Fióti: 'Já escondi meu choro, hoje digo que o choro é livre'
Fióti é um homem que não tem vergonha de chorar. Por muito tempo, ele diz que enxergou a sensibilidade como uma fraqueza. Há cerca de dez anos, porém, mudou sua visão: "Eu percebi cedo, uns dez anos atrás — deveria ter sido mais cedo — que tinha passado muitos anos escondendo minha sensibilidade", contou em participação no "Acessíveis", videocast de Titi Muller e Marimoon, na terça-feira (1º).
"Ao passo que começo a liderar, vejo que [a sensibilidade] é um grande valor meu. Eu vi muitas pessoas chorando em ambiente de trabalho escondendo, inclusive eu, e eu não quis mais esconder", diz ele, que é cofundador da gravadora e hub de entretenimento Laboratório Fantasma.
Hoje, eu falo na empresa que o choro é livre. Fióti
Para o artista, a saúde mental vive uma "epidemia silenciosa", que atinge especialmente a população negra, principalmente pela falta de políticas de saúde pública e "dessa nossa pouca capacidade de reconhecer isso como uma questão de saúde dentro dos ciclos em que a gente está".
Fióti trabalhou no McDonald's para ajudar em casa: '1º salário foi R$ 48'
O contato de Evandro Roque de Oliveira com a música começou cedo. Fióti, como ele é mais conhecido, começou a fazer aula de violão quando ainda era criança. Aos 14, teve uma oportunidade que define como "uma carta pra colocar na mesa": tocou com Gilberto Gil.
Na época, ele participava de um projeto musical gratuito para crianças e adolescentes, mas precisou se afastar temporariamente da música quando sua família enfrentou uma crise financeira. Para ajudar os pais, foi pedreiro e trabalhou por cerca de três anos no McDonald's.
"Quando estava fazendo aula de violão, a gente passou por uma questão financeira grave. Meu padrasto foi desligado, minha mãe acabou tendo que se aposentar", relembrou o cantor.
"Embora minha mãe me incentivasse a continuar estudando música, a situação em que minha família estava era um desconforto muito grande pra mim e eu via o quanto ela sofria pra conseguir seis reais pra eu conseguir ir e voltar e fazer o curso e pra ir à escola".
Comecei a ficar muito angustiado com aquilo e, como tinha um curso de administração, entrei em fastfood. Meu primeiro salário foi 48 reais, fiquei lá por três anos e pouco, sempre querendo voltar pra música. Acabei até subindo como gerente. Fióti
"Hoje tenho maior orgulho, porque vou [ao McDonald's] e como de graça", brincou Fióti.
Trajetória de empreendedorismo na Lab Fantasma
Quando Fióti termina um álbum, seus amigos são as primeiras pessoas que escutam o trabalho do artista. "Mostro sempre de três a cinco pessoas, tenho uma rede de amigos incríveis, maravilhosos, e também pra alguns artistas com quem tenho proximidade", disse ele.
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Quero receberO cantor e compositor também é CEO e cofundador da gravadora e hub de entretenimento Laboratório Fantasma, que também é uma marca de roupa e editora.
O trabalho com artistas majoritariamente negros no empreendimento é um dos maiores motivos de orgulho do artista: "É sempre um lugar de cura, um lugar que a gente cria e consegue projetar nosso ideal".
De John Coltrane a Matuê e jazz para dormir
Marimoon e Titi Muller também exploraram o Spotify de Fióti para descobrir suas influências, podcasts e buscas mais recentes, que incluem playlists como "jazz para dormir" e "pagoderia".
O gosto musical do compositor vai de Baiana System a Matheus & Kauan. Fióti também comentou o lineup de festivais brasileiros e a representação negra neles: "[Ver show] é um dos meus hobbies favoritos, adoro".
'Acessíveis' no UOL
Toda terça, MariMoon e Titi Müller recebem convidados para um papo que vai de histórias de bastidores ao apocalipse climático, passando por tópicos como maternidade, redes sociais, relacionamento e cultura pop. Os episódios completos ficam disponíveis no Canal UOL e no Youtube de Universa. Assista ao episódio completo com Fióti:
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