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Chupão, lambida, 69? O que a Geração Z acha 'cringe' no sexo

Lambida na orelha? Nem pensar! Imagem: Canva

De Universa*

12/10/2024 19h00

Talvez você já esteja de saco cheio do termo "cringe", mas uma coisa é fato: a Geração Z (pessoas nascidas entre 1996 e 2003) está redefinindo padrões de comportamento - inclusive no sexo.

Para começar, eles ligam menos para o assunto. Os jovens estão transando cada vez menos — e esse é um fenômeno mundial. De acordo com uma pesquisa publicada em janeiro de 2021 pela Universidade de Rutgers, nos Estados Unidos, americanos de 18 a 23 anos estavam fazendo 14% menos "sexo casual" se comparados aos millennials (geração nascida entre 1980 e 1995).

Aqui no Brasil, uma pesquisa feita em 2019 pelo Instituto Datafolha com 1.800 homens, identificou que 24% dos jovens de 18 a 24 anos não tinham tido relações sexuais nos últimos dois anos.

Transar menos não significa gozar menos

Para entender a relação dos mais jovens com sua vida sexual é importante também analisar como o papel do sexo mudou de geração para geração. Os Boomers viam o sexo como um ato de autonomia, os X encaram como ostentação e performance, e os Millennials trazem propósito para dentro da relação sexual, as pessoas passam a transar com pautas, ideais.

Há uma mudança significativa entre os homens já que, com o empoderamento feminino, ficaram perdidos com as mulheres conquistando a liberdade sexual e exigindo prazer. Eles, então, preferem procurar satisfação sexual por conta própria. Como esta é uma geração mais pragmática e ainda mais marcada pelo individualismo, a ideia de ter uma relação sexual pode não fazer sentido.

Em resumo, jovens zennials fazem menos sexo, mas fazem e, para eles, algumas atitudes e comportamentos na "hora H" estão tão fora de moda quanto a calça jeans skinny.

Chupão? OH-NO!

A estudante catarinense Inara, de 22 anos, começou a vida sexual aos 18, dois anos depois de dar o primeiro beijo. Hoje namora um parceiro que conheceu no Tinder há 1 ano e 4 meses. Ela lista quais atitudes acha ultrapassadas no sexo: "69 é superestimado demais, acho uma posição desconfortável pra caramba. Lambida na orelha? Cringe demais! Me broxa completamente". Além disso, Inara também cita o "chupão" como um costume "cringe" na hora H.

E por que o chupão está fora de moda? Bom, pode-se dizer que ele está relacionado a uma cultura tóxica de masculinidade que está ficando ultrapassada. É como se o homem precisasse provar, marcar, delimitar a parceira - até no sexo.

Como a maioria dos colegas de sua geração Inara, apesar de estar em um relacionamento sério, transa cerca de duas vezes por mês com o namorado, que mora em outra cidade. "Antes de namorar, a frequência era ainda menor, no máximo uma vez por mês. Tenho muitas amigas que, após experiências sexuais frustradas, decidiram parar de transar. Eu mesma já fiquei 8 meses sem ter relações", comenta.

Nudes, pornografia, celulares: como a tecnologia interfere no sexo Z

Em uma pesquisa feita com exclusividade para Universa pelo site de encontros SexLog, 3.737 pessoas falaram sobre sexualidade. As respostas dos millennials e dos zennials foram parecidas na maioria das questões, tirando, justamente, a relacionada à frequência sexual — houve uma diferença de 10% no percentual de jovens que afirmam transar de 1 a duas vezes por semana: 79,5% millennials responderam que transam uma vez por semana, versus 68,1% dos zennials. Vale ressaltar que o levantamento foi feito com usuários de uma plataforma online de sexo, ou seja, o estudo foi feito com jovens que têm, sim, a vida sexual ativa.

A baixa libido dos jovens pode estar relacionada ao fato de eles receberem muitos estímulos sensoriais exacerbados, como vídeos, séries e também pornografia. Com isso, têm dificuldade de se concentrar na cama.

Ou seja, a tecnologia impacta diretamente na vida sexual dos zennials. Afinal, é uma geração que nasceu com acesso total ao celular e a internet o que facilita o acesso a informação mas dificulta o exercício de imaginação. Eles não precisam se esforçar, não precisam ir encontrar alguém fisicamente, já que podem receber uma foto nua direto no celular. Ao contrário das outras gerações, que achavam que masturbação era um sexo piorado, para eles se masturbar é normal.

A zenial Inara foi impactada pela pornografia desde cedo e diz que, para ela, isso teve um efeito negativo em sua sexualidade. "Durante muito tempo, achava que só conseguiria gozar se seguisse o que rolava nos filmes pornôs, depois consegui entender meu corpo e sentir prazer", explica.

Hoje, Inara trabalha como estagiária de uma plataforma de empoderamento sexual feminino e afirma que entendeu que transar pouco não significa gozar menos. Não é que os zennials abandonaram o sexo, eles apenas ressignificaram o que é o ato sexual.

Fontes: Cláudia Renzi, sexóloga ; Michel Alcofarad, antropólogo e pesquisador

*Com matéria publicada em 06/07/2021

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