Simular sexo casual pode ser bom para esquentar as relações longas
Colaboração para Universa*
15/10/2024 19h00
Conforme os anos passam, é comum que os casais comecem a sentir que as coisas andam meio mornas, especialmente na cama. O estado de paixão inicial, que, segundo cientistas, dura cerca de dois anos, se aquieta e cede espaço para sentimentos mais calmos e tranquilos. Afinal de contas, é preciso pagar boletos, trabalhar, criar os filhos, lidar com as famílias e tantas outras atividades do dia a dia. Se vivêssemos em estado permanente de encantamento pelo par, como encarar as demandas cotidianas?
A libido, porém, exige constante investimento. E, por mais paradoxal que seja, é justamente quando tudo parece chato e repetitivo que homens e mulheres podem se divertir de verdade na cama.
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As pessoas têm a sensação de que o início era muito legal porque a resposta hormonal agia com rapidez. Hormônios ligados ao circuito da recompensa no cérebro, como dopamina, serotonina e adrenalina, entram em plena ebulição. Tudo é novidade, ou melhor, o próprio parceiro é a novidade.
Quando todo esse entusiasmo esfria, e os dois permanecem juntos, é sinal de que a relação foi elevada a outro nível. E a coisa pode ficar muito divertida quando o relacionamento está mais firme. Esta é a fase ideal para procurar novidades.
Sexo casual pode ser uma boa ideia
Uma ideia que pode dar muito certo é recuperar ou simular o entusiasmo do sexo casual. A proposta é eliminar um pouco do romantismo rotineiro e apostar em algo com mais pegada e atitude: posições, fantasias, ambientes e por aí vai.
O romantismo e o sexo tipo "amorzinho" ajudam muito no início de uma relação para criar intimidade e fortalecer o vínculo. Porém, a transa movida por puro tesão e com altas doses de sacanagem é necessária para animar a sexualidade e estimular a libido. Para isso, no entanto, pode ser que um casal que esteja junto há muito tempo precise reabastecer o repertório. Como? Lendo contas eróticos, buscando novidades na internet, experimentando sex toys. É necessário mudar a chavinha da cabeça para um modo mais ousado.
Forjar o esquema do sexo casual pode ficar ainda mais excitante se homens e mulheres fingirem ser outras pessoas: se paquerando em um bar, por exemplo, ou incorporando personas na cama. É mais fácil entrar na fantasia através de personagens. Criar uma espécie de alter ego, se for o caso, ajuda a se expor mais e a abrir o jogo sobre desejos.
Masturbação como aliada
Principalmente para as mulheres, a masturbação é um ótimo exercício para identificar melhor quais são esses desejos e fantasias. Ao se masturbar e fantasiar sozinha é possível entrar em contato de verdade com suas vontades e necessidades e achar caminhos para alcançar esses prazeres com o parceiro.
Voltar a trocar mensagens provocantes é outra maneira de resgatar a memória do tesão intenso do início de namoro. É uma atitude que colabora para quebrar a rotina, principalmente porque mexe com o imaginário e ainda ajuda a despertar um grande interesse naquilo que é proposto.
A brincadeira do sexo casual é uma ótima ideia, desde que praticada eventualmente. Se ela se torna algo constante, pode virar um problema no futuro. Um dos riscos é o casal passar a se apoiar exclusivamente nessa situação para se excitar e continuar junto. No sexo casual de verdade não há dia seguinte, mas quem usa essa tática para melhorar as coisas na cama vai ter de encarar a convivência e o dia a dia.
Aventure-se
E é bom ter em mente: até mesmo a brincadeira pode perder a graça com a repetição. O ideal, portanto, é que o casal converse e busque incorporar novidades em sua rotina. Rapidinhas e/ou transas em situações mais aventureiras podem valer a pena.
Às vezes, só de transar com a janela aberta e imaginar que alguém está vendo tudo já incita a imaginação e a injeta a dose de adrenalina necessária. Outra proposta interessante para incrementar as transas —e que não tem necessariamente a ver com sexo— é partir para uma aventura juntos, como experimentar um esporte radical. A sensação de 'estamos juntos nessa' é bem afrodisíaca", diz ela.
Fonte: Carla Cecarello, psicóloga, sexóloga consultora do site C-Date e fundadora da ABS (Associação Brasileira de Sexualidade); Ricardo Desidério da Silva, docente do Mestrado em Educação Sexual da Unesp/Araraquara; e Tatiana Presser, psicóloga, sexóloga e autora do livro "Vem Transar Comigo" (Ed. Rocco)
*Com matéria publicada em 12/06/2019