanta facilidade que não demora muito para atingirem o orgasmo. A perfeição e altíssima voltagem erótica dessas sequências não deve servir como parâmetro. Podem, é claro, inspirar e aguçar a fantasia e a libido, mas o ideal é que as pessoas entendam que o sexo na vida real, embora não tão aprimorado, é bem melhor justamente por não ser simulado e envolver gente, fluidos, sussurros e sensações verdadeiras. Pouca experiência, insegurança e dúvidas em relação à autoimagem podem conduzir a uma competitividade tóxica, na qual quem está de fora do rolê cinematográfico leva sempre a pior. Dica: não há mal nenhum em usar essas imagens para se excitar, mas liberte-se da mania de usá-las como parâmetro para sua vida sexual.
2. O que aprendeu que uma mulher deve ou pode fazer X o que você quer realmente fazer
Educação severa durante a infância, crenças limitantes sobre papéis de gênero impostas pela família ou pela escola e a sugestão, muitas vezes pouco sutil, dada pela sociedade de como uma mulher deve se comportar são ranços de uma cultura patriarcal e machista que ainda impede diversas mulheres de viverem sua sexualidade plenamente. Até mesmo aquelas que, na idade adulta, se libertam das amarras de conduta ao qual foram aprisionadas volta e meia se sentem culpadas ou inadequadas ao alimentar uma determinada fantasias ou desejar um certo tipo de prática (a masturbação costuma ocupar o topo dessa lista). É importante ter em mente que a forma com a qual muitas mulheres foram e ainda são criadas não tem como prioridade a felicidade ou prazer femininos, mas sim no papel que ainda acham que elas devem cumprir em casa e na sociedade. Parar de comparar o que você aprendeu com o que você realmente quer é fundamental para se libertar de tabus e desfrutar de uma sexualidade mais prazerosa.
3. Histórias das amigas X As próprias histórias
Assim como as pessoas são diferentes umas das outras, as experiências e as percepções a respeito delas também têm suas distinções. O que uma amiga fez na cama e seu super certo para ela pode não surtir o mesmo efeito para a relação que você tem com seu parceiro. É claro que você pode ouvir uma ou outra dica, mas evite transformar em referência as vivências e os conhecimentos de suas colegas e sofrer com comparações inúteis. Em vez de gastar energia com isso, procure buscar o seu jeito próprio de se relacionar e proporcionar e obter prazer. Cada pessoa sente as coisas de uma maneira peculiar, por isso nem sempre tentar copiar algo dá certo. Aposte no autoconhecimento e deixe a ansiedade do lado de fora do quarto para curtir melhor o momento com o par. E mais: há quem exagere, edite e até minta a respeito de sexo. Responda: você compartilha tudo - tudinho mesmo - com outros sobre suas transas? Pois é. Então, filtre o que escuta e nada de se lançar em comparações bobas.
4. Performance do passado X performance atual
É muito fácil se render à armadilha de comparar a performance do passado com a atual, principalmente quando a mulher atravessa a fase do climatério ou está na menopausa. As alterações hormonais, que provocam sintomas como ressecamento vaginal e diminuição da libido, podem modificar também o desejo e o modo como a mulher encara o sexo. Uma consulta com o ginecologista para checar quais os tratamentos e recursos disponíveis pode ajudar a encarar essa etapa com mais tranquilidade e menos ansiedade. Outro contratempo comum é as mulheres compararem o corpo de agora com o de antigamente, com desvantagem para o atual, e acreditarem que as mudanças físicas do tempo influenciam no desempenho na cama. Até podem interferir, mas por conta da sua ansiedade e da dificuldade de relaxar e se entregar. Sexo gostoso não tem nada a ver com corpo em forma ou idade. Lembre-se: com a maturidade vem a experiência, uma maior apropriação de vontades e desejos e o conhecimento do que funciona ou não para sentir prazer. Usar essa sabedoria para focar no momento presente é a dica!
5. Ex-parceiros x parceiro atual
Fazer comparações entre atual e ex - mesmo que seja apenas nos seus pensamentos - é um caminho rápido para criar conflitos e até dar o ponto de partida para o fim do relacionamento. Se você está com alguém e quer fazer o romance vingar, que tal investir sua energia em saber quem é essa pessoa e como podem funcionar na cama? Ficar refém de comparações com gente do passado só vai gerar frustração e emperrar sua vida. Cada relação é única, inclusive com a mesma pessoa de sempre, e cada orgasmo também é único. Mesmo que as coisas ainda não estejam engrenando e o par não tenha descoberto como agradá-la, dê uma chance. Converse, sinalize o que gosta, mostre onde e como gosta de ser tocada. Com diálogo, o vínculo se fortalece e a intimidade cresce.
Fontes: Andreia Fiamoncini, psicóloga e terapeuta sexual; Poema Ribeiro, psicoterapeuta e sexóloga; Rosely Salino, psicóloga, sexóloga e terapeuta de casal; e Vanessa de Oliveira, sex coach e palestrante
*Com matéria publicada em 28/01/2020