Viih Tube: 'Não me sinto linda, não adoro barrigão e transar grávida é uó'

Na reta final da segunda gravidez, a youtuber, atriz, influenciadora digital, empresária e escritora Viih Tube fala a Universa sobre transformações físicas e emocionais, desafios da maternidade e autodescoberta como mulher.

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Cheguei ao limite

Quando a Lua nasceu, vieram muitas inseguranças e um forte sentimento de culpa. Eu exalava medo.

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Imagem: ArteUOL

A amamentação foi o estopim nesse quesito de culpa e cheguei ao limite. Fiz coisas malucas para não parar de produzir leite e hoje vejo que isso foi influenciado pela culpa e pela preocupação com o que as pessoas iam pensar.

Precisei usar um relactador, que é um potinho que você põe no seio com uma sondinha na boquinha da criança. Mas acreditava que a amamentação exclusiva só era válida através do aleitamento materno direto, e fiquei doente.

Tomei remédios para surto psicótico com o objetivo de continuar produzindo leite, mas sempre sob acompanhamento médico, sem colocar a Lua em risco. Claro, há um limite de dias para o uso desses remédios. Hoje, vejo o absurdo do que fiz.

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Isso não significa que não vai doer, ou que não haverá caos no início, mas esse caos não deve se prolongar por tanto tempo.

É bom você não se reconhecer mesmo

Eu e minha mãe somos carne e unha, e sempre quis ser mãe para passar adiante o que ela me ensinou, continuar a nossa família. Mas, quando me tornei mãe, entrei em desespero e tive baby blues. Estava triste comigo mesma, sem que isso tivesse a ver com a Lua. Perdi minha individualidade e tinha muito medo de não poder ser mais eu; não sabia mais quem eu era ou que roupa usar. Fiquei assustada porque não me reconhecia.

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Imagem: Micaela Wernicke/UOL

Depois, entendi que é bom você não se reconhecer mesmo, porque não se deve esperar ser a mesma pessoa depois de uma experiência como a maternidade.
É para você amadurecer e aprender coisas que vão agregar para o resto da vida. Mas até você entender tudo isso é um trabalho árduo.

Eu achava que precisava ser a mesma pessoa, e muitas mulheres sofrem no puerpério justamente por isso — ficam querendo voltar com o mesmo corpo, sair com os mesmos amigos, ser como eram antes.

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Em algum momento, a ficha cai. O principal fator é o tempo. Aos poucos, fui deixando o tempo me curar, relaxando e entendendo que não era o fim do mundo.
Acredito que com o Ravi será diferente, mais leve. Não há mais tanto medo, porque não ficaram pontas soltas.

Seu corpo também não será o mesmo

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Imagem: Micaela Wernicke/UOL
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A mudança do meu corpo também me assustou muito. Eu tinha 56 kg e fui para 82 kg. É muita coisa, ainda mais para alguém baixinha como eu, que tenho 1,58m.

Eu olhava e me perguntava o que tinha acontecido. Eu comia certinho, sempre cuidei da minha saúde. Porém, uma coisa é ter um bebê na barriga; quando ele nasce, é com você.

Eu não queria deixar como estava, mas também não era o momento de me preocupar tanto com isso. Tinha uma criança pequena, estava exausta e com muita fome por conta da amamentação. Fui aos poucos. E quando finalmente comecei a gostar do meu corpo, engravidei de novo, do jeitinho que a gente planejou.

Eu não me sinto linda grávida, embora goste de sentir o bebê mexer, tenha um carinho pelo ninho que a minha barriga significa para ele. Mas falar que estou adorando o barrigão, não.

Transar grávida, então, é uó. Não sei como as grávidas gostam de transar. Às vezes eu tenho tesão, libido, mas nunca vai ser a mesma coisa. É um desconforto e dá uma insegurança, e é normal esse processo.

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Não existe isso de voltar tudo como era, e não tem que voltar depois dessa nova experiência que é a gestação e a maternidade. É encarar como uma nova vida mesmo.

Hoje, gosto das cicatrizes e as estrias não me abalam. Tem coisas que me incomodam como a flacidez, o quadril mais quadrado, a auréola que escureceu muito, mas eu me apeguei nas coisas que não me incomodaram pra realmente não ficar louca.

Existem muitas mulheres que não fazem nada e em 15 dias voltam ao corpo normal, mas a maioria não consegue. Por isso, não gosto de ver o pós-parto de alguém que fica magro muito rápido porque causa ansiedade. A gente precisa filtrar o que é saudável e nos cobrar menos.

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Imagem: Micaela Wernicke/UOL

Minha virada de chave foi quando cortei o cabelo, dois meses após o parto. Tinha levado ao extremo essa ideia de esquecer de mim, e cortar o cabelo foi a primeira coisa que fiz por mim mesma em dois meses.

Postei um vídeo chorando ao me ver no espelho. Acho que o choro foi mais de alívio, de liberdade, um lembrete de que não precisava ser tão extremista. Precisava parar de pensar só na criança e me lembrar de que ainda havia uma luz no fim do túnel.

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Amo a maternidade

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Imagem: Micaela Wernicke/UOL

Entendo as mães que dizem amar seus filhos, mas não gostarem da maternidade. Mas não é algo que eu diria. Eu amo ser mãe e gosto da maternidade. Amo a rotina com a criança — dar comida, o banho, e ter a responsabilidade da criação. Amo o propósito que isso me dá, o de educar e cuidar. Isso não me assusta.

Hoje, nem consigo me lembrar de como era minha vida antes. Achava que era feliz, mas agora minha vida faz sentido. Levanto da cama com muito mais energia para trabalhar, porque sei que é também pelos meus filhos.

Me sinto mais leve, mais capaz de discernir onde minha energia merece ser gasta.

Agora, eu sou uma mulher

Quando a Lua nasceu, ainda não me via como uma mulher. Me via como uma menina que, até pouco tempo atrás, só ia a festinhas e não ligava muito para trabalho.

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Comecei a me sentir mulher não só com a maternidade, mas quando minha vida como um todo mudou. Saí de uma agência e montei meu próprio time. Criei a Baby Tube, minha marca infantil, e quando percebi quantas pessoas dependem de mim, pensei: "Caramba, eu não sou mais uma menina. Agora sou uma mulher."

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Imagem: ArteUOL

Estou muito feliz e realizada com minha empresa, meu livro, meus filmes. São muitas realizações que, independente da maternidade, me fazem sentir orgulho como mulher. Já não consigo pensar em vitória sozinha. Sempre será com Eli [Eliezer, marido]. Acho que isso é casamento: ver a vida como um só, mas respeitar nossa individualidade.

Se você conhece uma mãe em puerpério, muitas vezes ela não vai pedir ajuda, mas provavelmente precisa. Não adianta só fazer uma visitinha com um chocolate, deixar um vírus e ir embora. Pergunte o que ela realmente está precisando, porque, nesse momento, a mãe não sabe pedir ajuda.

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Imagem: Micaela Wernicke/UOL

A maternidade é tudo de bom. Pode demorar um pouco para você perceber, mas vai passar, e você vai se adaptar à rotina que cabe à sua realidade.

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