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Bullying entre mulheres no trabalho fere saúde mental tanto quanto abusos

Sem sororidade, este tipo de violência prejudica a representatividade de mulheres no mercado de trabalho Imagem: iStock Images

Colaboração para Universa*

24/10/2024 05h30

Você já ouviu falar em "wollying"? Esta forma de bullying praticada por mulheres contra outras mulheres é uma forma de violência complexa que afeta relações pessoais e a saúde mental, mas tem consequências mais amplas no ambiente profissional — já que resulta na perda de representatividade e oportunidades na esfera corporativa.

O termo é uma combinação de duas palavras em inglês: "woman" (mulher) e "bullying" (intimidação). Este tipo de violência, muitas vezes, é inconsciente, fruto de séculos de rivalidade alimentada pela opressão de um mercado de trabalho e uma sociedade patriarcais, que favorecem os homens.

Segundo especialistas, o bullying entre mulheres pode ter consequências similares a violências psicológicas de relacionamentos abusivos.

A empreendedora e escritora Katia Teixeira, que acaba de lançar em Paris dois livros sobre o assunto — a coletânea "Quais de mim você procura?" com 50 relatos reais de mulheres que viveram este tipo de agressão e o livro solo "Wollying: Que Negócio é Esse, Mulher?" com a contribuição de psicólogos e cientistas sociais — aponta que o "wollying" pode levar desde a exclusão social até depressão severa e, em casos extremos, ao suicídio.

Mulheres que praticam wollying nem sempre percebem, mas acabam ajudando a promover apenas homens no ambiente de trabalho, segundo Katia em entrevista à RFI, e, por consequência, estreita as oportunidades para mulheres no mercado.

A própria mulher não promove outra mulher. Se ela tiver que promover, às vezes, escolhe um homem com menos habilidades. Isso acontece muito no mundo corporativo de forma efetiva.

Além disso, a prática perpetua desigualdades, já que quanto menos mulheres em uma determinada área ou escalão, menores as chances de outras alcançarem posições de liderança. "Não existe mais motivos para que uma mulher não apoie outra mulher", opinou a autora.

Fim das amizades femininas?

Homens casados tendem a ser mais felizes, enquanto mulheres encontram maior felicidade no grupo de amigas, apontou pesquisa da Universidade Harvard. Esta constatação torna o "wollying" ainda mais grave, de acordo com Kátia, porque a prática elimina um importante sistema de apoio psicológico da mulher.

"Se a amizade entre mulheres é uma fonte de felicidade, o que acontece quando uma mulher prejudica outra?", questionou.

"Muitas preferem negar que isso ocorre em seus espaços. Precisamos conceituar de forma correta para expandir a consciência das pessoas. Somente assim poderemos enfrentar o wollying e criar um ambiente de apoio mútuo entre as mulheres", afirmou a especialista.

Sinais do wollying

  • Exclusão do convívio social ou programas combinados para o grupo
  • Comentários depreciativos
  • Criação de "grupinhos" que isolam ou desvalorizam mulheres que pensam ou agem de forma diferente
  • Intencionalidade em descreditar a mulher em questão, tornando opinião, caráter ou aparência dela "inferior".

*Com informações da RFI

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